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"Quero justiça": Galo de Luta, dos Entregadores Antifascistas, denuncia violência policial

“Começavam a falar essas ideia aí: 'faz o L, vocês não gostam de queimar as coisas’?”, relata o ativista
Beatriz Drague Ramos
Ponte Jornalismo
São Paulo (SP)

Tradução:

O entregador Paulo Roberto da Silva Lima, conhecido como Galo, líder dos Entregadores Antifascistas, revelou neste sábado (04/03), em suas redes sociais, ter sido torturado por policiais militares, na região oeste da cidade de São Paulo, no dia 15 de fevereiro. 

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Nas publicações, ele também postou fotos das agressões, as imagens mostram inúmeras lesões, na boca, dedos de uma das mãos e um dos braços machucados.

Em vídeo publicado no seu perfil do Instagram, Galo afirmou que tudo começou quando foi abordado por não utilizar capacete no túnel que liga as avenidas Rebouças e Eusébio Matoso, passando sob a avenida Faria Lima, na zona oeste da capital paulista. 

Segundo ele, havia de sete a oito viaturas com policiais militares, além de motocicletas da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (ROCAM). Galo disse que também foi agredido no túnel. “Eu fui pego dentro do túnel da Rebouças, que é aquele túnel ali que é depois do shopping Eldorado, então já tem imagem dentro do túnel dos caras me batendo ali”.

Na sequência, conforme o relato, Galo foi levado para uma delegacia, onde a sessão de agressões continuou. “Eles me torturaram na recepção”, disse. De acordo com o motoboy, os policiais também fizeram filmagens das agressões e teriam se lembrado de seu envolvimento no incêndio da estátua do bandeirante Borba Gato, em julho de 2021, em São Paulo. “Lá na delegacia eles acabaram descobrindo, inevitavelmente, que eu fiz a ação do Borba Gato e aí começaram a sessão de tortura deles lá.”

Os próprios militares registraram os ataques, segundo Galo. “Começaram a me agredir, me espancar, fazer filmagem minha, sendo humilhado no meio deles, para mandar nos grupos de WhatsApp. Os caras me queimaram com o equipamento lá que parecia um esmeril. Só que era de plástico, girava muito rápido. Eles encostavam no meu braço e queimavam”, relatou.

“Começavam a falar essas ideia aí: 'faz o L, vocês não gostam de queimar as coisas’?”, relata o ativista

Foto: Reprodução Instagram/ galodelutaoficial.
Paulo Galo pede ajuda da sociedade para que os militares envolvidos sejam responsabilizados e questiona o sistema político atual




Faz o “L”

Galo ainda disse que um dos policiais teria dito para ele “fazer o L”, em referência ao apoio ao presidente Lula. “E aí eles começavam a falar essas ideia aí: faz o L, ‘vocês não gostam de queimar as coisas’?”. O entregador afirmou que é preciso buscar as imagens de câmeras das fardas, das viaturas, da delegacia e do túnel que flagraram as agressões. 

Por medo de sofrer represálias, Galo não fez o exame de corpo de delito, pois segundo ele, seria preciso solicitar o procedimento em uma delegacia. “Se eu fizesse o corpo de delito já ia bater na delegacia que eu estava querendo correr atrás do problema. Então acabei não fazendo também. Só tirei fotos ali do que tinha acontecido.” Além disso, o entregador não registrou boletim de ocorrência pois teme riscos à família. 

Galo decidiu fazer a denúncia nas redes sociais neste sábado motivado pela vontade de lutar contra a violência policial sofrida por outras pessoas, que, muitas vezes, por serem anônimas não têm seus casos solucionados. “Quantos Galos existem no Brasil que estão sendo silenciados? Quantos Galos por aí, que não é conhecido, que sofre calado, que morre calado.”

O ouvidor das Polícias de São Paulo, Cláudio Aparecido da Silva afirmou que a Ouvidoria irá abrir um procedimento e solicitar as Câmeras Operacionais Portáteis (COPs) dos policiais que atuam na companhia na qual a vítima informou que ocorreram os fatos.


Outro lado

Procurada, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo disse que, até o momento, nenhuma denúncia foi registrada por parte de Galo. 

“A SSP esclarece que as polícias estão sempre prontas para apurar possíveis desvios de conduta e punir policiais que, de fato, ajam com truculência, como a apontada pelo relato nas redes sociais, no entanto, os detalhes informados são insuficientes para se identificar onde e quando os fatos ocorreram, bem como apontar os culpados. As Corregedorias das Polícias Civil e Militar estão à disposição para possíveis denúncias”, afirmou em nota. 

A Ponte também procurou o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, Silvio de Almeida por meio da assessoria de imprensa do órgão, mas não teve resposta até a publicação da reportagem.

Beatriz Drague Ramos | Repórter | Ponte Jornalismo


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Beatriz Drague Ramos

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