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Chilenos rechaçam constituinte. Tudo volta à estaca zero. Boric promete nova Constituição

Pela primeira vez, voto foi obrigatório, o que mudou o padrão eleitoral e fez todas as pesquisas de opinião errarem; Participação de quase 13 milhões foi histórico
Vanessa Martina-Silva
Diálogos do Sul
Jundiaí (SP)

Tradução:

Atualizada às 22h57

A América Latina acompanhou, na noite deste domingo (4), com a respiração pausada, a apuração do “plebiscito de saída” no Chile, que perguntou aos cidadãos do país se eles aprovavam ou rechaçavam a Constituição redigida pela Assembleia Constituinte aprovada em 2021.

Com 99% dos votos apurados, o rechaço ganhou com 61,88% (7.842.477) diante dos 38,12% (4.830.725) do aprovo. 

Diante do resultado, o presidente do país, Gabriel Boric, se pronunciou à nação, se comprometendo a rearticular um processo constituinte capaz de conseguir apoio da maior parte da população do país:

Para isso, Boric se baseia no plebiscito de entrada, realizado em 2020, quando 78,27% dos eleitores disseram “aprovo” para a votação que questionava a realização de uma nova Constituição para substituir o texto de Pinochet. Na ocasião, a maioria ainda aprovou que a redação deveria ficar a cargo de uma assembleia exclusiva, chamada constituinte.

Processo   

A redação do texto constitucional levou um ano, mas um processo complexo no Chile, repleto de desinformação, mentiras, uma campanha baseada no medo, fez com que o recurso usado pela direita para não invalidar o fim da Constituição de 1980, do ditador Augusto Pinochet, triunfasse.

A oposição conseguiu convencer a população de que seria possível aprovar um texto diferente, “perfeito” e com mais consensos sociais, possibilidade que não estava contemplada até o momento, mas que foi abraçada pelo governo que, prontamente viu a oportunidade de impulsionar um novo processo que colocasse fim ao maior legado da ditadura.

A jornada eleitoral deste domingo foi tranquila, com a participação histórica de cerca de 13 milhões de votantes, em um contexto em que excepcionalmente o voto foi obrigatório.

Apesar da normalidade vista no momento da votação, o fim da noite foi marcado pela repressão dos carabineiros (espécie de tropa de choque chilena) aos manifestantes que se concentravam — pacificamente — na Praça Dignidade, famosa por ter sediado os protestos de 2019 e 2020 no país.

Veja como foi a jornada eleitoral:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.
Vanessa Martina-Silva Trabalha há mais de dez anos com produção diária de conteúdo, sendo sete para portais na internet e um em comunicação corporativa, além de frilas para revistas. Vem construindo carreira em veículos independentes, por acreditar na função social do jornalismo e no seu papel transformador, em contraposição à notícia-mercadoria. Fez coberturas internacionais, incluindo: Primárias na Argentina (2011), pós-golpe no Paraguai (2012), Eleições na Venezuela (com Hugo Chávez (2012) e Nicolás Maduro (2013)); implementação da Lei de Meios na Argentina (2012); eleições argentinas no primeiro e segundo turnos (2015).

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