Realmente, é pura maldade o que se percebe residir nos corações dos ocupantes do Palácio do Planalto, esse governo de militares que fingem ser governo de Bolsonaro. Tem coisas que não se explicam a não ser por encarnação do mal e do mau. Pura maldade.
Deixar as crianças fora da escola, privadas de qualquer instrução além das primeiras letras e somar, é o que Heinrich Himmler fez para dominar a Polônia durante a expansão do III Reich, sob o comando de Adolf Hitler.
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É oficial, 33 milhões no mapa da fome, quer dizer, mulheres e crianças passando fome, sem ter o que comer. O governo tira a merenda escolar das crianças, para a maioria delas a única refeição do dia. E isso vem desde o governo Temer, o ilegítimo, ou seja, desde o golpe jurídico-parlamentar contra a presidenta Dilma Rousseff, em 2016.
São 44 milhões de crianças atendidas pelo programa. A União, o governo federal, envia R$ 1,07 para as creches, R$ 0,53 para a pré-escola, R$ 0,36 para o ensino fundamental. Estados e municípios teriam que pôr o resto, pois com esse valor você não compra nem um pãozinho. Veja o absurdo, você que vai às compras, nas padarias e no supermercado.
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Como os municípios são pobres ou governados por negociantes, gente do agronegócio, neoliberais ou apoiadores do governo, as crianças voltam pra casa mortas de fome. Estão dividindo um ovo entre quatro, isso quando há ovo.
Como é que vai aprender alguma coisa com a barriga roncando de fome. Fome dói. Enquanto isso, R$ 19,4 bilhões desviados dos cofres públicos para o Orçamento Secreto. Para onde vai esse dinheiro? Pra que serve?
Vai para os currais eleitorais e serve para garantir a reeleição do deputado que apoia esse governo. Quem não tem padrinho, fica à míngua. São 522 municípios, com 13 milhões de habitantes, que estão sem recurso, no mais completo abandono. Falta saneamento básico? Feda-se no esgoto, na lama. A falta de esgoto sanitário atinge metade da população. 110 milhões de pessoas sem esgoto e mais de 50 milhões sem água potável. É colônia de terceira classe, país de quinto mundo.
Tudo se faz em função de grupos de interesse ou de interesse próprio, das empresas predadoras. Nada se faz de interesse social, não se planeja o desenvolvimento ali, no município, onde as coisas acontecem, aonde a vida da cidadania transcorre.
Estão gastando bilhões, agora mesmo, em campanha eleitoral com verba pública, ou dinheiro doado por milionários, e cortam R$ 1,2 bilhão da Farmácia Popular, programa fundamental que assegura medicamentos de uso contínuo contra asma, hipertensão, glicemia. Falta inclusive fraldas geriátricas.
Noticiar Moz
O jornalismo oligárquico e agora presa do capital financeiro simplesmente aboliu o “por que”. Aboliu a ética também
Retrato de um país com fome e com medo.
Por tudo isso é necessário acabar com esse modelo excludente que só serve aos ricos. Lula oferece a oportunidade de voltar a colocar o pobre no Orçamento, a oportunidade de maior participação através dos conselhos em cada município. A mais importante das propostas de Lula é a volta das conferências sobre políticas públicas e os conselhos comunitários, como por exemplo, o Orçamento Participativo, em cada município.
Dialogando com pessoas que assistem meu programa Dialogando, na TV Diálogo do Sul, à minha provocação de que todos devemos sair às ruas e fazer o corpo a corpo nessa reta final de campanha, responderam que têm medo. Têm medo de sair às ruas e ser agredido.
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No sábado, 16 de setembro, o Estado publica que 67,5% dos entrevistados manifestam que tem muito medo de ser agredido, 49,9% um pouco de medo…. ou seja, com pouco ou muito medo a população inteira está apavorada.
Há que vencer o medo. A rua é nossa. Já dizia Castro Alves, o grande poeta da negritude, a praça é do povo como o céu é do condor. Temos obrigação de recuperar os espaços públicos. É chegada a hora de mudar e mudança se consegue com o povo nas ruas a exigir mudança.
Já admitem que as mulheres vão decidir essa eleição. São a maioria da população. Empoderamento é isso. Tomar as rédeas da política em cada local é o caminho para mudar. Mostrar a verdade. A verdade de ser colônia e de que a libertação nacional passa pela libertação e empoderamento de cada uma, de cada um.
Cidadania é isso. Mostrar a deformação política que nos submete. A contradição de ser uma sociedade urbana governada por representantes do agronegócio e da mineração para exportação. Não pode dar certo. Os interesses são conflitantes. A gente vê isso todos os dias na prática política e na gestão do Estado. Estado excludente, assassino.
Há que estar prevenido contra as deformações da mídia.
Início de semana é propício para uma reflexão sobre o papel da mídia no processo eleitoral. Seguir a mídia é estar com o continuísmo. Continuísmo do que? Do pensamento único imposto pelo capital financeiro. A imprensa foi transformada em porta-voz do capital financeiro. Essa é a única verdade.
Como funciona a alienação produzida pela mídia? Vejamos uns simples exemplos.
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Notícia sobre o trabalho das bancadas no Congresso Nacional como fatos normais da política e da democracia. O domínio exercido pelas bancadas dos Bs (Boi, Bíblia, Bala e Banco) não é normal e não é democrático porque atuam em interesse próprio, contrário aos interesses nacionais.
