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Até quando? Predileção de Bolsonaro pela morte é antiga e precisa ser enfrentada

Já nem se pode dizer que sejam só apitos de cachorro; incitação à violência política por parte de Bolsonaro e seus asseclas é cada vez mais explícita
Lúcia Rodrigues
Holofote
São Paulo (SP)

Tradução:

O discurso de ódio destilado por Jair Bolsonaro ao longo de mais de três anos e meio à frente da Presidência da República provocou a primeira morte por motivos políticos, na noite deste sábado, 9, em Foz de Iguaçu, no Paraná.

O bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho invadiu a festa de aniversário do dirigente petista Marcelo Arruda, que comemorava 50 anos de vida, e o executou friamente na frente de parentes e amigos após vociferar contra a esquerda.

Já nem se pode dizer que sejam só apitos de cachorro, porque a incitação à violência política por parte de Bolsonaro e seus asseclas é cada vez mais explícita e enfática na convocação do rebanho para ataques aos opositores.

Durante a campanha de 2018, já havia verbalizado que era preciso fuzilar a petralhada.

No discurso após a eleição, falando aos apoiadores que estavam na avenida Paulista e o acompanhavam por um telão, disse que levaria a oposição para a ponta da praia, em uma clara alusão de que pretendia matá-la.

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A predileção de Bolsonaro pela morte é antiga.

Nos anos 1990, ainda deputado, afirmava que o erro da ditadura militar foi ter torturado e não matado. Ele achava pouco o número de mortos e desaparecidos políticos provocados pelos gorilas fardados.

Aliás, sempre fez chacota dos desaparecidos da Guerrilha do Araguaia. Chegou a imprimir cartazes em que se lia que quem gostava de osso era cachorro.

Celebrou no plenário da Câmara a memória do coronel torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, durante a votação do impeachment de Dilma Rousseff.

Passou incólume, sem que nada lhe acontecesse durante quase três décadas de Parlamento.

Chegou onde chegou.

Em maio deste ano, em evento na Associação Paulista de Supermercados, destilou mais uma vez ódio contra os adversários sem nenhum tipo de reprimenda.

“Agora tá todo mundo reunido ao lado do ‘nine’ (se referindo a Lula), para organizar a campanha dos caras, pô. A vantagem que a gente tá vendo nisso tudo, que tudo que não presta tá se juntando.”

Para na sequência afirmar: “É bom que um tiro só, mata todo mundo ou uma granadinha só, mata todo mundo”.

Num primeiro momento vieram ataques com drone e bomba contra palanques de Lula, ontem vieram tiros contra um dirigente petista.

Já nem se pode dizer que sejam só apitos de cachorro; incitação à violência política por parte de Bolsonaro e seus asseclas é cada vez mais explícita

@crisvector – Reprodução Twitter (editada)

Até quando a esquerda vai assistir de braços cruzados as ameaças bolsonaristas se concretizarem?!

Paralelamente ao discurso de violência contra a esquerda, Bolsonaro arma seus seguidores.

Os chamados CACs (Colecionares, Atiradores e Caçadores) giram hoje em torno de 600 mil pessoas e devem chegar a um milhão até ao final do ano.

Isso sem contar o armamento que está nas mãos das milícias e da chamada segurança privada, que é comandada em grande medida por gente ligada aos porões.

É óbvio que esse arsenal nas mãos de seus apoiadores tem um claro objetivo político.

E ele não esconde isso de ninguém. Na live do último dia 7, disse que os seguidores sabem o que têm de fazer antes das eleições.

Se levarmos em conta o apoio que Bolsonaro tem entre contingente expressivo das polícias e Forças Armadas, o problema se intensifica.

Até quando a esquerda vai assistir de braços cruzados as ameaças bolsonaristas se concretizarem?!

Lúcia Rodrigues | Holofote


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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