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Foto: Cristina Rodríguez / La Jornada

EUA pedem perpétua a García Luna por considerá-lo culpado por overdoses entre estadunidenses

Ex-secretário de Segurança Pública do México, García Luna enfrenta julgamento nos EUA por suposto envolvimento com o cartel de Sinaloa
Jim Cason, David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

Beatriz Cannabrava

Procuradores federais solicitaram ao juiz encarregado do caso de Genaro García Luna que imponha uma condenação de prisão perpétua e 5 milhões de dólares em multas contra o ex-secretário de Segurança Pública do México.

García Luna tem audiência marcada para ser sentenciado pelo juiz federal Brian Cogan no próximo dia 9 de outubro, no tribunal federal do Distrito Leste de Nova York, após ser declarado culpado de cinco acusações de narco corrupção no julgamento contra ele, que foi concluído em 21 de fevereiro de 2023.

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Os promotores encarregados do caso, liderados por Breon Peace, reiteram em um documento enviado ao juiz Cogan, na última quinta-feira (19), que García Luna, enquanto ocupava altos cargos de segurança, aceitou milhões de dólares do cartel de Sinaloa. Recordam que o acusado foi considerado culpado de corrupção e que, “em troca de milhões de dólares, o acusado ajudou uma conspiração responsável pela morte de milhares de cidadãos estadunidenses e mexicanos”.

Sublinham que “é difícil dimensionar a magnitude dos crimes do acusado, as mortes e os vícios que ele facilitou, e a traição aos povos do México e dos Estados Unidos. Seus crimes exigem justiça. Por essas razões, o governo (o Departamento de Justiça) respeitosamente solicita que o tribunal imponha uma condenação de prisão perpétua”.

Milhares de mortes

Os procuradores indicam em sua solicitação que, durante a atividade corrupta de García Luna no governo, “cerca de 62 mil estadunidenses morreram por overdose envolvendo cocaína. Ao mesmo tempo, a violência relacionada aos cartéis, que imperou no México nesse período, resultou em aproximadamente 60 mil assassinatos entre 2006 e 2012”.

Afirmam que, durante seu tempo como chefe da polícia federal e depois como secretário de Segurança Pública, García Luna “mentiu e traiu seus colegas, a segurança pública estadunidense e o público mexicano, pois, simplesmente, o acusado optou pela ganância e a corrupção em detrimento do bem-estar dos cidadãos do México e dos Estados Unidos”.

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Além disso, como já mencionado, os procuradores solicitam que o juiz imponha uma multa de pelo menos 5 milhões de dólares.

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Os advogados de defesa de García Luna fracassaram em agosto em sua solicitação de um novo julgamento e, portanto, terão que comparecer com o acusado à audiência sobre sua sentença. É provável que, posteriormente, a defesa apele novamente da condenação, embora isso tenha poucas chances de prosperar. Ao mesmo tempo, não se pode descartar uma negociação com o Departamento de Justiça para uma redução da pena em troca de sua cooperação contra outros possíveis acusados.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Jim Cason Correspondente do La Jornada e membro do Friends Committee On National Legislation nos EUA, trabalhou por mais de 30 anos pela mudança social como ativista e jornalista. Foi ainda editor sênior da AllAfrica.com, o maior distribuidor de notícias e informações sobre a África no mundo.
David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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