Não perdem a oportunidade de, ao referir-se a Lula, dizer que o ex-presidente foi condenado e cumpriu pena por conta do apartamento triplex no Guarujá. É só uma meia verdade, má fé que corrobora com a demonização do candidato.
A verdade inteira é que o apartamento nunca foi de Lula, da cooperativa passou para a incorporadora, e que Sergio Moro, enquanto agente dos Estados Unidos, atuando como juiz a serviço do império, prendeu Lula e quebrou as maiores empresas de construção civil do país. A realidade é que Lula, acusado injusta e ilegalmente, foi inocentado.
Por isso, desde Platão e Aristóteles, no que chamam de civilização ocidental, os fatos, a própria realidade, têm que ser olhados crítica e criativamente. A Maiêutica, eis o segredo. Deixar nada sem resposta.
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Regra básica do jornalismo, desde que foi inventado como um serviço público para atender o direito humano de estar informado, é responder às cinco perguntas: o que, quem, onde, como e por que. É uma regrinha básica também para quem faz planejamento estratégico.
O jornalismo oligárquico e agora presa do capital financeiro simplesmente aboliu o “por que”. Aboliu a ética também.
Com relação ao acontecer mundial, a mesma coisa. Nesse mundo ocidental hegemonizado pelo dólar, os jornais parecem todos feitos por uma mesma pessoa. Impressionante. A Europa mergulhada numa crise econômica e social profunda, e eles omitem, tergiversam os fatos.
Agora mesmo, estão noticiando que Joe Biden, o presidente dos EUA, adverte Putin, o presidente da Federação Russa, que se utilizar armas não convencionais terão de arcar com as consequências. Tudo que está escrito leva você a condenar a Rússia por ter invadido a Ucrânia e estar provocando refugiados de olhos azuis.
Primeiro, o Brasil não é um país de olhos azuis. Somos mestiços índio-negro-branco, povoado por povos de todas as partes do mundo, ucranianos e russos, chineses e japoneses, caucasianos e negros de todas as tonalidades. Somos partidários da paz, da convivência pacífica entre as nações, só possível com o respeito à autodeterminação dos Estados e à não ingerência em assuntos internos de outros países.
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Segundo, a informação ignora o contexto, que é a história, e omite os fatos iniciados após o término da II Guerra Mundial, que é o avanço da Otan em direção ao Oriente. Omite as advertências seguidas de Putin e omite que quem conduz essa guerra é a Otan, sendo a Ucrânia a primeira vítima.
Quem está ultrapassando a linha vermelha é a Otan, são os Estados Unidos. A Rússia faz mais que obrigação de se defender. Queria o que? Deixar-se invadir? Colocar-se de quatro, como colocou-se a força armada brasileira, transformada em tropa pretoriana do império? Entregar tudo? Servir de plataforma para a invasão da China?
Houve um recuo das tropas russas, os apologistas do caos já dão a Rússia como derrotada pelo poderoso e bravo exército ucraniano. Segundo os russos, recuaram para evitar um morticínio no que consideram um avanço suicida. Ucraniano? Mercenários europeus e estadunidenses no comando das forças ucranianas oficiais da Otan. Não dá mais pra disfarçar.
Quem falou em usar armas nucleares foi a premiê britânica Liz Truss, ao que o vice-premiê russo Sergei Ryabkov disse que nunca se sabe quem vai ganhar. A gravidade do momento não se pode subestimar, disse, pois nos declararam uma guerra total: se está travando em formas híbridas em todos os âmbitos.
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Longe de estar derrotada. Na Federação Russa não há crise energética nem alimentar, tudo funciona normalmente. E mais. Imperdoável omissão da imprensa ocidental, o mundo é outro.
A Organização para Cooperação de Xangai, que transcorre em Samarcanda, no Uzbequistão, acaba de demonstrar que realmente o mundo é outro. Os imperialistas estão perdidos no cosmos. Criada em 2001 como organização política, econômica e militar, reúne os dirigentes de China, Rússia, Uzbequistão, Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, países fundadores, mais Mongólia, Índia e Paquistão. Na semana passada, no dia 15/09, o Irã assinou protocolo oficializando seu pedido de ingresso. Turquia, Turcomenistão e Azerbaijão como convidados. É uma nova era que se inicia para os iranianos, que passam a prescindir do Ocidente que lhes impõe severo bloqueio.
China e Rússia aproveitaram a ocasião para ampliarem os acordos de cooperação e trabalharem juntas para garantir a estabilidade global e consolidar a associação estratégica integral, com ênfase na segurança.
Depois de Xi Jinping ter anunciado que não há mais unipolaridade e que o mundo é definitivamente bipolar, a conferência aprovou a cartilha que deve orientar esse novo mundo: 1 confiança mútua e benefício mútuo; 2 igualdade e equidade; 3 consulta; 4 respeito à diversidade civilizatória; 5 busca do desenvolvimento.
Essa bipolaridade referida por Xi tem o sentido amplo do confronto Norte-Sul… O Norte se mantendo rico à custa da exploração das riquezas e da mão de obra do Sul, e o Sul em rebeldia em busca de independência e desenvolvimento. O Sul, na realidade, é multipolar, engloba três continentes e tem como capitânia o consórcio entre a China e a Rússia e os Brics.
Para fazer parte disso, é preciso alcançar a independência. Eis a prioridade para o povo brasileiro. Alcançar a libertação nacional, a independência e a soberania.
Paulo Cannabrava Filho, jornalista latino-americano e editor da Revista Diálogos do Sul.
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