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Empresa israelense que pode ter manipulado 33 eleições é ligada à Cambridge Analytica

Serviços incluem estratégias de guerra psicológica, incluindo perfis falsos nas redes sociais e a criação de fake news para manipulação da opinião pública
Cintia Alves
Jornal GGN
São Paulo (SP)

Tradução:

Mais de 30 eleições em todo o mundo podem ter sofrido a interferência de uma empresa israelense que oferece a candidatos “serviços” de invasão no Gmail e Telegram, uso em massa de perfis falsos nas redes sociais, criação de sites de fake news para manipulação da opinião pública, entre outros esquemas.

A denúncia foi publicada nesta quarta-feira (15) pelo jornal The Guardian. O caso é investigado por um consórcio de veículos internacionais. Três jornalistas da rede, disfarçados, conseguiram gravar o israelense Tal Hanan, um dos donos do esquema, explicando os serviços que também são ofertados ao setor privado para guerras comerciais.

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Hanan disse que, nos últimos 20 anos, de 33 eleições onde sua “empresa” atuou, em 27 delas seus clientes foram “bem sucedidos”. Entre as regiões afetadas estão países da América do Sul, África, Europa. A reportagem não informou se o Brasil está na lista.

Os repórteres investigativos conseguiram encontrar laços entre o serviço israelense e a Cambridge Analytica, empresa que ganhou os holofotes da mídia mundial após ter sido acusada de manipular eleições e a opinião pública nos Estados Unidos e na Europa, entre outros locais.

Serviços incluem estratégias de guerra psicológica, incluindo perfis falsos nas redes sociais e a criação de fake news para manipulação da opinião pública

Montagem
Hanan mostrou aos jornalistas um sistema que permite hackear o Telegram e o Gmail




O esquema do “Team Jorge”

Tal Hanan, 50 anos, ex-agente das forças especiais de Israel, dirige uma unidade chamada “Team Jorge”, que tem alguns escritórios pelo mundo e oferece serviços de hacking, “guerra psicológica” e desinformação, com experiência em “finanças, mídia social e campanhas” eleitorais.

The Guardian disse que Hanan exibiu aos jornalistas disfarçados (achando que eram potenciais clientes) o software chamando “Aims”, desenvolvido para gerenciar bots nas redes sociais. Com ele, o israelense disse que já controla mais de 30.000 mil perfis falsos completos, com “histórias digitais que remontam há anos”.

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Este software “permite aos usuários criar até 5.000 bots para entregar mensagens em massa e propaganda, e foi usado em 17 eleições”, disse Hanan – que usa o pseudônimo Jorge – em e-mails trocados com os jornalistas.

“É o nosso próprio sistema de desenvolvimento de Avatar Semi-Automático e implantação de rede”, disse ele, acrescentando que pode ser usado em qualquer idioma e está sendo vendido como um serviço, embora o software possa ser comprado “se o preço for justo”, escreveu o The Guardian.


Checagem

The Guardian ressalvou que nem tudo que Hanan disse pôde ser checado pelo consórcio ainda. A reportagem não descarta a possibilidade de o israelense florear seus serviços para conseguir elevar o preço cobrado.

Dos jornalistas disfarçados que se apresentaram como assessores de um político de país africano com interesse em adiar as eleições, Hanan quis cobrar entre 6 e 15 milhões de libras, aceitando pagamento em várias moedas, incluindo bitcoins.

Mas em 2015, segundo evidencias encontradas pelo consórcio de mídia internacional, a empresa de Hanan cobrou 160 mil dólares da Cambridge Analytica por uma campanha de 8 semanas em um país latino-americano não revelado pela reportagem.

O software Aims teria sido usado em disputas comerciais em cerca de 20 países, incluindo Reino Unido, EUA, Canadá, Alemanha, Suíça, México, Senegal, Índia e Emirados Árabes Unidos.

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Além do Aims, Hanan contou aos repórteres sobre sua “máquina de blogger” – um sistema automatizado para criar sites que os perfis de mídia social controlados pelo Aims poderiam usar para espalhar notícias falsas pela internet. “Depois de criar credibilidade, o que você faz? Então você pode manipular ”, disse o isrelense, segundo os relatos do The Guardian.


Invasão no Telegram e Gmail

Além disso, Hanan também mostrou aos jornalistas um sistema que permite hackear (não apenas para ler, mas também para enviar mensagens) o Telegram e o Gmail. Para ilustrar, Hanan invadiu uma conta que ele atribuiu a um assessor político em país africano. A reportagem conseguiu verificar que a invasão foi real.

O israelense explicou, inclusive, que os hackers exploram “uma vulnerabilidades no sistema global de telecomunicações de sinalização, SS7, que por décadas foi considerado por especialistas como um ponto fraco na rede de telecomunicações.”

Em mensagem ao The Guardian, o próprio Telegram admitiu que a falha no sistema é real e disse que os usuários devem tomar medidas recomendadas pela plataformas para manter suas contas seguras. O Gmail não quis comentar.

Cintia Alves | Portal GGN


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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