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Cláudio Di Mauro | Regularizar indústria da mineração para “proteger” indígenas é falácia

Joias e outros artefatos vindos da Amazônia não se destinam ao bem-estar das populações do País, e sim atendem aos interesses de uma burguesia suja
Claúdio di Mauro
Diálogos do Sul
Uberlândia (MG)

Tradução:

A B S U R D O ! ! !

A existência de aviões, equipamentos e máquinas de gerações modernas, importados para a prática de garimpo, mostra que há mãos externas e muito endinheiradas alimentadoras das depredações. 

Sim, há pontualmente indígenas que tiveram dizimadas suas aldeias e ficaram sem conseguir sobreviver. Assim, alguns desses seres humanos são contratados, sob o condão similar ao trabalho escravo, para atender o interesse de garimpeiros. Alguns indígenas, de maneira semelhante aos capitães do mato, entre os povos negros escravizados, fazem o trabalho sujo, contra suas comunidades. Esses mesmos seres ficam contaminados com ingestão de mercúrio seja na água ou nos peixes, base alimentar de proteínas.

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Justificar a necessidade de regularizar tais atividades da indústria da mineração para “proteger” grupos de indígenas é uma falácia que só atende aos interesses da dominação financeira e do chamado mercado. 

Trata-se da exploração de cassiterita e do ouro. Para que serve esse ouro? Para onde vai? Quem o compra? Portanto, quem tem o interesse em sua exploração? Será para enfeitar os pescoços e pulsos de madames? Preparar “barras de ouro” para serem guardadas como reserva de valores econômicos? Ou mesmo para serem usadas como propinas?

Joias e outros artefatos vindos da Amazônia não se destinam ao bem-estar das populações do País, e sim atendem aos interesses de uma burguesia suja

Agência Brasil
Cabe ao Governo Federal acelerar os processos de demarcação dos territórios das Nações Indígenas

As Nações Indígenas ao longo dos tempos protegem a Floresta e vivem da Floresta. Ou seja, para esses seres humanos o convívio com a Floresta é indispensável. Eles dependem da Floresta para manter seus níveis e qualidade de vida. Porém, a Floresta também depende deles para sua manutenção. Assim, as reservas de Biomas destinadas às nações indígenas devem ser preservadas em suas condições, nas quais essas comunidades se criam e se reproduzem.

Os chamados “civilizados” na forma de madeireiros, agronegócios, garimpeiros, destroem a Floresta para se enriquecer e atender mercados estrangeiros ou de elevado poder aquisitivo internamente, no Brasil. Joias, artefatos de madeira, tudo vindo da Amazônia, não se destinam ao bem-estar das populações do País, mas, atendem aos interesses de uma burguesia suja.

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O indigenista Bruno Pereira, assassinado na Amazônia, realizou expedição de destruição de equipamentos e infra estruturas de garimpos irregulares em companhia do delegado Alexandre Saraiva, que foi exonerado por Bolsonaro e afirmou: “O extermínio dos povos indígenas começa no Congresso Nacional”.

O Senado e a Câmara dos Deputados que acabam de assumir terão que demonstrar seus bons interesses para com a Soberania Nacional respeitando a Soberania Popular, incluindo as populações indígenas. O delegado Saraiva explica que a solução para o enfrentamento dessa realidade precisaria “estrangular a logística dos garimpos”. Três meses depois da realização dessa operação, Bruno, que trabalhava na FUNAI no governo federal, foi demitido e logo depois assassinado.

Em verdade, a estratégia para acabar com essas atividades minerárias bizarras não estabelece a remoção dos garimpeiros, mas a destruição de suas estruturas, seus equipamentos e infra estrutura, impedindo a circulação dos aviões (prendendo as aeronaves e captando as licenças dos pilotos impedindo-os de comandar voos), os combustíveis, bem como a destruição das balsas. Com isso, os maquinários importados e peças de reposição não chegarão para garantir o funcionamento do garimpo. Isso estrangula o funcionamento e desativa as práticas indevidas e irregulares.

Sabe-se, portanto, que há um Plano para acabar com o garimpo, destruidor do Bioma e das condições de vida das populações originárias, especialmente em seus territórios demarcados. Cabe ao Governo Federal acelerar os processos de demarcação dos territórios das Nações Indígenas.

Cláudio Di Mauro | Geógrafo e colaborador da Diálogos do Sul.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Claúdio di Mauro

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