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Governo de ocupação de Bolsonaro está dilapidando o patrimônio econômico do Brasil

Em bate-papo realizado pela TV Diálogos do Sul, o jornalista Paulo Cannabrava e a economista Ceci Juruá Vieira discutem o contexto histórico econômico brasileiro
Mariane Barbosa
Diálogos do Sul
São Paulo (SP)

Tradução:

As eleições de 2018 marcaram um fato que não acontecia há muito tempo na história brasileira: o recorde de votos nulos e brancos. A soma, que chegou ao total de 42 milhões de pessoas, foi o maior percentual já contabilizado pela Justiça Eleitoral desde 1989.

Considerando esse dado histórico, onde cerca de 30% da população não escolheu nenhum dos candidatos que concorriam à eleição para Presidência da República, o jornalista Paulo Cannabrava Filho e a economista e doutora em Políticas Públicas Ceci Vieira Juruá, em bate-papo realizado pela TV Diálogos do Sul, discutem a possibilidade de fraude eleitoral por interferência externa dos Estados Unidos e omissão do programa de governo de Jair Bolsonaro.

“Você acha, Paulo, que as pessoas iriam aprovar a destruição da Petrobras?”, questiona a economista. “Se ele alegasse que iria vender aos americanos, os europeus e noruegueses, quem iria ficar de acordo?”

Em bate-papo realizado pela TV Diálogos do Sul, o jornalista Paulo Cannabrava e a economista Ceci Juruá Vieira discutem o contexto histórico econômico brasileiro

Victor Moriyama | GreenPeace
"Sem soberania, nenhum país se desenvolve, nenhum povo vai em frente."

Reforçando a tese de fraude eleitoral, Cannabrava relembra que Jair Bolsonaro não participou dos debates. “Isso foi um complô porque mantiveram Lula preso, sem culpa, sem ser julgado. Tiraram o principal concorrente que podia ganhar a eleição. Então isso foi uma farsa em todos os pontos de vista”, diz. “O abuso do poder econômico e a interferência estrangeira já bastava para anular essa eleição.

Em meio aos ataques da imprensa internacional a Bolsonaro pela negligência com a Floresta Amazônica, Ceci afirma que o “governo de ocupação”, citado por Cannabrava está “dilapidando o patrimônio econômico e cultural do Brasil.

De acordo com o Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram registrados três vezes mais focos de incêndio no mês de agosto deste ano, chegando a 30.907 focos de incêndio ativos, contra 10.421 do mesmo mês do ano passado.  

“A perseguição ao Estado brasileiro está acontecendo em vários países ao mesmo tempo”, afirma a economista, citando o livro “Nosso Mal Vem de Longe”, do filósofo francês Alan Badiou para ilustrar como em toda a Europa, África e América do Sul está havendo “um esforço muito grande de grupos organizados para destruir as estatais e o Estado”. 

“Na verdade,são os ricos, um grupo pequeno de bilionários, trilionários, que querem depor do poder estatal, querem destruir os Estados nacionais e colocar-se como poder alternativo. É o que eles chamam de Governo Mundial’, diz Ceci. “Eles querem um governo mundial de gente poderosa, dinastias tentando dominar o mundo sozinhas. Presentes no Império Britânico, no Império Espanhol, Português, Holandês, são os mesmos.”

Ceci Juruá explica que 1930, o Brasil não “passava de uma grande fazenda”, com uma grande parte da população analfabeta e com inúmeras doenças fazendo parte do cotidiano brasileiro. “O Brasil era uma grande fazenda, onde algumas empresas americanas, canadenses, inglesas, alemãs, dominavam uma economia frágil, baseada no modelo primário exportador, e o país não ia pra frente”, lembra a economista. 

Foi após 1930, a partir do governo de Getúlio Vargas, com uma “revolução geral”, não só na área econômica, mas na área de educação e cultural, que o Brasil deslanchou. “Num espaço de 50 anos, até 1980, nos tornamos uma sociedade industrializada com as maiores taxas de desenvolvimento do planeta”, afirma Ceci.

“O Brasil tem uma força extraordinária graças a um território rico, mas também a uma população trabalhadora, inteligente e criativa, pela qual eu tenho o maior respeito”, declara Ceci, “nós já demos prova que somos competentes se, e somente se, nós pudermos exercer soberania”. 

“Sem soberania, nenhum país se desenvolve, nenhum povo vai em frente. Soberania significa, nas palavras de Celso Furtado, ‘capacidade de se auto dirigir e capacidade de se auto transformar’, ou seja, nós escolhemos o nosso caminho, nós escolhemos a nossa alternativa, nós escolhemos o nosso horizonte utópico que queremos trilhar no futuro”, conclui.

Confira a entrevista completa no nosso canal do YouTube:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Mariane Barbosa

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