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Lula: “Bolsonaro representa peça importante na extrema-direita fascista e nazista mundial”

Ex-presidente discursou no Parlamento Europeu onde denunciou “tragédia social, econômica, ambiental e sanitária sem precedentes” no Brasil da extrema-direita
Redação Diálogos do Sul
Diálogos do Sul
São Paulo (SP)

Tradução:

Na Europa desde a semana passada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou nesta segunda-feira (15) no Parlamento Europeu, onde, além de afirmar que as forças progressistas e social-democratas do mundo precisam se unir, também evidenciou seu pensamento sobre Jair Bolsonaro alguns momentos antes, durante entrevista coletiva:

“Bolsonaro é uma cópia mal feita de [Donald] Trump. (…) Ele representa hoje uma peça importante na extrema-direita fascista e nazista mundial. O Brasil não merecia passar pelo que está passando”.

No evento organizado pela Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D), grupo que reúne eurodeputados social-democratas e controla a segunda maior bancada da Casa, o petista reforçou a importância de preservar o meio ambiente, em especial a Amazônia e, diferente de Bolsonaro — que cumpre uma agenda em Dubai —, descreveu o real quadro de penúria econômica e social no Brasil.

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“O Brasil vive hoje uma tragédia social, econômica, ambiental e sanitária sem precedentes”, disse. “Vocês podem imaginar o quanto dói participar de grandes eventos internacionais como este e ter que declarar o quanto o Brasil andou para trás desde o golpe de 2016 contra a presidente Dilma Rousseff e a chegada da extrema-direita ao poder?”, questionou.

Ex-presidente discursou no Parlamento Europeu onde denunciou “tragédia social, econômica, ambiental e sanitária sem precedentes” no Brasil da extrema-direita

Ricardo Stuckert
Ex-presidente Lula em discurso no Parlamento Europeu: “O Brasil tem jeito!"

Em sua fala, Lula lamentou as mortes de mais de 610 mil brasileiros, que poderiam ter sido evitadas,“caso houvesse por parte do atual governo o interesse em combater com seriedade o coronavírus”.

O ex-presidente ainda enfatizou um Brasil que, em 2014 saía do Mapa da Fome da ONU pela primeira vez na história, porém hoje “copia o que o neoliberalismo trouxe de pior ao mundo: alta concentração de renda, baixa geração de empregos, destruição de direitos trabalhistas, desmonte das políticas sociais, ausência do Estado, abandono dos mais pobres à própria sorte”.

E evidencia que quem acompanha o noticiário sobre o país tem todos os motivos para estar pessimista. Apesar de tudo, ele reitera: “o Brasil tem jeito. Porque ele é muito maior do que qualquer um que tente destruí-lo!”

“O Brasil tem jeito, apesar dos 19 milhões de brasileiros que passam fome. Apesar dos 19 milhões de desempregados e desalentados, que já desistiram de procurar um novo emprego. Apesar dos ataques constantes contra a população negra e indígena. Apesar do avanço da destruição do meio ambiente, inclusive na Amazônia.”

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Mas, apesar do otimismo, o brasileiro lembra a necessidade de recursos financeiros para contornar a crise que atingiu não só o nosso país, mas todo o mundo, após a descoberta do coronavírus.

“É preciso lembrar também que os Estados Unidos gastaram 8 trilhões de dólares nas guerras pós-11 de setembro. Quantia suficiente para eliminar a fome no mundo e preparar o planeta para lidar melhor com as mudanças climáticas. Que, no entanto, foi usada para causar a morte direta de mais de 900 mil pessoas em países como Iraque, Afeganistão, Síria, Iêmen e Paquistão. Sem contar as mortes provocadas pela perda de água, esgoto e infraestrutura relacionadas com a guerra”, reitera.

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“Ou seja, não faltam recursos para salvar bancos e para causar a morte ou o deslocamento forçado de milhões de seres humanos. Mas na hora de salvar vidas humanas ou o próprio planeta em que vivemos, a solidariedade dos países ricos é dezenas de vezes menor”, lamenta o ex-presidente.

Confira a íntegra do discurso:


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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