Esta semana, discursando no Painel Telesbrasil, um dos maiores eventos de lideranças do setor das telecomunicações do Brasil, os diretores das gigantes da área manifestaram preocupação com a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China.
O X da questão são as sanções de Washington contra a Huawei. A empresa chinesa tem fornecido equipamentos durante anos para a região sul-americana em redes de 2G, 3G, 4G, e 4,5G. Os empresários brasileiros estão preocupados com as consequências políticas do veto norte-americano à tecnologia asiática.
Segundo o presidente da Claro Brasil, José Félix, “seria um inferno se o governo [brasileiro] mexesse nessa questão”.
Na terça-feira (21), o vice-presidente Hamilton Mourão, que se encontra na China no âmbito da visita ao país asiático, disse que o governo brasileiro vê com bons olhos a empresa chinesa.
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"A Huawei está estabelecida no Brasil e vai fazer mais investimentos."
Ele também comentou o futuro da empresa no Brasil:
“A Huawei está estabelecida no Brasil e vai fazer mais investimentos. Na semana passada, recebi representantes da Huawei em meu gabinete em Brasília. Me apresentaram planos de expansão no país.”
No que diz respeito à preocupação com a privacidade de dados dos usuários brasileiros, Mourão mencionou uma “demonização” em relação a tudo que se produz na China e falou que é necessário “estabelecer confiança”.
Será que o Planalto vai seguir os passos do Tio Sam, como tem sido o costume durante a nova administração, ou o dinheiro vai falar mais alto? Para entender melhor a questão, Sputnik Brasil conversou com Orlando Bernardo Filho, engenheiro eletrônico e professor de Engenharia de Sistemas da Faculdade de Engenharia da UERJ.
O interlocutor da Sputnik Brasil explicou que as empresas sul-americanas têm adquirido “equipamentos de transmissão e recepção de dados” da Huawei.
As “Telecoms” precisam “processar um grande volume de dados”, acrescentou o especialista. “Ou seja, [os equipamentos] são muito caros de fato”, na ordem de milhões de dólares.
Por outro lado, argumentou Orlando Bernardo Filho, “o Brasil sempre manteve bom relacionamento com os EUA”. Por isso existe grande possibilidade do Planalto seguir o embargo norte-americano.
Nesse caso, segundo o engenheiro, “o impacto seria muito grande”.
O principal problema do setor, segundo o entrevistado, é o fato de “tudo no Brasil na área de circuitos integrados ser importado”.
José Roberto Soares, professor de Engenharia Elétrica da Universidade Mackenzie, concorda com essa avaliação.
“Para você trocar uma tecnologia os investimentos são muito altos”, disse ele para a Sputnik Brasil. “São estruturas construídas a longo prazo, no valor de bilhões de reais”.
“E 5G é uma tecnologia disruptiva…ela substituiria a fibra ótica”, explicou o professor.