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ToggleDesdolarizar, sobretudo, é desinflacionar para investir e industrializar. A Petrobrás, por exemplo, será obrigada a mudar a política neoliberal, antinacionalista, de preços baseada na dolarização diante da defesa da desdolarização pregada pelo presidente Lula na China para acelerar com Xi Jinping o comércio bilateral tendo como base troca de moedas real-yuan como nova etapa para impulsionar industrialização brasileira.
Essa estratégia, considerada revolucionária pelo analista geopolítico indiano, S.L. Kanthan, favoreceria, de imediato, consumidores de combustíveis em geral: os proprietários de veículos, em sua maioria MEIs – microempresários individuais –, bem como setores de cargas e, fundamentalmente, o agronegócio, que se tornarão mais competitivos.
Montagem
Em defesa dos interesses nacionais, Lula poderia ou não repetir Putin diante das sanções americanas contra a Rússia
Custos mais baixos para os agricultores possibilitarão ao governo, num segundo momento, redução dos subsídios ao setor, como é o caso da isenção de ICMS sobre exportação de produtos primários e semielaborados (Lei Kandir) às custas dos Estados e Municípios, afetados em sua principal receita de arrecadação, que inviabiliza industrialização regional etc.
Sobretudo, a desdolarização dos preços dos derivados do petróleo retomará papel da Petrobrás como motor decisivo da industrialização, reduzido pela política neoliberal bolsonarista entreguista.
Ataque à divida pública
A desdolarização implica, revolucionariamente, reestruturação de política macroeconômica visto que a troca de moedas nas relações com a China resultará, ao fim e ao cabo, diminuição dos juros que impactam a dívida pública que atua como freio decisivo ao desenvolvimento sustentável no contexto da política monetária restritiva sustentada pelo Banco Central Independente(BCI)
O gargalo central do desenvolvimento nacional – a dívida pública cujo pagamento de juros e amortizações abocanha quase 50% do orçamento geral da União(OGU) de perto de R$ 4 trilhões, realizado em 2022, segundo Auditoria Cidadã da Dívida(ACD) – caso a desdolarização implica em redução acentuada de juros, abrindo espaço aos investimentos.
Portanto, menor peso do ajuste fiscal e monetário, com a desdolarização efetivada por trocas de moedas nacionais, proporciona, no contexto do OGU, aumento das despesas não-financeiras (educação, saúde, infraestrutura etc), vale dizer, receita disponível para consumo, e redução das despesas financeiras especulativas, sem correspondência com desenvolvimento sustentável.
Visualiza-se, com a desdolarização, completa remodelação de perspectivas para execução da política monetária, já que significa formação de expectativas favoráveis ao cumprimento de metas inflacionárias mais flexíveis, contrárias ao monetarismo à lá FMI que o BC insiste em cumprir em bases irrealistas ancoradas em juros extorsivos.
BCI = FMI
Lula se vangloria de ter escapado do FMI ao pagar dívida externa, no seu segundo mandato, graças à boa performance econômica, de valorização dos salários e do mercado interno, somados aos programas sociais combatentes da exclusão social, o que possibilitou acumular reservas de 380 bilhões de dólares, sem as quais o Brasil estaria na periclitante situação argentina.
Porém, se ele escapou do FMI, caiu, desgraçadamente, na armadilha do BCI, que, como o FMI, faz exigências irrealistas que paralisam a economia brasileira.
Na Argentina, nesse momento, o FMI atua com verdadeiro carrasco em cima do Governo Fernandez, com exigências de ajuste fiscal e monetário, que inviabilizam o país, conforme declarações de Kristalina Georgieva, diretora geral da instituição.
As palavras dela explicam porque os Estados Unidos perdem a corrida para a China, que prega cooperação e não guerra econômica com seus parceiros, propensos à ação lulista em Xangai.
Sabendo que os argentinos enfrentam uma das maiores secas da história, responsáveis pela especulação com os preços em geral, Georgieva, embora diga que enxerga o problema, exige que os ajustes na Argentina sejam cumpridos conforme impõe o FMI.
A carrasca do FMI utiliza os mesmos argumentos de Campos Neto, presidente do BCI brasileiro, na reunião do FMI, semana passada, reforçando a austeridade fiscal, quando, se estivesse ao lado do esforço de Lula para retomada do desenvolvimento nacional, deveria estar na China, avalizando os interesses nacionais e não os dos especuladores em Washington. Campos Neto comprovou que o BCI é o outro nome do FMI.
Lula e o exemplo de Putin
Qual será a posição de Washington/FMI ao discurso revolucionário de Lula na China: partirá para cima dele na tentativa de enquadrá-lo, deixando no ar possibilidades de sanções econômicas?
Em defesa dos interesses nacionais, Lula poderia ou não repetir Putin diante das sanções americanas contra a Rússia, que, aliás, mostraram-se ser tiro no pé, ou seja, exigir pagamento em real pelas importações dos produtos brasileiros?
Os importadores teriam que trocar seus dólares que usam no comércio exterior com o Brasil e convertê-los em real, depositados nos bancos públicos, para fechar o câmbio.
Por que não?
Essa é a estratégia que salva a Rússia e a que deu pontapé para sua união com a China, na troca de moedas no comercio bilateral lastreado em rublo-yuan entraria ou não em colapso a Doutrina Monroe, editada em 1823, pela qual os Estados Unidos consideram a América do Sul quintal dos americanos?
César Fonseca | Pátria Latina
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