Pesquisar
Pesquisar

Comunidade chinesa no Rio reitera apoio a Consenso de 1992 e princípio de Uma Só China

Simpósio que celebrou o 30º aniversário do Consenso e o 20º aniversário da criação da Associação Brasil-Aliança Pro-Reunificação Pacífica da China
Alessandra Scangarelli Brites
Revista Intertelas
Porto Alegre (RS)

Tradução:

Em tempos de alta instabilidade no cenário geopolítico internacional, em especial no estreito de Taiwan, a comunidade dos chineses que vivem no Rio de Janeiro reuniu-se neste último domingo, dia 9 de outubro de 2022, para reiterar seu apoio incondicional ao Consenso de 1992 e ao Princípio de uma só China. Em um simpósio que celebrou o 30º aniversário do Consenso e o 20º aniversário da criação da Associação Brasil-Aliança Pro-Reunificação Pacífica da China, estiveram presentes diversas instituições da comunidade chinesa e do governo chinês no Rio.

Entre eles, participaram: a cônsul geral da China no Rio Tian Min, o consultor brasileiro da Academia Chinesa Contemporânea de Estudos e diretor do Centro China-Brasil de Pesquisas Ronnie Lins, a Associação de Promoção da Reunificação Pacífica da China no Rio, representantes dos compatriotas de Taiwan, a Câmara de Comércio Brasil-China Zhejiang, a Associação Geral dos Conterrâneos do Guangdong do Estado do Rio de Janeiro, a Associação Cultural Chinesa do Rio de Janeiro e representantes dos estudantes chineses no exterior.

Assista na TV Diálogos do Sul

Há trinta anos, no mês de outubro de 1992, um consenso foi alcançado pela Associação de Relações entre os Dois Lados do Estreito de Taiwan na parte continental e pela Fundação de Intercâmbios através do Estreito de Taiwan em Taiwan. Nesta reunião, criou-se uma base diplomática para fomentar os intercâmbios e negociações através do estreito, no intuito de buscar uma solução pacífica à reunificação de toda a China. Em consonância com as iniciativas realizadas na terra natal, os chineses ultramarinos, ao redor do globo, passaram a acompanhar e aderir à causa. No Brasil, não foi diferente. Assim, há duas décadas, a Associação Brasil-Aliança Pro-Reunificação Pacífica da China tem entre os seus objetivos promover compreensão e entendimento mais amplo e profundo sobre a questão de Taiwan.

Nos últimos 20 anos, a associação buscou a união de um grande número de chineses que vivem no exterior, incluindo compatriotas de Taiwan, e tomou a iniciativa de fortalecer os laços com a classe alta brasileira em várias ocasiões, pregando pacientemente a política unificada, e ganhando sua compreensão e apoio. Atuou ainda visando cooperar ativamente com os órgãos nacionais para realizar várias atividades e promover a reunificação da pátria, incitando os compatriotas de Taiwan a participar das questões envolvendo à reunificação nacional e aumentar sua compreensão e confiança sobre a causa”, lembrou em discurso o presidente da Associação Brasil-Aliança Pro-Reunificação Pacífica da China Wang Junxiao.

Nos últimos 30 anos, como chineses no exterior, sentimos pessoalmente que a adesão ao ‘Consenso de 1992’ trouxe paz e desenvolvimento para os dois lados do Estreito de Taiwan. Ao mesmo tempo, também assistimos a uma situação tensa e severa nas relações através do Estreito causada pela negação deste Consenso. Portanto, exortamos e alertamos fortemente as autoridades do Partido Democrático Progressista para que respeitem a história, reconheçam a situação com clareza, deixam as ilusões, se conformem com a vontade do povo, aceitem o Consenso de 1992, respeitem o ‘Princípio de Uma só China’ e retornem ao caminho certo das negociações de paz através do Estreito o mais rápido possível”, afirmou Wang Junxiao

Simpósio que celebrou o 30º aniversário do Consenso e o 20º aniversário da criação da Associação Brasil-Aliança Pro-Reunificação Pacífica da China

Crédito: Wang Tiancong
“O mundo de hoje está passando por profundas mudanças", afirmou o cônsul Tian Min




Reconhecimento

Em reconhecimento ao trabalho constante da Associação e demais representantes da comunidade chinesa no Rio, a cônsul geral da China no Rio expressou seus sinceros agradecimentos e destacou que em questões envolvendo a soberania nacional, a dignidade e a integridade territorial, os chineses ultramarinos da área consular sempre defenderam firmemente a justiça nacional e o princípio de uma só China. Ela lembra que as delegações chinesas no exterior tomaram a iniciativa de manifestar e condenar veementemente a visita da presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, a Taiwan, apoiaram a liberação do livro branco pelo governo chinês intitulado “Questão de Taiwan e Unificação da China na Nova Era” e também participaram da Conferência Global de 2022 sobre a Promoção da Reunificação Pacífica da China de diferentes formas.

Assim, na sequência, a diplomata passou a discorrer sobre os desafios que a China terá nos próximos anos em relação à questão de Taiwan e os caminhos para enfrentá-los. “Os dois lados do estreito ainda não foram totalmente unificados. Este é um trauma deixado pela história à nação chinesa. Buscar a reunificação nacional e curar as feridas históricas são as aspirações comuns de todos os filhos e filhas chineses. Promover o desenvolvimento pacífico das relações através do estreito e avançar no processo de reunificação pacífica da pátria são as propostas básicas do Partido Comunista Chinês para resolver a questão de Taiwan”, disse a cônsul Tian Min.

