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Com mais de 8 milhões de votos, Petro dobra votação e enfrenta “outsider” no 2º turno

Progressismo tem duplo desafio pela frente: melhorar ainda mais votação obtida e convencer os 45% que não votaram, que o façam daqui três semanas
Vanessa Martina-Silva
ComunicaSul
Bogotá

Tradução:

Com 8,52 milhões de votos, equivalente a 40,32% do padrão eleitoral, Gustavo Petro e Francia Márquez, da coalizão Pacto Histórico, vencem o primeiro turno das eleições da Colômbia e vão disputar o segundo turno.

A votação é praticamente o dobro do obtido pelo líder progressista em 2018, quando disputou a presidência do país e obteve 4,8 milhões de votos. A contenda desta vez será disputada com Rodolfo Hernández e Marelen Castillo, que terminam o domingo com 28,15%, 5,95 milhões de votos.

O candidato do uribismo, Federico (Fico) Gutierrez, de extrema-direita, terminou em terceiro lugar, com 23,91%. As demais candidaturas representam 5,84% dos votos.

Uribismo

Apesar de ditar as cartas no país, ninguém nestas eleições quis se vincular diretamente com o ex-presidente Álvaro Uribe, investigado por vínculos com paramilitares e por instaurar no país o fenômeno dos falsos positivos.

Uribe, além de governar durante oito anos, dois mandatos, elegeu seu sucessor: Juan Manuel Santos, que foi seu ministro da Defesa. Oito anos depois, conseguiu eleger também Iván Duque, atual mandatário.

Progressismo tem duplo desafio pela frente: melhorar ainda mais votação obtida e convencer os 45% que não votaram, que o façam daqui três semanas

Foto: Reprodução | Instagram
Pacto Histórico, de Petro e Márquez, conquistou a maioria em 18 dos 32 departamentos da Colômbia, e na capital

A má gestão de Duque, somada à crise econômica, ao aumento da violência e aos problemas vividos pela pandemia, fizeram de Duque um dos presidentes com a pior avaliação em toda América Latina.

Fico Gutierrez tentou se desvencilhar, mas foi Rodolfo Hernandez, o falso outsider, que capitalizou o desejo de mudança da população parecendo uma alternativa à “polarização” apregoada pela imprensa e as elites do país e, em uma performance impressionante, passou para o segundo turno.

“Nem de direita, nem de esquerda, muito pelo contrário”, Rodolfo deve receber todo apoio da direita e do uribismo no segundo turno, fazendo com que o desejo por mudança no país seja interrompido de maneira artificial.

Desafios do 2º Turno

A contagem das cédulas na Colômbia é dividida por 34 seções, sendo 32 departamentos, mais a capital da Colômbia, Bogotá, e os votos dos consulados, no exterior.

Acompanhe as últimas notícias da corrida eleitoral no país em Eleições Colômbia 2022

O Pacto Histórico, de Petro e Márquez, conquistou a maioria em 18 departamentos e na capital. Já a Liga, de Hernández, terminou líder em 13 departamentos.

O Fico teve a maior parte apenas nos consulados e em Antioquia, que é, porém, o departamento mais populoso do país – atrás de Bogotá -, garantindo à sigla a terceira posição.

No mapa a seguir, é possível compreender melhor as maiores escolhas por região. A cor laranja é relativa a Gustavo Petro, a amarela, a Rodolfo Hernandez, e o roxo, Fico Gutierrez.

(Imagem: Registraduria Nacional Colombia)

Do total de mais de 21 milhões de cédulas contabilizadas, 0,13% não apresentam marcação, 1,13% foram nulas e 98,72%, válidos. Entre os válidos, 98,26% foram para candidatos e 1,73%, em branco.

Assim, o progressismo tem um duplo desafio pela frente: melhorar ainda mais a votação obtida e convencer os 45% de eleitores, que não foram votar, que o façam daqui a três semanas.


* A reprodução deste conteúdo é livre, desde que citada a fonte e a lista de entidades e organizações que apoiam esta cobertura, como no rodapé a seguir.

Esta cobertura será feita pela Agência ComunicaSul graças ao apoio das seguintes entidades: da Associação dos/das Docentes da Universidade Federal de Lavras-MG, Federação Nacional dos Servidores do Poder Judiciário Federal e do MPU (Fenajufe), Confederação Sindical dos Trabalhadores/as das Américas (CSA), jornal Hora do Povo, Diálogos do Sul, Barão de Itararé, Portal Vermelho, Intersindical, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Sindicato dos Bancários do Piauí; Associação dos Professores do Ensino Oficial do Ceará (APEOC), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-Sul), Sindicato dos Bancários do Amapá, Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Sindicato dos Metalúrgicos de Betim-MG, Sindicato dos Correios de São Paulo, Sindicato dos Trabalhadores em Água, Resíduos e Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp Sudeste Centro), Associação dos Professores Universitários da Bahia, Sindicato dos Trabalhadores no Poder Judiciário Federal do RS (Sintrajufe-RS), Sindicato dos Bancários de Santos e Região, Sindicato dos Químicos de Campinas, Osasco e Região, Sindicato dos Servidores de São Carlos, mandato popular do vereador Werner Rempel (Santa Maria-RS), Agência Sindical, Correio da Cidadania, Agência Saiba Mais e centenas de contribuições individuais.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Vanessa Martina-Silva Trabalha há mais de dez anos com produção diária de conteúdo, sendo sete para portais na internet e um em comunicação corporativa, além de frilas para revistas. Vem construindo carreira em veículos independentes, por acreditar na função social do jornalismo e no seu papel transformador, em contraposição à notícia-mercadoria. Fez coberturas internacionais, incluindo: Primárias na Argentina (2011), pós-golpe no Paraguai (2012), Eleições na Venezuela (com Hugo Chávez (2012) e Nicolás Maduro (2013)); implementação da Lei de Meios na Argentina (2012); eleições argentinas no primeiro e segundo turnos (2015).

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