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ToggleAssim como nosso Norte é o Sul, o Rio Paraná corre para o sul e atravessa a fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina, além de uma porção da Bolívia. Do tupi, “Paraná” significa “como o mar”.
Com vida animal abundante, a parte alta do Rio contempla a hidrelétrica de Itaipu, que gera energia para o Brasil e o Paraguai, enquanto a parte baixa é utilizada como via de transporte para produtos agrícolas, industriais e de petróleo.
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Apesar de ser o segundo rio da América do Sul em extensão, o Rio Paraná registrou baixa histórica mais uma vez. O volume de água está 40% abaixo do normal, o que representa a menor quantidade de volume de água em 37 anos.
O cenário de baixa já é visível na paisagem das Cataratas do Iguaçu, ponto turístico reconhecido como Patrimônio Natural Mundial, que registrou 308 mil litros de água por segundo. O volume considerado normal é de 1,5 milhão de litros de água.
O problema da baixa também se reflete no abastecimento de água potável, nas atividades pesqueiras de diversas comunidades, nos riscos à biodiversidade e até na ameaça de um apagão em partes do Brasil.
CLIMA | Situação crítica da bacia do Rio Paraná agrava o risco de racionamento de energia no Brasil. Condição é grave também na Argentina e no Paraguai. https://t.co/lCY89bpYRr
— MetSul.com (@metsul) July 13, 2021
Nelson Candia
Além da navegação, abastecimento elétrico e fauna estão comprometidos pela baixa do Rio Paraná
Desmatamento da Amazônia
O desmatamento da Amazônia, ao lado das megaempresas, dos agrotóxicos que afetam o solo e da exploração desenfreada do capitalismo, é um dos fatores responsáveis pela estiagem no Sul do país, o que influencia diretamente o déficit de chuvas.
Sem esquecer que os riscos de queimadas em períodos de estiagem são ainda maiores.
O Paraguai também sente o impacto da baixa, pois o escoamento da safra de grãos é realizado pelo único acesso de exportação ao Oceano Atlântico, o Rio Paraná.
?Hoy/ Así se encuentra el río Paraná en la playa Potrerito de General Díaz en el departamento de Ñeembucu. ??⚠️
Foto de Nelson Candia pic.twitter.com/C0SHvv3H4X— AMPY. ??⛈? (@AnthonyPaez595) July 9, 2021
No lado argentino, o carregamento nos navios diminuiu para evitar que o transporte venha a encalhar, já que o nível do rio está abaixo três centímetros abaixo do nível do mar.
Privatização do rio
Há 25 anos nas mãos da Hidrovias S.A., sociedade entre a empresa belga Jean de Nul e o holding argentino Emepa, o canal de navegação do Rio Paraná é um dos maiores corredores de transporte fluvial do mundo e concentra 80% das exportações da província de Rosário, na Argentina, reconhecida como maior centro exportador de soja processada.
Profissionais da região, como o capitão fluvial Oscar Rubén contam que antes da privatização, o comportamento do rio, as grandes baixas e as secas eram monitoradas constantemente. “A privatização fez com que se deixasse de ter esse constante conhecimento de comportamento do rio e do clima”, ressalta, em entrevista ao site argentino Resumen Latinoamericano.
#773 días que el #RíoParaná dónde su caudal de agua sigue en descenso por debajo de los niveles normales. No se espera una mejora en los próximos meses, ya que julio será especialmente crítico y todas las especies de fauna íctica corren riesgo ante la bajante y la depreciación. pic.twitter.com/D2IsbQd1u7
— LuisMartínez Ambientalista (@AMBLUISM) July 12, 2021
A Hidrovias S.A. também é responsável pela dragagem, processo que consiste no aprofundamento e alargamento do rio, com a retirada de material do fundo, como areia e sedimentos. A dragagem frequente, aliada à falta de controle sobre o rio, também causam desastres ambientais. “Querem adaptar o rio às embarcações, e não os barcos ao rio”, explica Rubén.
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Sem regulação do uso adequado das águas, a condição dos moradores das cidades costeiras também é agravante e os acidentes de trabalhadores terceirizados tornam-se frequentes.
No início do mês, o governo argentino formalizou o controle estadual da Hidrovia Paraguai-Paraná pelos próximos doze meses após o vencimento da concessão à Hidrovias S.A.
Beatriz Contelli é estudante de jornalismo e colabora com a revista Diálogos do Sul
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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