Pesquisar
Pesquisar

Boric recorre à ONU para mediar reparação histórica do Estado chileno a povos indígenas

Impulsionaremos parlamentos territoriais que reconheçam as autoridades e instituições próprias, respeitando protocolos indígenas, disse o presidente
Aldo Anfossi
Diálogos do Sul Global
Santiago

Tradução:

O presidente do Chile, Gabriel Boric, anunciou nesta quarta-feira (1) que solicitou ao secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, a mediação dessa organização para facilitar o processo de diálogo que conduza à reparação da dívida histórica do Estado com os povos originários, principalmente com os mapuche.

“O único caminho para iniciar a superação dos conflitos é gerar acordos que respondam adequadamente às dívidas históricas do Estado com os povos indígenas. Impulsionaremos parlamentos territoriais que reconheçam as autoridades e instituições próprias, respeitando protocolos indígenas e seguindo padrões internacionais com o acompanhamento do sistema das Nações Unidas”, disse Boric ao falar ao Congresso Nacional, em sua primeira prestação de contas pública a pouco menos de três meses de haver assumido o cargo, um discurso que foi sobretudo um reconto de desafios e um roteiro. 

“Sabemos que a restituição das terras é uma das demandas mais sentidas pelos povos indígenas. (…) Estamos elaborando, com responsabilidade, uma proposta que nos permita resolver esta situação e que envolva todos os atores da zona”, afirmou.

Impulsionaremos parlamentos territoriais que reconheçam as autoridades e instituições próprias, respeitando protocolos indígenas, disse o presidente

Carpintero Libre – Flickr

"Sabemos que a restituição das terras é uma das demandas mais sentidas pelos povos indígenas", declarou Boric

Teve palavras e compromissos com outros povos originiários, entre eles os Rapa Nui, os Aymara e os Kawésqar, comprometendo-se a criar o Ministério de Povos Indígenas.

Ao fazer referência aos parlamentos que houve na metade do século 19 entre a nação mapuche e o nascente Estado do Chile, disse que esse antecedente “pode guiar nosso novo esforço por lograr um entendimento profundo entre a República e os povos que a habitam, e não descansarei em esforços para avançar por este caminho”. 

Mas admitiu que “existe uma legítima desconfiança” depois de séculos de despojo e marginalidade, pelo que “devemos ser conscientes de que este entendimento tomará tempo”, agregando que a forma de resolver o conflito é “o diálogo, a observância da lei, o respeito bidirecional e o Estado de Direito que como Presidente tenho o dever de fazer valer”. 

Chile: Para superar onda de conflitos, Boric anuncia reparação histórica a povos indígenas

Em outros aspectos de seu discurso, e reconhecendo a crise de segurança pública e a onda delitiva pela qual passa o Chile, comprometeu-se com o pronto anúncio de uma Política Nacional Contra o Crime Organizado que incluirá legislação para aumentar a efetividade da perseguição penal, um plano para o controle e fiscalização do comércio ilícito e de rua, um projeto de lei para modernizar a inteligência do Estado e outro para a proibição total de posse de armas em mãos de particulares. 

Disse que haverá “uma reforma integral do sistema de saúde” para o que “apresentaremos um projeto de lei que criará um Fundo Universal de Saúde”, com o objetivo de gerar maior equidade no acesso a serviços, melhor atendimento, aumentar a solidariedade no financiamento do sistema e reduzir o gasto das famílias. 

Reconheceu a “emergência habitacional” existente, com um déficit estimado de pelo menos 700 mil moradias, que começará a ser enfrentado com a construção de 65 mil casas dignas anuais, para chegar a 260 mil moradias entregues nos quatro anos de seu governo.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

Assista na TV Diálogos do Sul


Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.

A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.

Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:

  • PIX CNPJ: 58.726.829/0001-56 

  • Cartão de crédito no Catarse: acesse aqui
  • Boletoacesse aqui
  • Assinatura pelo Paypalacesse aqui
  • Transferência bancária
    Nova Sociedade
    Banco Itaú
    Agência – 0713
    Conta Corrente – 24192-5
    CNPJ: 58726829/0001-56

       Por favor, enviar o comprovante para o e-mail: assinaturas@websul.org.br 


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Aldo Anfossi

LEIA tAMBÉM

Destruição de direitos sob Milei entrega bairros argentinos às mãos do narcotráfico
Destruição de direitos sob Milei entrega bairros argentinos às mãos do narcotráfico
Abuso sexual e recrutamento forçado violência rouba infâncias no Haiti
Abuso sexual e recrutamento forçado: violência rouba infâncias no Haiti
Novo presidente temporário no Haiti entenda os desafios de Fritz Alphonse Jean
Novo presidente temporário no Haiti: entenda os desafios de Fritz Alphonse Jean
Para enfrentar crime organizado no Equador, Noboa contrata mercenário dos EUA ligado a massacres
Para enfrentar crime organizado no Equador, Noboa contrata mercenário dos EUA ligado a massacres