Pesquisar
Pesquisar

Candidata à presidência do Panamá defende tributação onde "quem ganha mais, paga mais"

Maribel Gordón explica que reforma pode acabar com sonegação e recuperar valores "para colocá-los a favor do desenvolvimento nacional e social"
Mário Hubert Garrido
Pátria Latina
Cidade do Panamá

Tradução:

Para as eleições presidenciais de 2024, o Panamá definiu 10 candidatos, incluindo sete de outros tantos partidos e os três restantes de livre candidatura com projetos tão diferentes quanto a diversidade da nação Istmo.

Em ordem de registro oficial do Tribunal Eleitoral (TE) estão o ex-presidente Ricardo Martinelli (2009-2014), condenado a mais de 10 anos de prisão e multa de 19,2 milhões de dólares pela compra em 2010 da editora Panama America SA (Epasa).

Apesar de favorito, segundo pesquisas, o ex-presidente terá que enfrentar a Justiça em breve, também acusado de lavagem de dinheiro e recebimento de propina milionária da construtora brasileira Odebrecht.

À beira da implosão: 33 após golpe de Estado, Panamá pode renascer com soberania popular

Se a sentença do primeiro caso – Novos Negócios – transitar em julgado até setembro, o bilionário ficaria invalidado de participar do processo eleitoral e teria que nomear seu suplente ou companheiro de chapa na época, cujo nome ainda não foi revelado.

Para o governista Partido Revolucionário Democrático (PRD), o porta-estandarte é o atual vice-presidente José Gabriel Carrizo, figura questionada por má gestão governamental.

Continua após o banner

O Partido Popular optou pelo ex-presidente Martin Torrijos (2004-2009), que se distanciou de sua organização de base, o PRD, criada por seu pai, o general Omar Torrijos, em 1979, mas cuja liderança, segundo ele, se sente traída em sua fundação princípios e essências.

Por seu lado, o Cambio Democrático ratificou o seu chefe, Rómulo Roux, rodeado de divergências dentro da sua organização e de opositores encabeçados por Yanibel Ábrego, que já antecipou que apoiará Martinelli.

Enquanto isso, o Partido Panameñista consolidou sua oferta eleitoral com José Isabel Blandón, ex-prefeito da capital, que iniciou conversações com outras lideranças e grupos para dividir o poder no ano que vem.

Maribel Gordón explica que reforma pode acabar com sonegação e recuperar valores "para colocá-los a favor do desenvolvimento nacional e social"

Reprodução/Twitter
Górdon quer aliança com produtores rurais para garantir níveis adequados de preços e abastecimento nos alimentos

Outras candidaturas

Por sua vez, foi ratificado o advogado José Alberto Álvarez, do minoritário Partido Social Independente Alternativo (PAIS), e pelo Movimento Outro Caminho (MOCA), foi eleito candidato Ricardo Lombana, que afirmou que vai modificar a sua candidatura sem clientelismo, sem presentes, sem aproveitar as necessidades de um povo maltratado pelos políticos, que prevê apoio aos independentes.

O Movimento Liberal Nacionalista Republicano (Molirena) ainda não definiu a que partido vai se filiar, apesar de já ter integrado vencedores e ser agora aliado do PRD, embora os seus dirigentes tenham mantido encontros com representantes de outras facções políticas, descritos como ” caráter informal”.

Panamá: População já não acredita no sistema político vigente, aponta socióloga panamenha

O presidente de Molirena, Francisco Alemán, indicou que favorecerá a proposta que for mais benéfica para o povo panamenho.

Selam a lista os representantes de livre candidatura: o deputado Zulay Rodríguez, até hoje militante do PRD; a economista Maribel Gordón, ex-candidata à vice-presidência da República em 2014 pela Frente Ampla para a Democracia (FAD) e o advogado Melitón Arrocha, ex-partido panameñista.

Vida digna

Em sua maioria, os candidatos presidenciais avançaram seus eixos de governo para chegar ao Palácio de las Garzas (sede do Executivo), em 5 de maio de 2024.

