A última quinta-feira (19) foi marcada pelo assassinato brutal de José Alberto Silveira Freitas por um segurança e um policial dentro de uma loja Carrefour, em Porto Alegre (RS). Um dia depois, data em que se comemora o Dia Nacional da Consciência Negra, manifestantes foram às ruas buscar por justiça e relembrar que ainda enfrentamos o reflexo de uma sociedade racista e escravocrata.
O acontecimento tomou as redes sociais e o dia foi dedicado ao debate de políticas de enfrentamento à violência racial e ao incentivo do reconhecimento da cultura e a valorização dos saberes, da epistemologia da população negra.
Para tratar do assunto e explicar qual o papel das pessoas brancas na luta antirracista, o jornalista diretor-fundador da Diálogos do Sul entrevistou a doutora em Psicologia Escolar e diretora do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro), Elisa Larkin Nascimento.
Elisa expôs como o racismo afeta toda a sociedade e, assim como Frantz Fanon e outros pensadores constataram, afirmou como a internalização do mesmo está profundamente relacionada ao colonialismo e ao princípio da eugenia. “Não é um legado que se prolifera apenas explicitamente, não apenas por meio do insulto racial, na afirmação de um preconceito dito, mas sobretudo nas formas dos tecidos sociais. É naturalizado nas instituições”, comenta.
@lleffa
Candidata do PCdoB à prefeitura de Porto Alegre, Manuela D’Ávila se solidariza durante ato por Beto Freitas
Obras de autores negros
Para a psicóloga, uma das principais formas de ser antirracista é consumir e estudar autores negros. O historiador senegalês Cheikh Anta Diop, autor da obra A origem africana da civilização, foi citado como uma das principais referências, principalmente por sua pesquisa voltada para as origens da raça humana e a cultura africana pré-colonial.
“É importante que o intelectual branco saiba que existem intelectuais negros”. Outro ponto chave da conversa foi a indicação de autores mais contemporâneos, como Abdias do Nascimento em O genocídio do negro brasileiro e as obraso de Silvio de Almeida.
Mais para o final do bate-papo, Elisa apresentou a principal diferença entre preconceito e racismo. Enquanto o primeiro é uma atitude subjetiva de pré-julgar o outro, o segundo é um conjunto de mecanismos que não dependem da subjetividade para serem reproduzidos, mas sim de ativos econômicos e sociais.
A morte de Beto Freitas por um segurança e um policial dentro do Carrefour também entrou na pauta do encontro. Elisa ressaltou que todas as pessoas brancas que se consideram antirracistas deveriam boicotar a loja, uma vez que não é a primeira que o estabelecimento se envolve em ações de violência racial.
Ela ressalva, no entanto, que “o branco que deseja se engajar nessa luta precisa entender que o protagonismo é do povo preto”.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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