A noite de sábado (19) no Club Q, em Colorado Springs, tinha no programa um espetáculo com música punk e alternativa e, para domingo, estava prevista uma festa para assinalar o Dia da Memória Trans, a data que homenageia as vítimas da violência transfóbica. Não se sabe se foi a proximidade da efeméride que levou Anderson Lee Aldrich, de 22 anos, a entrar na discoteca com uma espingarda automática pouco antes da meia-noite e começar imediatamente a disparar.
Segundo os donos da discoteca, os disparos teriam durado cerca de dois minutos, até que um homem confrontou e desarmou o atirador e com ajuda de outro cliente do bar conseguiram imobilizá-lo ainda antes da chegada da polícia. “Nem sequer sei os nomes destas pessoas”, disse Nic Grzecka ao Washington Post, “mas o que eles fizeram foi incrível”. Os dois cidadãos teriam contribuído para que o ataque não fizesse mais vítimas e se assemelhasse ao ocorrido há seis anos na discoteca Pulse, em Orlando, no estado da Florida, quando um atirador matou 49 pessoas.
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Segundo a imprensa, Aldrich não era um desconhecido da polícia. No ano passado, ele teria feito uma ameaça de bomba e ameaçado a própria mãe, que chamou a polícia, tendo acabado por se render ao fim de quase uma hora de cerco policial. No entanto, esse antecedente não o impediu de conseguir ter acesso a armas e munições que usou para efetuar o ataque de sábado.
Este atentado volta a chamar a atenção para o fenômeno dos tiroteios em massa – quando mais de quatro pessoas são vitimadas, excluindo o autor – nos Estados Unidos, que neste ano já ultrapassaram a marca dos 600 casos. Além disso, aponta também para o aumento da violência contra a comunidade LGBTQIA+, que surge acompanhada das iniciativas políticas e da retórica agressiva por parte dos grupos conservadores.
Para Jay Brown, vice-presidente da Human Rights Campaign, estes atos de violência não podem ser dissociados das tentativas por parte de alguns estados de limitar os direitos dessa comunidade. “Só neste ano já vimos mais de 340 leis anti-LGBTQIA+ serem apresentadas”, afirma o ativista, sublinhando que estas iniciativas vêm acompanhadas de retórica anti-LGBTQIA+ online e por parte de políticos, a par de ameaças concretas.
No próprio estado do Colorado, um dos mais favoráveis aos direitos LGBTQIA+, vale lembrar que a deputada republicana e ativista pelo porte de armas Lauren Boebert, que não poupa insultos quando se dirige à comunidade transgênero, acusando-a de ser um perigo para as crianças. Boebert também qualifica espetáculos de drag para famílias como uma “depravação”. Por isso, a sua mensagem de condenação do ataque nas redes sociais foi criticada como hipócrita por outros políticos do estado.
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Na vigília que se seguiu ao ataque, muitas pessoas recordavam outro ataque a tiros que marcou a comunidade de Colorado Springs em novembro de 2015, quando um atirador dos movimentos anti-aborto abriu fogo contra uma clínica de planejamento familiar, matando três pessoas e ferindo outras nove. Outras lembraram a discoteca como um dos poucos locais seguros para os jovens LGBTQIA+ numa cidade conhecida pelo seu conservadorismo.
Numa declaração feita no domingo, o presidente norte-americano Joe Biden reconheceu que “a violência armada tem um impacto particular nas comunidades LGBTQIA+ em todo o país” e insistiu que é preciso “enfrentar a epidemia de saúde pública da violência com armas sob todas as formas”, bem como “afastar as iniquidades que contribuem para a violência contra as pessoas LGBTQIA+”.
Redação | Esquerda.net
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