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Gustavo Petro e Nicolás Maduro durante encontro nesta terça-feira (9), no Palácio Miraflores, na Vanezuela (Foto: Facebook Gustavo Nicolás Maduro)

Encontro entre Petro e Maduro reafirma solidez dos laços entre Colômbia e Venezuela

Presidentes se encontraram no Palácio de Miraflores e distenderam a tensão causada por declarações de Bogotá sobre as eleições venezuelanas
Jorge Enrique Botero
La Jornada
Bogotá

Tradução:

Beatriz Cannabrava

Com a visita do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, ao seu homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, nesta terça-feira (9), foram resolvidas as diferenças entre os governos de ambos os países, geradas no começo de abril pelas críticas feitas por Bogotá à ausência de garantias no atual processo eleitoral do país vizinho, respondidas por Caracas com um apelo para evitar a ingerência em seus assuntos internos.

Petro foi recebido por Maduro no Palácio de Miraflores com uma profusão de gestos amistosos que distenderam um ambiente crispado derivado de frases como “esquerdistas covardes” pronunciadas por Maduro, referindo-se aos mandatários que criticaram a inabilidade eleitoral contra setores da oposição em seu país.

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No quinto encontro entre Maduro e Petro desde que este assumiu a presidência da Colômbia, estavam presentes os ministros de Defesa e Comércio Exterior das duas nações, assim como os embaixadores e outros funcionários de alto cargo.

Ao cair da tarde, os dois mandatários fizeram declarações perante os meios de comunicação para ratificar que as relações bilaterais “marcham por bom caminho”, sem que nenhum dos dois aludisse ao recente convite feito pela Venezuela à Colômbia para que seja observador nas eleições do próximo 28 de julho.

Relações progridem

Maduro ressaltou que passaram revista à forma como progridem as relações nas áreas de comércio, energia, segurança fronteiriça e investimentos conjuntos, sublinhando que constataram “uma visão comum sobre os conflitos que afetam o continente”, assim como as ameaças de guerra que se observam no mapa mundial.

“Venezuela sempre estará para ajudar a construir a paz da Colômbia, pois a paz da Colômbia é a paz da Venezuela, assim como a estabilidade política da Venezuela garante a do nosso vizinho”, disse Maduro.

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Petro respondeu com breves palavras nas quais destacou que os dois países têm “uma agenda comum de integração” que deve se consolidar com projetos concretos como a navegabilidade dos rios fronteiriços e o acesso ao mar das regiões andinas do oriente da Colômbia através de vias que comuniquem com o lago de Maracaibo.

“Falamos de paz política e de paz armada”, revelou Petro, destacando o papel que Caracas desempenhou na consolidação de processos de paz da Colômbia e o papel que a Colômbia deve assumir na estabilidade política do país com o qual compartilha uma fronteira de dois mil e seiscentos quilômetros.

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Atualmente, a Venezuela é garantidora dos processos de paz que se levam a cabo entre o governo de Petro e as guerrilhas do Exército de Liberação Nacional (ELN), assim como com as dissidências das Farc conhecidas como Estado Maior Central (EMC).

Uma das primeiras medidas de Petro após assumir a presidência em agosto de 2022 foi reativar as relações diplomáticas com Caracas, rompidas durante o governo de Iván Duque, o qual liderou uma cruzada para derrubar o presidente Maduro que, segundo disse em 2021, tinha as horas contadas.

Uribe é julgado por suborno a testemunhas

O ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe Vélez (2002-2010) será julgado sob a acusação de suborno a testemunhas e fraude processual, informou na terça-feira (9) a Procuradoria Geral da Nação, esclarecendo que por ora não será levado à prisão e “poderá defender-se em liberdade”.

Uribe Vélez, máximo líder das forças de direita do país, foi vítima do efeito bumerangue, pois ficou imerso em uma investigação judicial contra ele, depois de tentar fazer com que o senador de esquerda Iván Cepeda fosse julgado pelo suposto delito de manipulação de testemunhas.

Apenas três semanas depois da posse de Luz Adriana Camargo como nova Procuradora-Geral, essa entidade elaborou um escrito de acusação para levar ao julgamento do ex-presidente, o qual saberá, nos próximos dias, qual é o juizado penal no qual se fará a audiência de formalização das acusações que lhe são imputadas.

Gilberto Villarreal, promotor-delegado perante a Corte Suprema de Justiça, deu um inesperado giro à gestão da promotoria, que em duas ocasiões anteriores havia solicitado a preclusão das investigações que se levavam a cabo contra Uribe Vélez.

Villarreal disse que tomou a decisão após examinar a totalidade dos testemunhos, em sua maioria ex-paramilitares que purgavam condenação em várias prisões do país, onde foram abordados por advogados do ex-presidente para que mudassem suas versões em troca de dinheiro, bens e prebendas judiciais.

“A Procuradoria-Geral da Nação garante o direito ao devido processo em todas as atuações ao seu cargo e agora o investigado e sua defesa terão a oportunidade de solicitar provas e participar do debate oral”, anunciou o ente acusador.

As reações à determinação da procuradoria não se fizeram esperar, especialmente por parte de porta-vozes dos partidos de oposição, como o vereador Rolando Rodríguez, que qualificou de “política” a decisão judicial e advertiu que ela levará a uma maior polarização da sociedade colombiana. “A marcha que se tinha convocado para protestar contra o governo no próximo 21 de abril agora será uma gigantesca expressão de solidariedade com o ex-presidente Uribe, à qual sairão milhões de colombianos”, prognosticou Rodríguez.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul Global – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Jorge Enrique Botero Jornalista, escritor, documentarista e correspondente do La Jornada na Colômbia, trabalha há 40 anos em mídia escrita, rádio e televisão. Também foi repórter da Prensa Latina e fundador do Canal Telesur, em 2005. Publicou cinco livros: “Espérame en el cielo, capitán”, “Últimas Noticias de la Guerra”, “Hostage Nation”, “La vida no es fácil, papi” y “Simón Trinidad, el hombre de hierro”. Obteve, entre outros, os prêmios Rei da Espanha (1997); Nuevo Periodismo-Cemex (2003) e Melhor Livro Colombiano, concedido pela fundação Libros y Letras (2005).

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