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Vazamento de áudio do dono do BTG revela poder de banqueiros e quem realmente manda no governo Bolsonaro

Banqueiro deixa evidente influência sobre Câmara, STF e Banco Central; André Esteves diz acreditar no favoritismo de Bolsonaro em 22 “desde que fique calado”
Mariane Barbosa
Diálogos do Sul
São Paulo (SP)

Tradução:

Em áudio vazado obtido pelo portal Brasil 247, o banqueiro André Esteves, dono do BTG Pactual ataca a ex-presidenta Dilma Rousseff, elogia o golpista Michel Temer e diz que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, o procurou no dia em que vários secretários de Paulo Guedes pediram demissão.

Um dos pontos mais graves do vazamento, foi o fato de o banqueiro ter sido consultado pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, sobre qual seria o limite para a queda da taxa básica de juros da economia, a Selic

Na conversa, que teria acontecido quando havia uma discussão a nível nacional sobre qual deveria ser a trajetória da taxa de juros mínima, conhecida como “lower bound”. Esteves disse que o Brasil “caiu demais os juros na pandemia” com a fixação da taxa básica em 2%.

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“Eu me lembro que o Roberto me ligou para perguntar: ‘pô, André, o que você está achando disso, onde você acha que está o lower bound?’. Eu falei assim: ‘olha, Roberto, eu não sei onde que está, mas eu estou vendo pelo retrovisor, porque a gente já passou por ele. A gente… acho que em algum momento a gente se achou inglês demais e levamos esse juros para 2%, o que eu acho que é um pouquinho fora de apreço. Acho que a gente não comporta ainda esse juros”, declarou.

A partir de março deste ano, o Banco Central iniciou o movimento de elevação da Selic. Com nova subida, na última reunião, em setembro, a taxa básica ficou em 6,25%, o maior nível em dois anos.

Banqueiro deixa evidente influência sobre Câmara, STF e Banco Central; André Esteves diz acreditar no favoritismo de Bolsonaro em 22 “desde que fique calado”

Wikimedia Commons
O banqueiro André Esteves, dono do BTG Pactual.

O dono do BTG Pactual também disse ter conversado com ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) para explicar a importância da independência do Banco Central para o Brasil. A Corte manteve, em agosto de 2021, a lei que havia sido aprovada em fevereiro pelo Congresso que garantia a autonomia da estatal.

No áudio, Esteves também faz sua análise para as próximas eleições presidenciais de 2022 ao declarar que Jair Bolsonaro é favorito “desde que fique calado” e que, mesmo com eventual vitória do ex-presidente Lula, teremos “dois anos de Roberto Campos Neto”, presidente do Banco Central.

“O melhor argumento era explicar assim: ‘pô, ministro, assim, o senhor sabe que Banco Central independente tem nos Estados Unidos, no Japão, na Alemanha e na Inglaterra, né? E não tem na Venezuela e na Argentina… tinha, mas a Cristina Kirchner revogou no 1º ano de mandato. O senhor acha em qual grupo a gente quer estar junto? Porra…”

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Repercussão nas redes sociais

Para o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, o áudio vazado “revela a natureza fascista da burguesia brasileira, que raciocina assim: Se o capetão ficar calado, nós o queremos por lá e não importam os 605 mil brasileiros mortos nem os milhões de desempregados… O que importa é o lucro”.

“O dono do Banco Pactual revela também que sempre é consultado pelo presidente do Banco Central, sobre as taxas de juros. Mais claro impossível, sobre quem determina os juros, que afetam as contas públicas e a vida dos brasileiros!!”, escreveu no Twitter.

Em seu perfil, o teólogo Leonardo Boff explicou que o áudio de André Esteves “influencia a política ultra-neoliberal do governo, mostra um homem tão pobre e tão pobre de espírito que só tem dinheiro, só pensa em dinheiro e só quer mais dinheiro. Nem sabe que 60% é pobre e 100 milhões com insuficiência nutricional”.

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Confira outras reações:

*Com informações de Brasil 247 e Poder 360


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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