Pesquisar
Pesquisar

Planejamento participativo? Ferramenta estimula verdadeiro exercício de cidadania

Modelo permite que população aprendam a lidar com orçamento público, incluindo procedência e quantidade de recursos e onde devem ser aplicados
Claúdio di Mauro
Diálogos do Sul
Uberlândia (MG)

Tradução:

No Seminário PARA A TRANSFORMAÇÃO DO BRASIL, o Deputado Federal e ex-prefeito de Belo Horizonte Patrus Ananias nos deu uma esplêndida aula sobre a construção do Planejamento Participativo que deve ser aplicado pelos municípios, Estados e União.

Enquanto pensamos as questões ligadas aos Municípios, há que se trabalhar no Orçamento Participativo, quando os munícipes em geral, que habitam todas as partes das cidades e do campo ajudam na definição e decisão das prioridades onde devem ser aplicados os recursos públicos. Trata-se de experiência vivida em diversos municípios com resultados muito significativos.

No modelo do orçamento participativo, a cidadania aprende a lidar com orçamento público

Experiências vividas demonstram o caráter de solidariedade da população urbana.

Nas reuniões realizadas para definição das prioridades da aplicação financeira, em muitas circunstâncias populações que habitam áreas de grande carência e que precisam de determinados serviços ou obras, abrem mãos, ao entender que outras áreas têm prioridades mais urgentes. Ou seja, comunidades habitadas por população empobrecida se solidarizam e concordam em atender antes, outros setores com demanda mais urgente.

Nesse processo aparecem as diferenças sociais, econômicas, ambientais do território municipal, definindo-se seus fragmentos com características próprias. Nas cidades, onde vive a maioria da população, registram-se diferenças sociais e econômicas que mostram as desigualdades vigentes no País. Essas divergências, com diferenças e desigualdades precisam ser corrigidas.

Modelo permite que população aprendam a lidar com orçamento público, incluindo procedência e quantidade de recursos e onde devem ser aplicados

Breno Pataro / Prefeitura de Belo Horizonte
Processos devem ser articulados com presença dos movimentos populares e toda a cidadania municipal




Orçamento Participativo

O Orçamento Participativo não deve se concentrar exclusivamente sobre a peça orçamentária anual, mas tem toda uma trajetória para definição dos Planos Plurianuais elaborados pelo poder Executivo como suporte para a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Nesse conjunto de Leis, podem ser definidas as aplicações financeiras que devem corrigir divergências territoriais que se mostram nas desigualdades socioeconômicas.

Entenda o que é o orçamento participativo e como ele é fundamental para o processo de radicalização da democracia

Com esse percurso, mais do que o Orçamento Participativo, constrói-se o Planejamento Participativo no tratamento dos Recursos Públicos e nas definições que demandam as presenças dos Executivo e Legislativos Municipais. Esses processos devem ser articulados com presença dos movimentos populares e toda a cidadania municipal.


Soberania

Essas experiências bem-sucedidas e bem vividas em Municípios devem ser transladadas para os Estados e também para a União. O desenvolvimento nacional precisa ser pensado a partir de suas características regionais que são expressões ambientais, culturais e econômicas. Trata-se da construção da Soberania Nacional que tem como foco o bem-estar da sua população. Não há Soberania Nacional sem que haja a Soberania Popular.

Sistematicamente se ouve pronunciamentos de dirigentes nacionais e locais considerando a necessidade de trazer investimentos estrangeiros para o Brasil. Aparentemente se esquecem que o mercado de capitais não investirá em países onde não consegue obter lucros importantes. Patrus Ananias nos reforça que os investimentos de estrangeiros quando vêm para o Brasil tem como objetivo ganhar dinheiro.

Esse fato é compreensível em modelo capitalista, especialmente com a perspectiva do neoliberalismo. No geral, o que existe é que os empobrecidos brasileiros pagam com benefícios fiscais e mais valia, para o maior enriquecimento dos empresários já endinheirados.

