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Tempestade Perfeita: acúmulo de crimes exige que TSE casse a chapa Bolsonaro-Mourão

Mais grave dos crimes é o povo brasileiro estar sendo largado à morte com recordes diários. Quantos terão que morrer para derrubarem este governo?
Paulo Cannabrava Filho
Diálogos do Sul
São Paulo (SP)

Tradução:

“Tempestade Perfeita”. Esse termo é utilizado por estrategistas da política belicista dos Estados Unidos para definir o momento certo para liquidar com um inimigo, seja uma pessoa, um governo ou um país. 

Vimos uma “Tempestade Perfeita” em momentos como a ação dos EUA no Iraque ou na Líbia. Após bombardeamento intensivo e invasão, não havia como não derrubar os governos.

Todos os crimes do governo de ocupação hoje estão evidenciados. Todos! Desde a criminosa campanha eleitoral, à tomada do poder por militares e civis despreparados para as funções que exercem, às permanentes violações ao decoro que se exige de quem ocupa cargos públicos, e os fragrantes desrespeitos à Constituição.

O que mais querem? Há que se derrubar este governo e agora, antes que completem metade do mandato. Há que se anular a farsa eleitoral e convocar novas eleições. Se não for agora, eles cumprem a promessa de permanecer pelo menos 40 anos no poder. É o que eles preconizam ser necessário para “salvar” o país.

Mais grave dos crimes é o povo brasileiro estar sendo largado à morte com recordes diários. Quantos terão que morrer para derrubarem este governo?

Mídia Ninja
Já temos mais de mil mortes por dia. Quantas mil mais vocês querem para agir e derrubar este governo?

Vejamos alguns desses crimes: 

R$ 1 trilhão para os bancos

Começamos pelos mais graves, do ponto de vista da economia do país. Com a economia no abismo, o que teremos pela frente é o caos.

Outro dia dissemos que o R$ 1,2 trilhão que o governo destinou aos bancos deveria ser usado para financiar as pequenas e médias empresas, para que mantivessem os empregos. Pois bem, o Instituto de Defesa da Classe Trabalhadora divulgou um vídeo em que demonstra o que se poderia fazer com esse trilhão e duzentos milhões.

O Instituto argumenta que o Brasil possui 6,4 milhões de empreendimentos comerciais, 99% deles micros e pequenas empresas; 3,7 milhões constituem as MEI (Micro Empreendedor Individual).

Pois bem, se destinar R$ 50 mil para cada pequena e micro e R$ 20 mil para cada MEI, o total seria R$ 390 bilhões e 800 milhões, pouco mais de um terço do que foi para os bancos e lá está parado.

O pretexto dos gestores para dar o trilhão aos bancos foi para garantir liquidez para que pudessem emprestar esse dinheiro a juros baixos para quem precisasse. Porém, os juros cobrados pelos bancos continuam extorsivos e o dinheiro ninguém viu. Seguramente está aplicado no cassino global.

O que há que fazer com relação a esse crime? O Instituto é claro na resposta: exigir que esse dinheiro seja devolvido aos cofres públicos.

Outra grande sacanagem com relação aos bancos que também está passando despercebida. 

PEC do Orçamento de guerra

Essa denúncia está no sítio da Auditoria Cidadã da Dívida. A tal PEC do orçamento de guerra, ao contrário de socorrer a população, esconde outra grande sacanagem. Uma sacanagem a favor de quem? Dos bancos, é claro.

Ela autoriza o Banco Central a comprar títulos privados encalhados nos bancos, os chamados títulos podres.

Isso significa que os cinco maiores bancos, que concentram mais de 80% do mercado de títulos poderão se livrar de papéis acumulados durante 15 anos e, provavelmente, com correção monetária. 

A Auditoria Cidadã adverte que esse é o maior golpe já arquitetado, trilhões de reais.

Outro dia mostramos que o ativo dos cinco maiores bancos ultrapassou em valor o PIB do país. São R$ 7,36 trilhões dos bancos contra R$ 7,3 trilhões de toda a riqueza nacional acumulada ao longo da história.

Como dispor de dinheiro público para bancos que se refestelam com os maiores lucros que banco nenhum em outros países pode auferir? Para se proteger de possíveis tomadores de crédito inadimplentes, os bancos cobram um spread que é o maior do planeta.

Saque do país

Guedes, o gestor da economia, dizia querer arrecadar um trilhão com a venda de bens públicos, porém, está destinando vários trilhões para os bancos — que são os que menos necessitam. É urgente parar com essa sangria. Como? Só substituindo o governo. Não tem outra solução. 

Não é que o país esteja desgovernado. O país está sendo é saqueado por uma súcia de especuladores e bandidos. 

Outro dia falamos que na falta de uma política cambial os especuladores fazem a festa. Raciocinem comigo. O dólar chegou a R$ 6. Vamos supor que você tivesse mil dólares. Vendeu, arrecadou R$ 6 mil. 

Nessa brincadeira, três dias depois, o dólar teria baixado a R$ 5. Então, você poderia comprar novamente os mil dólares e lucrar R$ 1 mil sem fazer absolutamente nada.

Agora ampliemos isso para o universo daqueles 1% de muito ricos que jogam com milhões de dólares. Há gente que está ganhando milhões de dólares de um dia pra outro, só especulando.   

Governo da morte

Em Brasília, uma senhora, Geralda Godinho, secretária-geral do Sindicato dos Comerciários, na quarta-feira (22), protestava na Praça dos Três Poderes por mais proteção aos trabalhadores. Ela foi agredida a socos por um dos integrantes do acampamento fascista que defende Bolsonaro.

