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Governo dos patrões acaba com os direitos trabalhistas e agora só falta revogar a Lei Áurea

Com este Congresso e este STF, o governo aprova o que quiser, e pode até declarar guerra à ONU
Ricardo Kotscho
Balaio do Kotscho
São Paulo (SP)

Tradução:

Depois da “reforma trabalhista” de Temer, que acabou com o emprego de carteira assinada, o governo dos patrões de Bolsonaro completou o serviço, com a MP da Liberdade Econômica, o pomposo nome dado ao vale tudo instalado no mundo do trabalho.

Sem carteira assinada, sem férias nem 13º, sem crachá e sem fundo de garantia, os milhões de profissionais que ainda conseguem serviço como “temporários”, “autônomos” ou “colaboradores intermitentes”, agora também poderão trabalhar aos domingos e nos feriados, sem a necessidade de controle de cartão de ponto.

Fica faltando só revogar a Lei Áurea, o que o capitão já insinuou, ao criticar a legislação referente a “trabalhos análogos à escravidão”, que pretende flexibilizar.

Com este Congresso e este STF, o governo aprova o que quiser, e pode até declarar guerra à ONU.

Com este Congresso e este STF, o governo aprova o que quiser, e pode até declarar guerra à ONU

Sindicato dos Bancários / Aroeira
Sem carteira assinada, sem férias nem 13º, sem crachá e sem fundo de garantia

Nomear o filho 03 para embaixador nos Estados Unidos, é fichinha. Basta liberar emendas aos parlamentares amestrados.

Em compensação, com a Liberdade Econômica, só o patrimônio social das empresas responderá por dívidas, sem confundir com o patrimônio do titulares.

É o que permite, agora oficialmente, que empresários continuem bilionários e deixem de pagar os direitos trabalhistas quando suas empresas quebram, como aconteceu recentemente com a Editora Abril.

O inominável presidente vai assim tratorando as relações trabalhistas ao revogar mais 25 dispositivos da CLT entre eles, os relativos à segurança e medicina do trabalho.

Ninguém poderá se dizer surpreendido porque, desde a campanha, o capitão afastado pelo Exército vem demonstrando muita pena dos patrões e nenhuma dos trabalhadores.

Até hoje, sete meses e meio depois, o governo não foi capaz de apresentar um único programa de combate ao desemprego, tema que não faz parte dos seus discursos delirantes e escatológicos.

Assim como Temer, que anunciou a criação de milhões de empregos com a sua “reforma trabalhista”, que só tirou direitos dos trabalhadores, também o atual governo sinaliza com a retomada do crescimento após a aprovação da MP da Liberdade Econômica pela Câmara, por 345 votos a 76.

Este placar mostra a desproporção entre os que defendem os direitos do capital e daqueles que ainda se colocam ao lado dos trabalhadores, assim como aconteceu na aprovação da reforma da Previdência, que manteve os privilégios dos marajás civis e militares, e vai obrigar os demais mortais a trabalhar mais para ganhar menos ao se aposentar.

Com os demais poderes sob o controle absoluto do Executivo, Congresso e Supremo só referendam os projetos do presidente, bovinamente dizendo amém a todas as barbaridades praticadas contra o povo brasileiro e a soberania nacional.

Enquanto isso, em sua cruzada contra o “comunismo”, o comandante-em-chefe ainda tem coragem de criticar o povo da Argentina por ter votado num candidato de oposição ao governo Macri, que adotou o mesmo modelo econômico recessivo daquele frentista do posto Ipiranga.

Cercado apenas de áulicos civis e militares _ os que discordam dele são sumariamente fritados e ejetados _ o ocupante da cadeira do presidente é rejeitado por parcela cada vez maior da população.

Nesta quarta-feira, até o Globo perdeu a paciência e, em violento editorial contra os desmandos do presidente, alerta que o dito cujo representa um perigo para o país.

Seus dois superministros, Guedes e Moro, desmoralizados por diferentes motivos, já não dão conta de sustentar essa farsa federal, criada e sustentada por seus fanáticos seguidores com fake news nas redes sociais, mas até estes já parecem cansados.

Aqueles cachorros loucos, de uns tempos pra cá, desapareceram aqui do Balaio, e só meia dúzia ainda comparece diariamente para me dizer desaforos, sempre os mesmos, como se fosse uma gravação.

Como é que a gente faz para mudar de assunto? Se alguém tiver uma boa sugestão, agradeço.

Eu também não aguento mais isso, talkei?

Vida que segue.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Ricardo Kotscho

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