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Toggle“O presidente da Rússia, Vladimir Putin, se reuniu na noite desta quinta-feira (13) com o emissário especial da Casa Branca, Steve Witkoff, para discutir, ‘à porta fechada’, as objeções que assessores do Kremlin apresentaram por telefone a suas contrapartes estadunidenses sobre um cessar-fogo na Ucrânia. Ele afirmou que ‘a ideia de uma trégua (com a Ucrânia), em si, é correta, mas ainda há muitas questões sem solução’.
“Ao responder a uma pergunta ao término de suas conversações com o presidente de Belarus, Aleksandr Lukashenko, e após agradecer ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por “dedicar tanta atenção para obter uma solução negociada” com a Ucrânia, Putin disse estar de acordo com um cessar-fogo, mas enfatizou que isso deveria conduzir a uma paz duradoura, impossível de alcançar sem “eliminar as causas que originaram o conflito”.
Não agradou ao titular do Kremlin que a proposta de trégua em Yeda (Arábia Saudita) tenha vindo dos Estados Unidos, quando, a seu ver, “a Ucrânia deveria ter solicitado que a formulassem, levando em conta as realidades no terreno”, como as autoridades russas se referem às quatro regiões do Donbass.
Entre as questões que, segundo Putin, requerem resposta e que, enquanto não forem esclarecidas, tornam inviável qualquer trégua, o mandatário russo mencionou: “O que fazer com a parte da região russa de Kursk ainda em mãos de tropas ucranianas? Como serão solucionados os problemas na linha de interposição ao longo da frente, onde o exército russo está avançando?
Como a Ucrânia utilizará os 30 dias?
O que acontecerá se declararmos uma trégua de 30 dias? Todos os militares ucranianos (que estão em Kursk) vão se retirar sem combater? Temos que deixá-los ir depois de cometerem inúmeros crimes contra a população civil? Ou receberão ordens de depor as armas e se entregar como prisioneiros? Não está claro o que aconteceria.”
Da mesma forma, Putin se perguntou como a Ucrânia usaria esses 30 dias: se continuaria recrutando soldados e recebendo armas, de quem as obteria, como se controlaria o cumprimento do cessar-fogo em uma frente de quase 2 mil quilômetros de extensão e quem daria garantias à Rússia de que a Ucrânia respeitaria a trégua.
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E refletiu que tudo isso requer “ser analisado com atenção com nossos sócios estadunidenses, assim como vale a pena falarmos por telefone com o presidente Trump e juntos analisarmos tudo isso”.
A declaração deu a entender que, sem a resolução dessas dúvidas, Putin não ordenará ao exército russo uma cessação temporária das hostilidades.
Dar um respiro às tropas ucranianas
Na manhã desta quinta-feira (13), Yuri Ushakov, assessor de Putin para política externa, declarou ao canal Rossiya-1 da televisão pública que expressou a Mike Waltz, conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, a posição da Rússia sobre uma eventual trégua:
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“Desde logo, comentei que a iniciativa de Yeda de declarar um cessar-fogo temporário não passa de uma forma de dar um respiro às tropas ucranianas, e nada mais. Reiterei que nosso objetivo é conseguir uma solução negociada duradoura e insisti no que queremos: um arranjo político que leve em conta os interesses de nosso país, assim como nossas conhecidas preocupações.”
Para Ushakov, colaborador de Putin que tem influência crescente nas decisões do Kremlin, “empreender passos que imitem intenções de paz, creio, é algo que ninguém necessita neste momento”.