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ToggleO governo chileno rechaçou a ideia de hibernar Santiago ou outras cidade para combater a “catástrofe” sanitária da Covid-19 que até agora se propaga de maneira incontida, mas prometeu reforçar o controle policial e militar com 70 mil efetivos para impedir a circulação pelas cidades em quarentena.
Na conferência diária para dar conta das vítimas que vai deixando o coronavírus – mais de 220 mil contagiados, 3.615 mortos (232 nesta quarta-feira) e a taxa mundial mais alta de contágios por milhão de habitantes -, as autoridades de saúde se fizeram acompanhar pelo ministro da Defesa, Alberto Espina, que usou um tom de voz ao mesmo tempo, crítico e ameaçador para exigir responsabilidade aos cidadãos e para enfatizar as penas de prisão com que se buscará castigar aqueles que ele considerou irresponsáveis.
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“O presidente Sebastián Piñera decretou a renovação do estado de catástrofe com uma missão: salvar a vida de nossos compatriotas e proteger a saúde de todos os habitantes do Chile. Essa missão nós vamos levar em frente, liderados pelo Presidente e sob a condução do Ministério da Saúde, com o total apoio das forças armadas e da polícia. Vamos fazer isso de qualquer maneira e é uma missão nobre porque significa salvar vidas, e agora há 70 020 efetivos (dos quais 30 mil são militares) destacados”, disse Espina em tom severo.
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"O presidente Sebastián Piñera decretou a renovação do estado de catástrofe"
Endurecimento penal
O ministro celebrou a fato de estar para ser aprovado um projeto de lei que “aumenta consideravelmente as penas para aqueles que infringirem as medidas sanitárias”, passando de 541 dias a cinco anos de prisão e que inclui aqueles que convocam a espetáculos, celebrações ou festividades, e o mesmo para os empregadores que obriguem seus trabalhadores a realizar atividades sem obter as licenças do caso.
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Disse que “quem infringir (as restrições) vai ter que ser submetido a essa penalidade porque não pode haver contemplação com aqueles que estão pondo em risco a vida de nossos compatriotas”.
Espina assegurou que nos três meses da pandemia, foram fiscalizadas 17 milhões de pessoas e 6,5 milhões de veículos, mas que pese “o esforço que se fez, não impediu que pessoas, de maneira irresponsável, ponham em risco a vida dos compatriotas por não cumprir com as medidas sanitárias”.
A fiscalização nos locais, disse, será “extraordinariamente rígida e rigorosa, em todas as avenidas relevantes”, também aos pedestres, mesmo que isso signifique longas demoras, para reduzir a mobilidade a 50%.
“Catástrofe”
A subsecretária de Saúde, Katherine Martorell, que usou a palavra “catástrofe” para descrever a situação, foi a encarregada de recusar a proposta de fechar Santiago, realizada ontem por um grupo de especialistas.
“Não é possível falar de uma hibernação, de fechar a cidade, porque isso afeta a qualidade de vida das pessoas que estão em quarentena, não permite o abastecimento, não permite o acesso aos serviços básicos, mas vamos restringir ao máximo as licenças, porque se não diminuirmos o deslocamento, não vamos alcançar o objetivo que é sair desta catástrofe, da pandemia”, afirmou, depois de detalhar as maiores restrições e as fiscalizações.
A sensação após a mensagem de ameaça divulgada nesta quarta-feira pelo governo chileno, não é só de que a pandemia lhes escapou ao controle, mas sim que não está à vista um horizonte próximo para sequer atenuar a propagação do vírus.
O ministro da Saúde, Enrique Paris, negou-se a fazer projeções sobre a situação, ou falar de prognósticos de número máximos, ou de linhas mais retas nas curvas de contágio, ao mesmo tempo que transmite às pessoas o dever de permanecer em suas casas, quando a ajuda estatal é escassa, tardia e incerta, “a de um país miserável”, dizia esta tarde um comentarista.
Aldo Anfossi, especial para La Jornada desde Santiago do Chile.
La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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