Enfrentar a atual crise do Fundo de Seguridade Social, enfrentar as desigualdades sociais e garantir a distribuição equitativa dos bens de uma economia robusta, acabar com a corrupção ou ampliar a oferta de empregos, são alguns dos pontos comuns.

Continua após o banner

A professora Gordón apresentou na capital sua proposta denominada Plano para uma Vida Digna, que a cada dia ganha mais adeptos entre os setores mais humildes, confirmou à Prensa Latina.

“Temos que romper com a geração de riqueza em poucas mãos”, comentou.

Mercantilismo, colonialismo e imperialismo: os processos da crise no Panamá

A professora universitária disse que ambiciona pôr fim ao atual modelo neoliberal que promove estruturas monopolistas e oligopolistas nos medicamentos, alimentos e combustíveis.

É também vital, sublinhou, assegurar a todos os cidadãos o direito humano à alimentação saudável, através de uma aliança com os produtores rurais para garantir níveis adequados de preços e abastecimento.

Continua após o banner

Acrescentou que, com a sua proposta, vai permitir a progressividade do imposto sobre o rendimento, “onde quem ganha mais, paga mais, para acabar com a sonegação e recuperar os valores não recebidos e colocá-los a favor do desenvolvimento nacional e social”.

Ela enfatizou ainda que a esperança que os panamenhos esperam está associada a salários decentes, à construção de uma sociedade verdadeiramente democrática, equitativa, participativa e com justiça social, na qual prevaleça a solidariedade e o respeito irrestrito a todos os direitos humanos.

Partes e independentes

A figura dos candidatos presidenciais de livre nomeação vem ganhando força no Panamá desde 2014, pois antes, os chamados independentes podiam acessar todos os cargos eleitos pelo povo, exceto o de presidente.

Nesse sentido, destacam-se os candidatos nas eleições de 2014, vencidas por Juan Carlos Varela, ex-vice-presidente em mandato anterior. São eles Juan Jované, Esteban Rodríguez e Gerardo Barroso; e em 2019, Ana Matilde Gómez – pela primeira vez mulher – Marco Ameglio, e Ricardo Lombana, agora candidato ao MOCA.

América Central ou América do Sul: e agora, onde se localiza o Panamá no Mapa Mundi?

Nas sétimas eleições democráticas após a invasão dos Estados Unidos em dezembro de 1989, não poucos eleitores anunciaram que a crescente falta de credibilidade dos partidos políticos tradicionais também cobraria seu preço, pois prometeram infinitas melhorias sociais na campanha, então não os cumprem e continuam a enriquecer com os impostos pagos pela população.

Para outros, os independentes podem trazer outra grande surpresa em 2024, como Lombana em 2019, que subiu para a terceira posição, precedido por Rómulo Roux (Uma mudança para despertar) e a coalizão Uniendo Fuerzas que venceu e levou o atual presidente ao poder, Laurentino Cortizo.

Continua após o banner

Até hoje, em nenhuma das consultas anteriores, triunfou um candidato governista.

Em 5 de maio de 2024, os panamenhos decidirão nas urnas o próximo presidente e vice-presidente do país, 20 deputados ao Parlamento Centro-Americano e 71 deputados à Assembleia Nacional.

Além disso, elegerão 81 prefeitos, 701 corregimentistas e 11 vereadores, todos com seus respectivos suplentes, para o período de 1º de julho de 2024 a 30 de junho de 2029.

Mário Hubert Garrido | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Pátria Latina


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

Assista na TV Diálogos do Sul


Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.

A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.

Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.
Mário Hubert Garrido

LEIA tAMBÉM

Haiti
Haiti: há pelo menos 20 anos comunidade internacional insiste no caminho errado. Qual o papel do Brasil?
Betty Mutesi
“Mulheres foram protagonistas na reconstrução da paz em Ruanda”, afirma ativista Betty Mutesi
Colombia-paz
Possível retomada de sequestros pelo ELN arrisca diálogos de paz na Colômbia
Hector Llaitul
Chile condena Hector Llaitul, principal líder da luta mapuche, a 23 anos de prisão