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Debate sobre Cuba na história

Gustavo Espinoza M.

Tradução:

Gustavo Espinoza M.*

simpósio Internacional “Cuba na História”Na quinta-feira, 4 de fevereiro, haverá sessão solene no plenário do palácio Legislativo peruano, dando início ao simpósio Internacional “Cuba na História”, que se estenderá até sábado 6, em que se analisará o processo cubano e sua incidência no cenário continental de América Latina.

Sete conferencias de cinco países -Cuba, Venezuela, Equador, Nicarágua e Bolívia– se unem a nove peruanos para abordar, com critério acadêmico, uma agenda muito fértil, vinculada a história e às experiências vividas pelos povos de Nossa América ao longo do século XX e o que transcorre  do século XXI.
De maneira objetiva e criadora, buscando a explicação social e científica do ocorrido, e sem recorrer a estereótipos formais, os analistas escavarão fundo na realidade continental como maneira de visualizar o horizonte no marco das celebrações continentais do bi-centenário da independência da América do jugo colonial.
Por iniciativa do Coletivo de Pensamento e Cultura -Solicuba-, que funciona no Peru, e a Rede de Intelectuais em Defesa da Humanidade, Capítulo Peru, e graças ao auspício do parlamentar Manuel Dammert Ego Aguirre, os assistentes ao evento terão oportunidade de abordar três grandes temas.
Na cerimônia inaugural, palavras de Carlos Fonseca -filho do fundador da Frente Sandinista de Libertação Nacional – César Lévano e Manuel Dammert, entre outros destacados representantes do pensamento e da cultura desenharão o roteiro a seguir nos próximos dias.
Na manhã de sexta-feira o debate centrará sobre a experiência de Cuba e América Latina antes de janeiro de 1959. A questão das populações originarias, o domínio colonial, a guerra da independência, a contribuição de José Martí e do Partido Revolucionário Cubana, a presença ianque em Cuba e na América Latina, a República burguesa e as ditaduras tradicionais, os trabalhadores e suas lutas, as iniciativas revolucionarias e suas ações; o Moncada, o 26 de Julho, a Guerrilha de Sierra Maestra e sua vitória, constituem os elementos desta etapa da história.
Num cenário mais amplo, a dilacerante realidade da América Latina sobretudo na primeira parte do século XX, estará na base da reflexão do coletivo.
No período da tarde se abordará o processo continental a partir de janeiro de 1959 até o reestabelecimento das relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos marcado pelos históricos acontecimentos de 17 de dezembro de 2014 e sua repercussão. Nesse ponto do temário se abordará o desmoronamento do regime ditatorial de Batista, as primeiras ações de Cuba no novo cenário, o papel das classes e dos partidos políticos nesse país e na América Latina; o papel de Estados Unidos e a política imperialista, as ações contra-revolucionárias, o bloqueio, a invasão por Playa Girón, a Crise dos Mísseis, o terrorismo, o papel da URSS e do campo socialista, os avanços de Cuba na construção da nova sociedade. A educação, a saúde, o esporte e a vida familiar, a arte e a cultura. O desmantelamento da URSS e o período especial. Cuba hoje e o processo político de América Latina nesse período.
No sábado, de manhã e de tarde, se abordará o terceiro ponto do tesoiro: A incidência de Cuba no processo continental de América Latina e os acontecimentos de nosso tempo. Os expositores abordarão cada um dos processos políticos que transcorrem hoje na América Latina.
Assim, será possível conhece mas detalhadamente os avanços do Estado Plurinacional de Bolívia conduzido pelo presidente Evo Morales; a Revolução Cidadã do Equador; a experiência bolivariana de Venezuela; a consolidação do regime Sandinista na Nicarágua, assim como os alcances do estimulante processo cubano nos dias de hoje, quando, como disse o papa, “Cuba se abre para o mundo e o mundo se abre à Cuba.
Para cada um desses haverá quatro expositores, um total de 16, dispondo cada um de 30 minutos. Assim, cada tema terá duas horas de exposição e uma de debate extendido aos assistentes que poderão formular perguntas.
O simpósio ocorre num ano particularmente significativo. Se completam 163 anos do nascimento de José Martí, que deu a vida na luta pela independência de Cuba, projetando suas bandeiras por toda América Latina; a Revolução Cubana celebra 57 anos de existência nesse mundo convulsionado; e quando Fidel Castro chega aos 90 anos de idade, absolvido pela história e respeitado em todo o mundo.
Que um evento como esse transcorra no Peru, não é de se estranhar. Nossos povos -peruano e cubano- estão unidos pelo sangue de cubanos que lutaram por nossa independência na heróico jornada de Ayacucho, em 1824; pelo exemplo de Leoncio Prado, combatendo contra o jugo colonial em Cuba; pelas palavras amáveis e sábias de Raúl Porras em São José da Costa R?ica, pela foto de Fidel Castro doando sangue para os peruanos em 1970; pelo sacrificado de Elídio Beróvides nos paramos andinos do norte do país; pelos médicos peruanos formados em La Habana; e também pelas inúmeras expressões de amizade e solidariedade que nos unem há séculos.
O simpósio se propõe forjar um grão de areia mais na luta pela unidade continental numa circunstância em que se acirra a ofensiva contra o processo libertador de nossos povos. Como bem dizia José Carlos Mariátegui “os povos de América se movem numa mesma direção. A solidariedade de seus destinos históricos não é uma ilusão da literatura americanista. Estes povos, realmente, não só são irmão na retórico como também na história”.
Que esta jornada seja um acumulo de vitórias˜
*Colaborador de Diálogos do Sul, de Lima, Peru.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.
Gustavo Espinoza M. Jornalista e colaborador da Diálogos de Sul em Lima, Peru, é diretor da edição peruana da Resumen Latinoamericano e professor universitário de língua e literatura. Em sua trajetória de lutas, foi líder da Federação de Estudantes do Peru e da Confederação Geral do Trabalho do Peru. Escreveu “Mariátegui y nuestro tiempo” e “Memorias de un comunista peruano”, entre outras obras. Acompanhou e militou contra o golpe de Estado no Chile e a ditadura de Pinochet.

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