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Cuba festeja 55 anos de Revolução

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

Manuel Guerrero* 

55 anos da revolução cubana3Cuba comemorou no dia primeiro de janeiro o 55º aniversário do triunfo da Revolução encabeçada por Fidel Castro, e juntamente com o inventário dos avanços enfrenta o futuro com a atualização do modelo econômico e social estabelecido depois da derrocada da ditadura de Fulgêncio Batista.

O presidente Raúl Castro, um destacado chefe da guerrilha que liquidou em 1º de janeiro o regime vigente desde março de 1952, expressou recentemente que o processo continuará “sem pressa, mas sem pausas, apesar dos vários apelos bem intencionados e outros que não o são”.

“Nem nós, a chamada direção histórica da Revolução, nem as novas gerações permitiremos que se perca a obra da Revolução; não haverá espaço para submeter nosso povo aos falidos pacotes de ajuste que condenam à miséria as grandes maiorias”, disse ante o parlamento de seu país.

“Em Cuba revolucionaria”, advertiu, “nunca admitiremos terapias de choque como as que estamos vendo na rica e chamada culta Europa, que submergiriam o país em um clima de divisão e instabilidade, que sirva de pretexto para aventuras intervencionistas contra a nação”.

Na madrugada de1º de janeiro de 1959 una frota de quatro aviões, com Batista e pessoas próximas a bordo saiu do

Acampamento de Columbia, a principal instalação militar do país, com destino à República Dominicana, onde foi acolhido por seu colega Rafael Leónidas Trujillo.

Uma bem sucedida ofensiva da guerrilha dirigida por Fidel e Raúl

revolucao_cubana_1Castro, na antiga província de Oriente, e por Ernesto Che Guevara e Camilo Cienfuegos, no território central de Las Villas, liquidou um regime que matou quase 20 mil pessoas.

O ex-general havia derrotado o presidente Carlos Prío Socarrás, em 10 de março de 1952, quando eram preparadas eleições gerais, nas quais não tinha nenhuma possibilidade de ser eleito.

Enquanto os partidos políticos opositores aceitaram com passividade o rompimento da ordem constitucional, Fidel Castro começou a organizar um movimento insurrecional que, no dia 26 de julho de 1953 fracassou ao tentar ocupar a segunda fortaleza militar do país com uma centena de jovens.

Condenado a 15 anos e anistiado por pressão popular, foi para o México em maio de 1955, de onde regressou no dia 2 de dezembro de 1956, na iate Granma para iniciar a luta guerrilheira que, em dezembro de 1958 tornava impossível a permanência do tirano no poder.

O governo dos Estados Unidos, que deu a Batista apoio econômico e militar desde o primeiro momento, finalmente comprovou que a sua sorte estava lançada e começou a buscar uma solução que não fosse a vitória rebelde.

Com esse propósito, o embaixador estadunidense em Havana, Earl T. Smith, comunicou-lhe no dia 17 de dezembro desse ano que “o Departamento de Estado via com ceticismo qualquer plano ou intenção de sua parte que significasse permanecer indefinidamente em Cuba”.

Em seu livro “O quarto andar”, o ex-embaixador reconhece que “os Estados Unidos, diplomática, mas claramente, haviam dito ao presidente da República que devia ir embora de seu próprio país”.

Smith revela que lhe recomendou “uma ordenada transmissão de poderes” e Batista, a partir dessa conversa começou a manobrar para proteger sua partida e os interesses que ele representava, mediante a formação de una junta militar que impedisse o triunfo rebelde.

Em uma reunião com o chefe do Estado Maior Conjunto, major general Francisco Tabernilla, e outros altos oficiais, o governante ordenou-lhes que buscassem “uma solução nacional”.

Tabernilla dispôs que o general Eulogio Cantillo, chefe de

Operações no Oriente pedisse uma entrevista a Fidel Castro, na qual o alto oficial se comprometeu a iniciar um movimento militar no dia 31 de dezembro que depusesse Batista e desse apoio incondicional à vitoriosa guerrilha.

fidel-declaracion-del-caracter-socialista-revolucion-580x385O atual líder histórico da Revolução informou, no dia 1ª de janeiro em Santiago de Cuba, depois da rendição da cidade após a fuga do tirano, que Cantillo não cumpriu sua palavra, ao participar da formação de uma junta em Havana, à frente da qual colocaram o magistrado mais velho do Tribunal Supremo de Justiça, Carlos Manuel Piedra.

Aquela efêmera junta cívico-militar, com Cantillo como chefe do Estado Maior do Exército, morreu praticamente ao nascer, pois inclusive o plenário do máximo tribunal se negou a legitimá-la em virtude de seu caráter espúrio.

Fidel Castro denunciou que essa manobra, à qual qualificou de golpe ambicioso e traidor, foi feita de acordo com Batista para permitir que escapasse.

“Revolução, sim; golpe militar, não!”, exclamou nesse mesmo dia em pronunciamento por rádio.

O contundente rechaço do chefe militar guerrilheiro paralisou a ação e Cantillo, em um último intento, mandou buscar na Ilha de Pinos, ao sul da capital, militares presos por uma conspiração no dia 4 de abril de 1956 e entregou o mando do exército ao coronel Ramón Barquín.

Este oficial tampouco pode controlar a situação e no dia 2 de janeiro Camilo Cienfuegos ocupou o Acampamento de Columbia, onde na noite de 31 de dezembro Batista deu os últimos retoques a um plano que considerava salvador.

Os cubanos despertaram no primeiro dia do ano de 1959 sem saber que o ditador tinha ido embora furtivamente na madrugada anterior, e com a surpresa de ver nas ruas jovens revolucionários que ocuparam delegacias de polícia e dependências oficiais.

O jornalista Carlos Lechuga foi o primeiro a dar a notícia da fuga, às 10 de manhã, pelo canal 2 de televisão. Antes, as emissoras de rádio só haviam se referido a “transcendentais fatos que estavam ocorrendo”.

55 anos da revolução cubana1Salvo alguns combates esporádicos com elementos paramilitares em alguns locais do centro de Havana, a normalidade imperou tanto na capital como no interior do país, onde as milícias rebeldes tomaram o controle.

O panorama na capital foi descrito pela popular revista Bohemia da seguinte forma: “A cidade ocupou as ruas, tanto tempo ausentes do calor popular; repicaram os sinos e nos balcões e janelas surgiram bandeiras cubanas e o símbolo vermelho e negro do M-26-7 (Movimento 26 de Julio, a organização dirigida por Fidel Castro); (…) um exército civil tinha ocupado a rua frustrando toda possibilidade de um contragolpe e anulando as possibilidades da traição de Eulogio Cantillo”, comentou a seção “Em Cuba”, a mais importante da publicação.

Enquanto essas ações se desenrolavam em Havana, Fidel Castro entrava em Santiago de Cuba e em seu primeiro discurso após o triunfo disse que “a Revolução começa agora (…) não será uma tarefa fácil (…) será uma empresa dura e cheia de perigos, sobretudo nesta etapa inicial”.

Mais de meio século depois dessa advertência desenvolve-se no país um processo de atualização do modelo econômico e social, que busca consolidar o que foi alcançado e avançar mediante novas formas de gestão, sem renunciar ao socialismo.

*Prensa Latina de Havana para Diálogos do Sul


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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