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Editorial: Guerra comercial de Trump não atinge a China

Revista Diálogos do Sul

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A China começou a aprender sobre estratégia deve fazer mais de três mil anos. Por isso, já foi uma das maiores potências comerciais e marítimas. Mais recentemente, invadida por potências militares colonialistas e imperialistas, e sumida numa guerra civil por décadas, sofreu graves danos e declínios. Claro, não podia ser diferente.

Em meados do século passado, com a vitória da Revolução Libertadora, pode retomar o caminho para voltar a ser uma sociedade super desenvolvida. Tudo isso a partir de um projeto de país e uma estratégia de desenvolvimento.

A Nova Rota da Seda é um projeto estratégico de dimensão global simplesmente deslumbrante. Uma magnífica aula para aqueles que deixaram que o Mercosul, por exemplo, ficasse apenas como uma abertura de fronteiras para o livre trânsito das grandes empresas.

Integração se faz com infraestrutura, parceria nos projetos e interação cultural intensa entre povos com história e destino comum como somos os de Nossa América.

Outro projeto estratégico é garantir segurança alimentar, energética e cultural como o cerne do planejamento. Tudo se faz em função desses objetivos, sem os quais não se pode garantir a soberania da Nação. O Estado soberano se garante com suprimento próprio e de outros países, com o necessário para uma marcha segura ao desenvolvimento.

Veja com que tranquilidade a China deixa de comprar petróleo dos Estados Unidos, em respostas às retaliações anunciadas por Trump. Comprava o petróleo dos EUA por uma vontade de equilibrar a balança comercial entre os dois países, não porque fosse indispensável.

Claro: petróleo, grãos, minérios, tecnologia são indispensáveis para qualquer país desenvolvido ou em desenvolvimento. A China pode dispensar tanto o petróleo como a soja que importava dos EUA porque pensa estrategicamente e com vistas ao longo prazo. Já fez um acordo com sua vizinha Rússia e estão construindo oleodutos para trazer petróleo da Sibéria. O Irã também já está fornecendo enormes quantidades de petróleo, e o Brasil, se for esperto, poderá ser um fornecedor privilegiado.

A soja é indispensável na alimentação do povo chinês, assim como grãos em geral e proteína animal. Os EUA eram até pouco tempo o maior produtor e exportador de soja, e a China um dos maiores compradores. Quem sai perdendo com as retaliações de Trump são o povo e o Estado estadunidenses. O Brasil se ainda não ultrapassou os EUA na produção de grãos, está perto de chegar lá. A China sabe disse e bem antes das ameaças do Trump, está construindo no Brasil infraestrutura ferroviária e portuária para exportação de grãos.

A China está fazendo a mesma coisa nos países africanos. Em vez de presença colonialista, ou imperialista, está fazendo parcerias estratégicas, ajudando na construção de infraestrutura.

Enquanto isso, Trump continua ameaçando o mundo, já não mais a China, com retaliações. Quer acabar com qualquer tipo de protecionismo e quer punir quem fizer uso indevido das tecnologias estadunidenses patenteadas. Este último recado é direto pra China, o primeiro, é para Europa que tem a agricultura mais subsidiada do mundo. E também para o Brasil, com governos especialistas em troca de favores


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
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