Pesquisar
Pesquisar

Confrontados por López Obrador, EUA alegam respeitar direitos humanos a nível global

Presidente do México rebateu governo estadunidense após informe que aponta violações em diversos países, mas excluí Washington
Jim Cason
La Jornada
Washington

Tradução:

A Casa Branca e o Departamento de Estado rebateram nesta terça-feira (21) comentários do Presidente Andrés Manuel López Obrador caracterizando o processo judicial contra Donald Trump em Nova York como um intento de frear sua candidatura presidencial. Além disso, negaram que o governo estadunidense tenha sabotado o gasoduto Nord Stream 2 e reiteraram a conclusão do informe sobre direitos humanos de que “atos de corrupção e assassinatos ilícitos arbitrários permanecem um sério desafio para o México”.

Na entrevista à imprensa na Casa Branca, a porta-voz Karine Jean-Pierre foi perguntada sobre as afirmações de López Obrador em torno à reportagem do jornalista veterano Seymour Hersh de que Estados Unidos explodiram uma gasoduto russo e, por outro lado, que o processo judicial contra Trump em Nova York era só uma tentativa política para tirar o ex-presidente das cédulas eleitorais. Jean-Pierre declarou que essas duas coisas “não são verdade” e que “certamente vou declarar e corrigir” o comentado pelo presidente mexicano.

Na ONU, México vai na contramão de EUA e UE e oferece plano de paz para Rússia e Ucrânia

A porta-voz também rechaçou os comentários anteriores do presidente mexicano de que o fentanil não é problema mexicano, é estadunidense. “Este não é um problema estadunidense, é global. O tráfico de drogas ilícitas está causando danos sociais, mortes desnecessárias e sofrimento, não só aqui, mas também no México, e queremos ser realmente conscientes disso”.  

Ao mesmo tempo, Jean-Pierre enfatizou que os Estados Unidos continuam trabalhando de maneira conjunta com o México e a relação pessoal que existe entre ambos os presidentes. “Vivemos nossa relação com o México como vital e importante… continuaremos tentando desenvolver essa relação”

Os comentários do porta-voz do executivo estadunidense são cuidadosamente elaborados e usualmente revisados por 4 ou 5 pessoas, e depois redigidos por escrito para que os funcionários os leiam frente às câmeras. Portanto, foi aparente que o governo de Joe Biden decidiu responder desta precisa maneira às declarações de López Obrador em suas declarações na manhã de terça-feira.  

Presidente do México rebateu governo estadunidense após informe que aponta violações em diversos países, mas excluí Washington

Latinoamérica 21
“Nunca tentamos dizer que não temos nossos próprios desafios domésticos”, dizem EUA

No Departamento de Estado, o porta-voz interino Vedant Patel foi perguntado na entrevista à imprensa sobre a acusação do mandatário mexicano de que os Estados Unidos “se creem o governo do mundo” e que o informe anual sobre direitos humanos emitido por esta secretaria está mentindo. “Nunca fomos os que indicam que somos o governo do mundo ou um tipo de edito tal como esse”, respondeu Patel.

Com relação ao informe anual requerido pelo Congresso, afirmou que é feito porque os Estados Unidos respeitam os direitos humanos no nível mundial, e “especificamente em relação ao México”.

“O envolvimento de integrantes da polícia, militares e outras instituições governamentais em atos série de corrupção e assassinatos ilícitos arbitrários permanecem um sério desafio para o México e por isso estavam os resultados no nosso informe”, continuou.

Em novo informe sobre Direitos Humanos, EUA poupam aliados e acusam os ‘vilões’ de sempre

Mas o Departamento de Estado tentou suavizar sua crítica ao agregar que “nunca tentamos dizer que não temos nossos próprios desafios domésticos”, assinalando que não se busca ocultar estes problemas, que o Congresso não autorizou a inclusão dos Estados Unidos neste informe anual, e que em vários outros fóruns os Estados Unidos oferecem uma autocrítica.

Por outro lado, o secretário assistente de Estado para Assuntos do Hemisfério Ocidental Brian Nichols se reuniu nesta terça-feira com o diretor do INE, Lorenzo Córdova, que está em uma viagem por Washington.

Em um tuíte emitido ao concluir a reunião, Nichols escreveu que “foi um prazer me reunir com @lorenzocordovav de @INEMexico. Falamos da importância de instituições eleitorais bem financiadas e independentes, e a reputação mundial do INE por sua excelência em promover eleições livres e justas”.

Córdova também ofereceu uma palestra no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais e teve reuniões com outros nesta capital. 

Jim Cason e David Brooks | Correspondentes do La Jornada em Washington e Nova York.
Tradução: Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

Assista na TV Diálogos do Sul


Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.

A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.

Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Jim Cason Correspondente do La Jornada e membro do Friends Committee On National Legislation nos EUA, trabalhou por mais de 30 anos pela mudança social como ativista e jornalista. Foi ainda editor sênior da AllAfrica.com, o maior distribuidor de notícias e informações sobre a África no mundo.

LEIA tAMBÉM

1 ano de barbárie em Gaza
Gaza: Ano 1 da barbárie
O Genocídio Será Televisionado”
“O Genocídio Será Televisionado”: Diálogos do Sul Global lança e-book sobre guerra em Gaza
Tomada de Vuhledar pela Rússia “é uma séria derrota para a Ucrânia”
Tomada de Vuhledar é "grande triunfo para Rússia" e "séria derrota para Ucrânia"
As crises globais, a construção de um novo multilateralismo e o esgotamento da ONU
As crises globais, a construção de um novo multilateralismo e o papel da ONU