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No Dia da Liberdade de Imprensa, jornalistas divulgam manifesto pela libertação de Assange

Ativista aguarda confirmação de extradição pela justiça da Inglaterra, onde está preso há três anos; nos EUA, ele pode ser condenado à pena de morte
Guilherme Ribeiro
Diálogos do Sul
Bauru (SP)

Tradução:

Jornalistas, professores, estudantes , pesquisadores e organizações de jornalistas divulgaram, nesta terça-feira (3), um manifesto por Julian Assange, pedindo pela libertação do ativista, preso na Inglaterra, e contra sua extradição para os Estados Unidos. Publicado no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, o protesto lembra – como ocorre em outras datas “comemorativas” –  do pouco que há a celebrar e dos tempos perigosos que vivemos.

Criador da plataforma Wikileaks, Assange é julgado por coletar e denunciar crimes de guerra, assassinatos, prisões clandestinas, torturas, entre outras violações cometidas pelos EUA e aliados. Ele próprio torturado psicologicamente, está há três anos na prisão de alta segurança de Belmarsh, na Inglaterra, enquanto aguarda a ratificação de sua extradição, já autorizada. A assinatura depende da Secretária de Estado para Assuntos Internos do Reino Unido, Priti Patel.

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“[…] A permanência de Assange na prisão representará um passo na criação de um estado de exceção em escala mundial, compatível com uma nova desordem internacional já à vista no horizonte, que ameaça a liberdade de homens e mulheres e a autodeterminação dos povos”, adverte a carta. Nos EUA, ele pode ser condenado a até 175 anos de prisão, além de ser sentenciado à pena de morte.

Ativista aguarda confirmação de extradição pela justiça da Inglaterra, onde está preso há três anos; nos EUA, ele pode ser condenado à pena de morte

Anarchimedia – Flickr

"Assange é perseguido – e pode perder a vida – porque ousou dizer a verdade", lembra manifesto

O manifesto, questionando as autoridades e o judiciário britânico pela violação dos direitos de Assange, conta com a participação da Assembleia Internacional dos Povos e será lido em várias instâncias do legislativo em todo o país, um esforço para fazer voz no Brasil e no mundo.

Confira o texto na íntegra:

Prisão e ameaça de extradição de Assange são agressões à liberdade de imprensa em todo o mundo    

Neste 3 de maio de 2022, Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, jornalistas de todo o mundo cumprem o dever de prestar homenagem a Julian Assange. 

Por sua luta,  determinação e exemplo, Assange contribuiu de modo decisivo para o avanço do conhecimento e da proteção do direito à informação em todo o planeta. 

Recolhido num presídio de segurança máxima na Inglaterra e ameaçado de extradição para os Estados Unidos – onde poderá  ser condenado à prisão perpétua e sentenciado à pena de morte –, seu “crime” é bem conhecido. Revelou segredos das máquinas de guerra das grandes potências, em particular do império estadunidense e aliados próximos. 

Denunciou mentiras, desmascarou falsos heróis, desvendou tratativas escusas entre governos. Comprovou denúncias de execução e tortura de prisioneiros e de jornalistas. 

Num exemplo de rigor profissional, suas revelações sempre foram acompanhadas por farta documentação e por fotos e vídeos cuja veracidade jamais foi contestada.

Este é o drama com a liberdade de informação neste 3 de maio de 2022. Assange é perseguido – e pode perder a vida – porque ousou dizer a verdade. Não falsificou os fatos, não omitiu, não distorceu, não mentiu nem enganou. Apenas cumpriu o dever de apurar a dura realidade deste nosso  século XXI. Também não lhe faltou coragem para reportar o que descobriu. 

Pelas responsabilidades que assumiu, pelos riscos que enfrentou, a permanência de Assange na prisão representará um passo na criação de um estado de exceção em escala mundial, compatível com uma nova desordem internacional já à vista no horizonte, que ameaça a liberdade de homens e mulheres e a autodeterminação dos povos. 

Em nome de seu direito à liberdade – e também pela preservação de conquistas que interessam a toda a humanidade – só há uma medida correta a tomar: libertar Julian Assange já.

Associação Brasileira de Ensino de Jornalismo – ABEJ
Associação Brasileira de Imprensa – ABI
Associação Brasileira de Mídia Digital – ABMD
Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo – SBPJOR
Associação Profissão Jornalista – APJor
Centro Acadêmico Benedito Paixão – Jornalismo – PUC-SP
Centro Acadêmico Vladimir Herzog – Jornalismo – Cásper Líbero
Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ
Instituto Vladimir Herzog – IVH
Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental – RBJA
Rede de Jornalistas pela Diversidade na Comunicação (Jornalistas Pretos)
Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais – SJMG
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná – Sindijor – Paraná
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná – Sindijor – Paraná
Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo – SJSP
Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Rio de Janeiro – SJPERJ
Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia – SinjorBA
Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de Goiás
Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Município do Rio de Janeiro – SJPMRJ

Brasil, 3 de maio de 2022.

Para mais informações:
Giovani del Prete, da Assembleia Internacional dos Povos (AIP) em São Paulo: +55 (11) 95913-8563 (WhatsApp)
Fred Ghedini, da APJor: +55 (11) 99649-6679 (WhastsApp)
Mara Ribeiro: +55 (11) 99221-5201

Guilherme Ribeiro é colaborador da Diálogos do Sul.



As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Guilherme Ribeiro Jornalista graduado pela Unesp, estudante de Banco de Dados pela Fatec e colaborador na Revista Diálogos do Sul.

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