Pesquisar
Pesquisar

Colômbia: Intimidação a líderes sociais segue e mais dois massacres são registrados no país

A Defensoria colombiana alertou para possibilidade de aumento das ações violentas nos dias prévios à eleição presidencial
Vanessa Martina-Silva
ComunicaSul
Bogotá

Tradução:

Faltando quatro dias para as eleições presidenciais na Colômbia, mais dois massacres foram registrados no país, com sete vítimas, sendo três menores de idade. A Defensoria colombiana alertou para a probabilidade de um aumento das ações violentas contra líderes sociais nos dias que antecedem a definição de quem será o novo governante do país.

Nesta terça-feira (24), reconhecidos líderes sociais de Tolima foram brutalmente assassinados junto com outros dois familiares e, em Santa Marta, no município de Magdalena, uma professora venezuelana e seus dois filhos foram encontrados sem vida.

De acordo com o Instituto de Desenvolvimento e Paz (Indepaz), tratam-se dos massacres número 43 e 44 apenas em 2022. Somente neste ano, já são 78 líderes sociais assassinados no país.

O Instituto Indepaz avisou a Defensoria do Povo, ainda em 2019, sobre a ação de grupos armados ilegais e o incremento do narcotráfico nas regiões onde as mortes ocorreram.

A organização denuncia a presença de grupos irregulares vinculados a antigos combatentes do Clã do Golfo, bem como ações da primeira e da quinta divisão do Exército Colombiano.


Líder premiada

Elizabeth Mendoza era presidenta do conselho regional comuncal em Chaparral, no estado de Tolima, e tinha 36 anos. Junto a ela também foi assassinado seu esposo, Marco Tulio Molina, de 51 anos, reconhecido líder do estado. 

O filho do casal Carlos Andrés Molina, de 16 anos, e um dos seus primos, Fabián Ricardo Berján, de 24, também perderam a vida durante a ação criminosa.

De acordo com o site colombiano El Tiempo, as primeiras versões sobre o fato dão conta de que homens armados teriam entrado na casa das vítimas. Três delas teriam sido degoladas e a outra, decapitada, o que ainda está sob investigação da polícia local, que ainda procura dois corpos desaparecidos.

“Quando soubemos deste trágico acontecimento, fomos às autoridades e localizamos dois corpos; o de Elizabeth e seu filho, mas os corpos de Marco e seu primo ainda estão sendo procurados; há várias versões dando conta de que foram vistos descendo o rio. Rejeitamos a morte dessas pessoas e ainda mais a morte desses líderes sociais”, disse o prefeito Hugo Fernando Arce.

Acompanhe as últimas notícias da corrida eleitoral no país em Eleições Colômbia 2022

Elizabeth Mendonza foi reconhecida por uma premiação nacional por parte do Ministério do Interior por seu trabalho como líder social. No âmbito municipal, ela também fora exaltada diversas vezes, tendo sido reeleita para o terceiro período consecutivo como presidenta do conselho regional.

A Defensoria colombiana alertou para possibilidade de aumento das ações violentas nos dias prévios à eleição presidencial

Foto: Kevin Arteaga – Reprodução | Twitter
Em 2019, o Instituto Indepaz avisou a Defensoria do Povo sobre grupos armados ilegais e aumento do narcotráfico nas regiões das mortes

As mortes comoveram o município. Não são conhecidas as causas do massacre. De acordo com vizinhos citados pelo Bluerádio, “as vítimas eram boas pessoas, não deviam nada a ninguém e se dedicavam a trabalhar em sua chácara com gado”.


Segundo massacre

Em Santa Marta, capital do estado de Magdalena, Beatriz Lizarazo, venezuelana de 32 anos, e seus dois filhos, de 5 e 8 anos, foram assassinados na tarde desta terça (24).

De acordo com o Indepaz, o evento ocorreu em um cenário de risco devido à presença de grupos armados à margem da lei, em disputa territorial e pelo comando do narcotráfico.

*A reprodução deste conteúdo é livre, desde que citada a fonte e a lista de entidades e organizações que apoiam esta cobertura, como no rodapé a seguir.

Esta cobertura será feita pela Agência ComunicaSul graças ao apoio das seguintes entidades: da Associação dos/das Docentes da Universidade Federal de Lavras-MG, Federação Nacional dos Servidores do Poder Judiciário Federal e do MPU (Fenajufe), Confederação Sindical dos Trabalhadores/as das Américas (CSA), jornal Hora do Povo, Diálogos do Sul, Barão de Itararé, Portal Vermelho, Intersindical, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Sindicato dos Bancários do Piauí; Associação dos Professores do Ensino Oficial do Ceará (APEOC), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-Sul), Sindicato dos Bancários do Amapá, Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Sindicato dos Metalúrgicos de Betim-MG, Sindicato dos Correios de São Paulo, Sindicato dos Trabalhadores em Água, Resíduos e Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp Sudeste Centro), Associação dos Professores Universitários da Bahia, Sindicato dos Trabalhadores no Poder Judiciário Federal do RS (Sintrajufe-RS), Sindicato dos Bancários de Santos e Região, Sindicato dos Químicos de Campinas, Osasco e Região, Sindicato dos Servidores de São Carlos, mandato popular do vereador Werner Rempel (Santa Maria-RS), Agência Sindical, Correio da Cidadania, Agência Saiba Mais e centenas de contribuições individuais.

Vanessa Martina Silva é editora da Diálogos do Sul, direto de Bogotá, na Colômbia, para ComunicaSul.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

Assista na TV Diálogos do Sul



Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.

A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.

Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Vanessa Martina-Silva Trabalha há mais de dez anos com produção diária de conteúdo, sendo sete para portais na internet e um em comunicação corporativa, além de frilas para revistas. Vem construindo carreira em veículos independentes, por acreditar na função social do jornalismo e no seu papel transformador, em contraposição à notícia-mercadoria. Fez coberturas internacionais, incluindo: Primárias na Argentina (2011), pós-golpe no Paraguai (2012), Eleições na Venezuela (com Hugo Chávez (2012) e Nicolás Maduro (2013)); implementação da Lei de Meios na Argentina (2012); eleições argentinas no primeiro e segundo turnos (2015).

LEIA tAMBÉM

70ea9f4a-c113-4afe-91a7-4c2e6e7b2478
Simón Bolívar, união latino-americana e socialismo: a nova Colômbia de Gustavo Petro
102a5321-979f-4959-9f15-a2eef97da264
"Acordo nacional por uma Colômbia forte e justa”, defende Petro em discurso de posse
72e9fe96-35c2-4795-b0cf-60901950b42b
Maioria parlamentar garante a Petro aplicar mudanças que Colômbia precisa, diz professor
0669020e-fc95-479f-a60c-52494d87040d
Colômbia: Após breve trégua, violência contra esquerda escala às vésperas da posse de Petro