E, quando os lucros e mais valia não se configuram conforme seus interesses, essas empresas abandonam suas plantas de negócios no Brasil para buscar outros mercados de investimentos mais rentáveis. Veja-se neste momento de nossa história a saída do Brasil, de diversas montadoras de automóveis. Para essas empresas, abandonar as Plantas Industriais não significa perda significativa. 

Não é crise, é projeto: Estudo mostra redução de quase 40% no orçamento para educação

É evidente que o processo de desenvolvimento popular, ambiental, econômico deve ser pactuado com nossa população.  Por todos os motivos arrolados, cabe ao Brasil construir seu Planejamento Participativo com presença, participação e decisão de sua população, pelos caminhos de processos de inclusão dos Movimentos Populares de juventude, ambientais, sindicatos representativos de trabalhadores urbanos e rurais e também os empresariais.  Esses devem ser os espaços de decisão sobre para onde deve caminhar o desenvolvimento do País.

Nestes momentos é indispensável revogar a Emenda Constitucional 95 que implantou o chamado “teto de gastos”. Essa Lei, mais do que ajudar no desenvolvimento popular do Brasil, se configurou no projeto de privatização do Brasil. Suspendeu os investimentos públicos, abriu espaços para que o empresariado nacional e estrangeiro compre setores da saúde, da educação, da segurança pública para ganhar dinheiro.

Os investimentos do Estado Brasileiro são reduzidos, encolhidos, abrindo os espaços para o chamado mercado estrangeiro.

Mais uma vez, fica explícito que neste modelo adotado pelo governo golpista do Brasil, os pobres terão que comprar serviços de saúde, educação, segurança para beneficiar os investidores estrangeiros e brasileiros.


Os pobres pagam a conta para mais enriquecimento dos ricos

Por isso, o Seminário PARA A TRANSFORMAÇÃO DO BRASIL deixou explícito que um país Soberano cuida bem de seu povo. No dizer de Patrus Ananias, é indispensável a reforma tributária, entre as reformas necessárias, na qual, quem pode mais deve pagar mais. Quem não pode, não paga e poderá inclusive receber ajuda do Estado brasileiro.

O controle deve ser rigorosamente tratado para que os recursos financeiros sejam dirigidos e resolvam os problemas das imensas desigualdades que caracterizam as vidas no Brasil. Esse é critério para que os orçamentos públicos resultem em benefícios para toda a população. Na medida em que tivermos um desenvolvimento interno, todos serão beneficiados, inclusive os setores empresariais que sejam decentes e dignos. 

Cláudio Di Mauro, geógrafo e colaborador da Diálogos do Sul



As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

Assista na TV Diálogos do Sul



Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.

A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.

Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:

  • PIX CNPJ: 58.726.829/0001-56 

  • Cartão de crédito no Catarse: acesse aqui
  • Boletoacesse aqui
  • Assinatura pelo Paypalacesse aqui
  • Transferência bancária
    Nova Sociedade
    Banco Itaú
    Agência – 0713
    Conta Corrente – 24192-5
    CNPJ: 58726829/0001-56

       Por favor, enviar o comprovante para o e-mail: assinaturas@websul.org.br 


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.
Claúdio di Mauro

LEIA tAMBÉM

Mercado de Sucre, na Bolívia
Por que alimentos no Brasil estão caros e na Bolívia, baratos? Segredo está no pequeno produtor
Javier_Milei_and_Santiago_Abascal_(cropped)
Superávit de Milei é ilusionismo contábil: a verdade sobre a economia Argentina
Desigualdade_FMI_Banco-Mundial
Em Washington, Brasil adverte: FMI e BM seguem privilegiando EUA e outros países poderosos
EUA_taxar_mais_ricos_Biden
Biden não cumpre promessa de taxar mais ricos e EUA perdem US$ 690 bi em 3 anos