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Crises que corroem Brasil são fruto da face perversa do capitalismo: o neofascismo

Problemas econômicos, sanitários, políticos e ambientais se acumularam nos últimos anos, mas atingem parcela específica da população brasileira
Claúdio di Mauro
Diálogos do Sul Global

Tradução:

No Brasil, estamos vivendo uma sequência do que chamam de crises. É a crise econômica, a crise política, a crise ambiental e nos 2 anos mais recentes a crise sanitária. São alguns exemplos de crises que aparentemente estão dissociadas, mas que na verdade fazem parte dos momentos que caracterizam o capitalismo, agora em sua faceta perversa do neofascismo que incorpora e aprofunda o neoliberalismo. 

O neofascismo trata-se de uma vertente sectária do capitalismo, extremista e destrutiva. O fascismo no qual o neofascismo se alimenta foi um regime autoritário baseado na concentração do poder em mãos de um “mito” que passou a ser cultuado. O neofascismo tem componentes do fascismo, mas é diferente das origens italianas com base em Benito Mussolini.

Atualmente, o fascismo é identificado em indivíduos e movimentos que defendem a repressão violenta, mesmo o confronto armado, para atuar sobre os problemas os quais seu “mito” entende que precisam ser resolvidos. Na maior parte das vezes, esses problemas vistos pelo “mito” têm sustentação e se articulam com interesses estrangeiros.  

Problemas econômicos, sanitários, políticos e ambientais se acumularam nos últimos anos, mas atingem parcela específica da população brasileira

Andréa Farias Farias/Wikimedia Commons
A chamada crise econômica atinge quem? Ou seja, a crise é para quem?

Nos casos brasileiros, vivemos momentos em que há uma nítida intenção de estabelecer a supremacia dos brancos em relação aos povos indígenas, amarelos e negros. São predominantemente os índios e os negros que estão na linha de tiro para serem dizimados. São pessoas subalternizadas que habitam os piores territórios de reprodução para suas vidas. Brancos, masculinos, possuem mais possibilidades de sobreviver e trabalhar recebendo melhores salários. Para constatar essa realidade, basta olhar para as áreas de riscos das cidades e também nas cadeias e presídios que certamente veremos os biótipos dos seres humanos ali trancafiados.

Outro elemento a ser considerado é a identificação de quem está submetido ao que se chama de crises no Brasil. Pode-se começar pela identificação do que é a Crise Econômica tão duramente referida. A crise econômica não afeta em tamanho as pessoas e famílias que estão elencadas da lista da Revista Forbes. São os grandes bilionários, que se resumem a 220 famílias.

Enquanto isso, nas profundidades do Brasil, o que tem sobrado para os trabalhadores? Temos cerca de 50 milhões de desempregados, além de outros milhões em situação de precarização nos serviços de entregadores, “uberizados”, sem carteira de trabalho assinada, sem direitos previdenciários, sem renda fixa.       

Assim se forma o desenho da luta de classes no presente momento enquanto, mesmo em situação de pandemia, os ricos ficam mais endinheirados e os trabalhadores são colocados em situação de precarização.

Por esses motivos devemos fazer as seguintes indagações: A chamada crise econômica atinge quem? Ou seja, a crise é para quem?

A desigualdade vigente causa 21.300 óbitos por dia no mundo (Jo Lorib/Wikimedia Commons)

É preciso relembrar que a cada 4 segundos na nossa Terra morre uma pessoa, tendo em vista a desigualdade vigente e que é causa do registro dos 21.300 óbitos por dia. E isso não acontece apenas nos países mais empobrecidos. Nos Estados Unidos, tido como o modelo mundial para a aplicação do capitalismo, calcula-se que se a expectativa de vida das pessoas negras fosse igual a das brancas, teriam sido evitadas mortes de 3,4 milhões de pessoas, nesse período da pandemia.

Para a situação brasileira, não há como ignorar a Emenda Constitucional que congelou por 20 anos os gastos com Educação, Saúde, Segurança Pública. Estão congeladas essas despesas em política sociais, mas para os recursos para pagamentos das dívidas públicas não houve congelamento. Paga-se “religiosamente” aos credores nacionais e estrangeiros. 

Juntamente com essa medida absurda, ainda no governo Temer, foi realizada a chamada “deforma previdenciária”. Mais uma providência que afetou negativa e drasticamente a vida das populações já pauperizadas. Nos recentes anos, o Brasil vivenciou uma crescente penúria com fechamentos de milhares de empresas, acelerando os sofrimentos pessoal e social.

Romper com esse congelamento e restabelecer os direitos previdenciários são medidas indispensáveis para recuperação dos investimentos e para garantir vida digna a milhões de pessoas. Tais providências somente podem ser operadas politicamente. Outra componente da crise do capitalismo, ou seja, a chamada crise Política.

Assista na TV Diálogos do Sul

Com o golpe midiático-empresarial, articulado com comandos militares, setores do Ministério Público e do Judiciário, derrubando o governo da Presidenta Dilma

Nessa crise política se sustenta a crise ambiental, a crise sanitária e a crise econômica vigentes como mais uma etapa na verdadeira crise, ou seja, a crise do capitalismo mundial e seus reflexos no Brasil.

Neste ano de 2022, teremos que considerar todas essas condições para criar novas possibilidades de enfrentamento da crise do capitalismo. Essa é a tarefa política que cabe ao povo brasileiro.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul


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Claúdio di Mauro

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