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Cuba realiza ingentes esforços para incrementar os rendimentos agrícolas e reduzir as grandes evasões de divisas com a importação de alimentos, que pode obter no país, a partir da produção de sementes de alta qualidade.
Pelo menos duas diretrizes da política agroindustrial do país referem-se ao tema das sementes, de acordo com a importância que tem a agricultura, elevada ao nível de segurança nacional pelo presidente cubano, Raúl Castro.
Não é por acaso que uma dessas duas diretrizes proponha desenvolver uma política integral que contribua para potencializar produção, benefício, conservação e comercialização de sementes.
A outra diretriz propugna continuar com a redução de terras improdutivas e aumentar o rendimento mediante a diversificação, a rotação e o policultivo, desenvolvendo uma agricultura sustentável em harmonia com o meio ambiente, que propicie o uso eficiente dos recursos fito e zoogenéticos. Inclui as sementes, as variedades, a disciplina tecnológica, a proteção fitossanitária e a potencialização da produção, assim como o uso de adubos orgânicos, biofertilizantes e biopesticidas.
Sábias considerações
O papel das sementes é estratégico, pois verificou-se que, em nível mundial, nos últimos 100 anos 50% do incremento do rendimento agrícola ocorreu devido à qualidade das sementes e variedades de alto potencial produtivo e livres de patógenos.
A outra metade corresponde aos insumos, isto é, adubos, bioplaguicidas, água e outros recursos necessários ao crescimento das plantas, declarou a Prensa Latina o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas de Alimentos Tropicais (Inivit, na sigla em espanhol), Sergio Rodríguez, em um recente Congresso dos técnicos agrícolas e florestais, no Hotel Nacional.
De maneira que, se não dispusermos de sementes de qualidade e de variedades de alto potencial produtivo, os insumos não terão a resposta produtiva que devem ter, explicou Sergio Rodríguez, que é também membro do Conselho de Estado.
Por isso – acrescentou o especialista -, antes de investir em insumos, é preciso obter boas sementes e variedades.
De acordo com Rodríguez e outros especialistas, a experiência de não poucas cooperativas e pequenos produtores rurais que obtêm grandes colheitas deve-se ao uso de sementes e variedades com as características mencionadas, à utilização adequada de adubos e bioplaguicidas, sem descuidar nenhum dos cuidados agrotécnicos dados aos cultivos.
Em relação a este último ponto, Prensa Latina conversou com Hilario Juan Gómez, proprietário da fazenda El Collazo, do município de Alquízar (a cerca de 40 quilômetros a sudeste da capital), que cultiva batata há mais de meio século.
Gómez consegue rendimentos de mais de 40 toneladas por hectare – muito acima da média mundial – em primeiro lugar com o uso de boas sementes e variedades.
Recordou que o líder máximo da Revolução, Fidel Castro, visitou sua fazenda em 23 ocasiões desde 1991, interessado nos altos rendimentos que obtém nela este veterano agricultor.
Autoabastecimento
O diretor do INIVIT assevera que Cuba pode autoabastecer-se de todas as sementes de que necessita para os cultivos do país, o que logicamente requer a integração da atividade de técnicos, produtores e centros científicos.
Ou seja – enfatiza o especialista -, é preciso um sistema que produza sementes em todos aqueles cenários nos quais seja possível capacitar aqueles que necessitem e conscientizar produtores e pesquisadores de que o êxito consiste na integração das etapas que têm a ver com as sementes e com as variedades.
O país dispõe de 11 biofábricas, construídas há várias décadas por orientação de Fidel Castro, concebidas para propagar sementes de qualidade, de alto potencial produtivo e livres de pragas e virus.
Etapa crucial
De acordo com o diretor geral da Empresa de Produção e Comercialização de Sementes, Manuel Rodríguez, do Ministério da Agricultura, a produção de sementes tem alta prioridade, o que se aprecia no trabalho organizativo que vem sendo realizado e no que está previsto a médio e longo prazos.
A produção de sementes como empresa surgiu no país há meio século, mas nos anos do período especial (crise que surgiu depois do desaparecimento do socialismo na Europa do Leste e da União Soviética), enfrentou dificuldades que afetaram a atividade.
Segundo o diretor, ultimamente, primeiro foi criada uma Diretoria de Sementes, para trabalhar de forma conjunta neste âmbito fundamental, a partir da existência dos institutos de pesquisa, das biofábricas, das fazendas integrais e da recuperação das instalações de benefício e dos laboratórios, visando dignificar o trabalho relacionado com as sementes.
Relatou que a atual denominação da empresa data de 2008 e que a entidade conta com representações em todas as províncias e que sua razão de ser é a atenção à base produtiva. Este ano preveem produzir quatro milhões de vitroplantas.
Disse também que está sendo executado um amplo programa de investimentos, voltado ao fortalecimento da produção e desenvolvimento das sementes a partir do melhoramento das fábricas e laboratórios, e inclui maior cooperação com os centros científicos, entre eles os institutos de pesquisas fundamentais da Agricultura Tropical, de Grãos, de Engenharia Genética e Biotecnologia, e o INIVIT, entre outros.
Cuba nunca importou sementes de grãos (feijão e milho, fundamentalmente) e reproduz as variedades adaptadas às condições tropicais.
Quanto às sementes de hortaliças, o país adquire do exterior basicamente as de cebola, híbridos para o cultivo protegido de tomate, pimentão e pepino, enquanto as restantes são das variedades cubanas patrocinadas pelos institutos de pesquisa do Ministério da Agricultura.
Historicamente as boas sementes têm sido consideradas como símbolos, fatores básicos para a realização do desejo humano de alcançar abundância agrícola e segurança alimentar.
Apesar da recuperação vivenciada pelo setor nesta e em outras atividades, o país ainda não conseguiu dar o salto de que necessita no crescimento da produção agrícola, indispensável para reduzir importações de alimentos e obter maior fomento do desenvolvimento econômico.
* Prensa Latina de Havana para Diálogos do Sul