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Dia da Vitória: Enquanto exército nazista avançava sobre Rússia, Ocidente lavou as mãos

Países "aliados" estavam seguros de que, depois de saciada a voracidade germana, poderiam “entender-se” com os homens da suástica
Gustavo Espinoza M.
Diálogos do Sul Global
Lima

Tradução:

Este ano o mundo celebra 77 anos do fim da II Guerra Mundial que, em paralelo, significou a derrota do regime nazista, instaurado na Alemanha sob a condução de Adolf Hitler 12 anos antes, em janeiro de 1933.

A força vencida, representada pelo general Wilhem Keitel, firmou a rendição de seu país ante o Mando Soviético liderado pelo Marechal do Exército Vermelho Gueorgui Zhukov após uma horrenda guerra de extermínio e de morte que legara à humanidade quantiosas perdas.

A cerimônia teve lugar em 8 de maio às 22 horas e 43 minutos, mas na hora de Moscou já eram 43 minutos da madrugada, razão pela qual foi considerado sempre o 9 de maio como o Dia da Vitória. Hoje se conserva essa denominação.

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Comemorar esta data, e celebrá-la, implica o reconhecimento ao heroísmo daqueles que fizeram possível a queda das forças do Eixo, e a quebra de um projeto genocida que tentou escravizar o mundo. “Um milênio de domínio Pardo”, foi a promessa de Hitler quando, encorajado pelo poder de grandes corporações germanas, lançou-se à aventura de subjugar o mundo.

Países "aliados" estavam seguros de que, depois de saciada a voracidade germana, poderiam “entender-se” com os homens da suástica

Kremlin

Dia da Vitória celebra queda do projeto genocida que tentou escravizar o mundo

A história deste conflito começou muito antes da data que se estabelece como seu início – 1º de setembro de 1030, data da invasão alemã à Polônia. Seus antecedentes podem ser encontrados nos episódios que geraram a I Grande Guerra iniciada em 1914. 

Desde então, as camarilhas guerreiras alemãs, encabeçadas pelo general Erich Lunderdorff, sustentaram a ideia de restaurar o milenar “Sacrossanto Império Romano-Germânico” de Oton I. Sob essa consigna, incubou-se um duplo conceito: o poder do militarismo e a superioridade da raça ariana.

A derrota alemã de 1918 paralisou temporariamente essa expectativa, mas a crise do pós-guerra no solo teutônico a reavivou. Um obscuro cabo austríaco – Adolf Hitler – a encarnou.  

Inicialmente não se deu importância a esse homem insignificante, de voz tonitruante, que estremecia os microfones da Rádio Berlim com discursos virulentos. Houve aqueles que o consideraram simplesmente um desquiciado que não iria longe. 

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Não quiseram se dar conta, ou perceber que atrás desse fantoche estava a voracidade das grandes empresas – os Krupp, por exemplo – um poderoso consórcio industrial e financeiro que sonhava ampliar ilimitadamente suas possibilidades negociando com similares dos Estados Unidos, Inglaterra e outros países.

Por isso, desde o início, a ofensiva do regime nazista se orientou na Alemanha a dobrar a resistência da classe operária e quebrar a espinha ao seu partido mais representativo, o KDP. Era esse o ponto de partida para dirigir suas baterias contra Moscou, quebrar a URSS e apoderar-se das imensas riquezas situadas além dos Montes Urais.

Dominar a Europa, devorar países pequenos ou médios governados por mandatários débeis ou sumidos, marcou o início das jornadas bélicas a partir do final dos anos 30. 

Os governantes ocidentais mostraram sua cumplicidade em Munique – 1938 – quando entregaram primeiro a Espanha e depois a Checoslováquia ao regime nazista, desampararam a Polônia em 39 e guardaram silêncio em 40 quando as tropas hitlerianas desfilaram sob o Arco de Triunfo, em Paris, e desfrutaram no Boulevard de La Madeleine. Nesse momento já estava tudo elaborado para mirar o oriente, e atacar a URSS.

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O Golpe contra o país soviético, se iniciou em 21 de junho de 1941 – a Operação Barba Vermelha – prevista para resolver-se em só três meses. Em 7 de outubro desse ano, os agressores estavam a 14 quilômetros do Kremlin. Leningrado estava sitiada e o exército atacante acossava Stalingrado.

Entretanto, os governantes ocidentais esfregavam as mãos, seguros que depois de saciada a voracidade germana eles poderiam “entender-se” com os homens da suástica. Por isso permaneceram inativos e só resolveram abrir a “segunda frente” em 6 de junho de 1944, na Normandia.

Naqueles anos foi sublime a luta do povo soviético. Leningrado não caiu, mas sofreu quase 900 dias de dor e de morte. E Stalingrado marcou a epopeia mais grandiosa. Depois, a batalha do Arco de Kurts, a libertação de Jharkov, de Lvov e da Ucrânia inteira, assim como da Bielorrússia – os pontos mais altos da luta – marcaram a expulsão dos nazistas do território soviético.

Depois, a guerra se travaria na Europa do Leste e o Exército Vermelho combateria vitoriosamente na Polônia, na Checoslováquia, na Hungria, na Romênia, Bulgária, Albânia, Iugoslávia, e até libertaria a Áustria para arribar em solo alemão em 44. Em 30 de abril de 45, a Bandeira Vermelha foi içada no mastro do Reichstag e poucos dias mais tarde cairia Berlim. Tudo estava consumado. 

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A derrota do nazi fascismo foi estrondosa. Mussolini – admirado por Churchill por muitos anos – foi capturado pelos partisanos italianos que o fuzilaram e o exibiram pendurado na Piazota Lareta no norte de Milão. Hitler se tirou a vida e os seus fugiram como ratazanas. Alguns morreram, e outros foram julgados em Nuremberg em 1946.

A URSS triunfou, mas viu destruídas 1.710 cidades, 70 mil povoados ou aldeias, 32 mil empresas industriais, 98 mil granjas, 69 mil quilômetros de vias férreas; e, sobretudo, registrou 25 milhões de mortos. Nenhum dos “países aliados” teve perdas semelhantes. 

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Hoje, quando a OTAN e a política guerreira dos Estados Unidos estimula o renascimento do nazismo, a União Soviética está representada pelas Repúblicas Populares de Donetsk, Lugansk, Crimeia, Transnistria e outras populações e conta com o apoio da Rússia inteira e a ativa simpatia de milhões que se recusam a crer as infâmias da “Grande Imprensa” que endeusa os Hitlers de nosso tempo que outra vez ameaçam o mundo.

Gustavo Espinoza M. é colaborador da Diálogos do Sul de Lima, Peru.
Tradução de Beatriz Cannabrava.



As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Gustavo Espinoza M. Jornalista e colaborador da Diálogos de Sul em Lima, Peru, é diretor da edição peruana da Resumen Latinoamericano e professor universitário de língua e literatura. Em sua trajetória de lutas, foi líder da Federação de Estudantes do Peru e da Confederação Geral do Trabalho do Peru. Escreveu “Mariátegui y nuestro tiempo” e “Memorias de un comunista peruano”, entre outras obras. Acompanhou e militou contra o golpe de Estado no Chile e a ditadura de Pinochet.

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