Visita a Taiwan: Provocação dos EUA à China visa testar forças, analisa Cannabrava

O mundo de hoje está passando por profundas mudanças. A realização do grande rejuvenescimento da nação chinesa está em um período crítico, e a situação no estreito de Taiwan também enfrenta uma situação grave e complicada. As autoridades do Partido Democrático Progressista de Taiwan se recusaram a reconhecer o ‘Consenso de 1992’ que incorpora o princípio de uma só China e intensificaram suas atividades separatistas. Esta questão é o maior obstáculo à reunificação da pátria e um perigo oculto sério para o rejuvenescimento nacional. Não prometemos renunciar ao uso da força e reservamos a opção de tomar todas as medidas necessárias, visando a interferência de forças externas, em conjunto com os poucos separatistas que falam sobre uma ‘Independência de Taiwan’. Não há saída aos que ‘dependem de países estrangeiros para buscar a independência’ e aos que usam Taiwan para controlar a China. Tais esforços estão fadados a serem inúteis. Instamos às autoridades de Taiwan e aos países que os apoiam a não julgar mal a situação ou subestimar a forte determinação, vontade firme e forte capacidade do povo chinês de salvaguardar a soberania nacional e a integridade territorial. O Partido Comunista da China e o governo chinês têm força e confiança suficientes para superar a complexa situação, os riscos, os desafios e são plenamente capazes de avançar na grande causa da reunificação nacional”, destacou a cônsul geral Tian Min.

Assista na TV Diálogos do Sul

Ela ainda salientou que o Consenso de 1992 reflete o fato histórico e a base legal de que ambos os lados do estreito pertencem a uma China, além de responder à questão fundamental sobre a natureza das relações através do estreito. Segundo a cônsul, o consenso também diz respeito à paz, à estabilidade, aos interesses e ao bem-estar de todos os compatriotas. “Assim, somente aderindo à esta base política comum e se opondo à chamada ‘independência de Taiwan’, as relações podem se desenvolver de forma pacífica e constante, trazendo benefícios para ambos os lados”, enfatizou a diplomata.

Em sua participação no simpósio, o consultor brasileiro da Academia Chinesa Contemporânea de Estudos Ronnie Lins ressaltou que está claro a muitos que observam o atual contexto internacional que a população de Taiwan não deve ser influenciada por países que conspiram contra a reunificação da China e objetivam apenas atender a seus próprios interesses. Assim, ele destacou aos presentes as principais preocupações do presidente chinês Xi Jinping, que podem ser lidas no tomo IV da obra “A Governança da China”, e os caminhos que a China reunificada deverá seguir para alcançar um futuro próspero. São eles: sempre priorizar o bem-estar das pessoas; aprofundar as reformas e o processo de abertura; praticar o desenvolvimento com qualidade; e criar uma comunidade global de futuro compartilhado.

China adverte EUA e anuncia ações firmes em caso de levantes separatistas de Taiwan

Segundo Lins, para o presidente Xi “a filosofia de desenvolvimento centrada nas pessoas não é um slogan vazio, mas um princípio que sustenta todas as decisões e planos em todos os aspectos de nosso trabalho. As atitudes do governo chinês durante o combate à pandemia corroboraram a adoção dessa política. Outros países priorizaram erroneamente a economia ao invés da proteção das pessoas. Essa escolha resultou num grande erro, com consequências trágicas em ambos os aspectos”, lembrou o especialista.

Sobre aprofundar as reformas, Lins explicou que elas visam contribuir para adaptar o país ao novo contexto mundial, aumentar a produtividade em relação a novos produtos, serviços e processos e evitar que a China possa cair na chamada “armadilha da classe média”. Com relação ao desenvolvimento com qualidade, Lins destacou que os novos caminhos apontados por Xi são: primeiro, entender e implantar a prosperidade compartilhada; segundo, garantir o fornecimento de produtos primários, contribuindo para o processo de autossuficiência estratégica do país; e terceiro, entender e implantar ações relacionadas a metas e compromissos assumidos sobre melhores condições do meio ambiente. Neste contexto, Lins lembra que a economia digital surge como um dos principais impulsionadores estratégicos.

Por fim, o também diretor do Centro China-Brasil de Pesquisas afirmou que, na visão do governo chinês, o principal objetivo será a construção de uma comunidade global de um futuro compartilhado. “O presidente Xi Jinping disse: ‘Estamos vivendo em uma era repleta de perigos, mas cheia de esperança. À medida que avançamos, um futuro brilhante nos acena. Precisamos dar as mãos e iniciar uma nova jornada de desenvolvimento com qualidade para a humanidade’. Assim, nessa apresentação, tentei expressar que a reunificação da China não é só uma reparação histórica legítima e uma necessidade para maximizar o futuro do país, mas também é e será fundamental para contribuir na criação de um mundo melhor, próspero e que contribuirá para a redução da pobreza e da desigualdade social global”, concluiu.

Assista

Alessandra Scangarelli Brites | Revista Intertelas


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

Assista na TV Diálogos do Sul



Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.

A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.

Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:

  • PIX CNPJ: 58.726.829/0001-56 

  • Cartão de crédito no Catarse: acesse aqui
  • Boletoacesse aqui
  • Assinatura pelo Paypalacesse aqui
  • Transferência bancária
    Nova Sociedade
    Banco Itaú
    Agência – 0713
    Conta Corrente – 24192-5
    CNPJ: 58726829/0001-56

       Por favor, enviar o comprovante para o e-mail: assinaturas@websul.org.br 


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.
Alessandra Scangarelli Brites

LEIA tAMBÉM

mães - palestina
Dia das Mães: algumas mães só querem a paz de presente, lembra ato pró-Palestina em Brasília
RS - inundações
Chamado à solidariedade internacionalista: inundação no RS demanda mobilização
Lula - 1 de maio
Cannabrava | Lula se perdeu nos atos de 1º de maio
Brasil_desigualdade
Neoliberalismo, concentração de renda e pobreza: o caso da América Latina