Impressionante. Ontem, a autoproclamada Sara Winter, que lidera o tal acampamento dos 300, com a maior desfaçatez do mundo, disse que vai fazer da vida do ministro Alexandre de Morais, do Supremo, um inferno. Ela o ameaça, dizendo que vai investigar a vida dele, saber quem são as empregadas domésticas, filhos, negócios, além de proferir diversos xingamentos. Pode?

Eu me pergunto: o que é mais grave? A ofensa da mulher a um ministro da mais alta Corte de Justiça ou a inércia dessa mesma corte diante das frequentes violações à moral, ao decoro e à Constituição diariamente praticadas por membros do governo de ocupação?

O que faz com que atitudes como essa se tornem rotineiras é a certeza da impunidade. Até quando?

Caso Marielle

Em Brasília, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que o caso dos assassinatos da ex-vereadora Marielle Franco e do seu motorista Anderson Gomes, não será federalizado. Diante disso, o “Advogado Geral da União”, Augusto Aras, firmou que a corte está errada, que tem que largar o caso.

Como uma decisão dessa foi possível? Essa é a questão. Milhares de pessoas se reuniram diante do Tribunal para exigir justiça, exigir que se cumpra a Constituição. E até a mídia corporativa já começa a entender que é preciso preservar a Constituição.

Qual é o interesse do governo de ocupação nesse caso do assassinato de Marielle? Gente… o mundo inteiro já sabe que é porque os membros do Clã Miliciano estão envolvidos até a medula com os executores deste crime. 

Em março de 2019, cumprindo ordem judicial, a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro prendeu o sargento da PM Ronnie Lessa e o PM Élcio Vieira de Queiroz, que estavam no carro de onde partiram os disparos que vitimaram a vereadora e seu motorista. 

Lessa é membro do denominado Escritório do Crime e integra os bandos armados (milícias) que atuam como esquadrões da morte no Rio de Janeiro. Esses grupos paramilitares tinham como chefe o “condecorado” PM Adriano Magalhães da Nóbrega, que foi executado pela PM da Bahia. Flagrante queima de arquivo. 

Fechamento do regime

Sentindo-se encurralado, o capitão reformado que preside o governo de ocupação tem a coragem de dizer que armará o povo contra a ditadura que não o deixa governar. Vão esperar o quê? Que ele arme os bandidos e promova uma guerra civil? 

Não podemos perder de vista que a estratégia dos Estados Unidos é a implantação do caos. E tudo o que os militares de pijama (e alguns sem pijama) estão fazendo é nessa direção. O filho 03 – Dudu Bananinha – reagiu às atitudes do Supremo com o mesmo tom de ameaça do “pai-pai”, dizendo que querem implantar a ditadura e derrubar o governo, e que o povo (armado) vai defender a democracia…

Que povo é esse, cara pálida?

Fake News, o Banco do Brasil e o dinheiro público

Nesta semana, o Tribunal de Contas da União mandou o Banco do Brasil suspender a publicidade veiculada em sítios bolsonaristas que publicam e disseminam notícias falsas. Dinheiro público semeando discórdia social. 

Todos os crimes estão provados tanto no inquérito conduzido pelo Supremo como pela Comissão Mista do Congresso para as Fake News. Além disso, consta no Superior Tribunal Eleitoral vários pedidos de impugnação da chapa que saiu vitoriosa na eleição de 2018 através da fraude. 

Tempestade perfeita

Temos no Brasil o que os ianques chamam de “Tempestade Perfeita”. É só juntar tudo, aproveitar a presença de três ministros do Supremo no Tribunal Eleitoral, anular a eleição e instalar um governo provisório. 

Parece simples, mas como convencer o Judiciário a vestir a toga e fazer cumprir a Constituição?

Um trabalho a ser feito pelos judiciários estaduais, por todas as OABs e demais organizações de advogados. Fazer um imenso dossiê com todos os artigos da Constituição que estão sendo violados, juntar as provas da fraude eleitoral e apresentar ao Supremo. Isso de um lado.

De outro lado, os governadores dos Estados — são mais de 20 que não aguentam mais a incúria, a incompetência, roubalheira do Poder Executivo Federal. Roubalheira sim. Onde que estão esses trilhões que já saíram dos cofres públicos? Onde estão os 60 bilhões que seriam distribuídos aos Estados e Municípios?

Vamos ocupar as ruas. Vamos seguir o exemplo que nos deu outro dia Porto Alegre. Com todo mundo de máscara, álcool gel no bolso, mantendo distância uns dos outros, ocuparam as ruas e botaram pra correr os fascistas que pediam intervenção militar.

Que intervenção, que golpe que nada. São os militares que estão no poder!

Na terça-feira, um dos principais jornais britânicos, The Telegraph, dizia que Bolsonaro ficará na história como o cara que conseguiu quebrar o país. Na quinta, o cientista Miguel Nicolelis diz que o Brasil ficará na história como o país que enraizou o negacionismo científico.

Já temos mais de mil mortes por dia. Quantas mil mais vocês querem para agir e derrubar este governo?

Paulo Cannabrava Filho, jornalista e editor da Diálogos do Sul

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TSE, julgue os processos de cassação da chapa Bolsonaro/Mourão!

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Paulo Cannabrava Filho Iniciou a carreira como repórter no jornal O Tempo, em 1967. Quatro anos depois, integrou a primeira equipe de correspondentes da Agência Prensa Latina. Hoje dirige a revista eletrônica Diálogos do Sul, inspirada no projeto Cadernos do Terceiro Mundo.

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