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ToggleDesde os primeiros dias de agosto, grupos de extrema-direita tomaram as ruas em várias cidades do Reino Unido para atacar lojas, casas e centros de imigrantes.
Hull, Liverpool, Bristol e Belfast, entre outras, viram como grupos de extrema-direita, nazistas e torcidas de futebol atacavam pessoas nas ruas só pela sua cor da pele.
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Tudo começou depois de um ataque a três meninas na localidade noroeste de Southport (no noroeste inglês). Imediatamente se espalhou uma onda de informações errôneas sobre o suspeito: que era um imigrante sem documentação e de religião muçulmana.
Na verdade, o suspeito, que tem 17 anos, nasceu em Cardiff, a capital de Gales, e seus pais são originários de Ruanda, país onde a maioria é católica e só 2% são muçulmanos.
Quem incitou os ataques no Reino Unido
Atrás desta campanha aparecem figuras como Nigel Farage, em determinado momento uma das principais caras do Brexit; e, também, a Liga de Defesa Inglesa (EDL), um movimento islamofóbico.
Mas o discurso anti-imigrantes e islamofóbico é também o dos sucessivos governos conservadores e alimentaram estes grupos. Robert Jenrick, agora candidato à chefia do partido conservador, afirmou no Parlamento, sem provas: “Permitimos que nossas ruas estejam dominadas por extremistas islâmicos”.
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Lembremos que o ex-primeiro-ministro Rishi Sunak, há poucos meses, fez chegar um cárcere flutuante para deter os imigrantes indocumentados antes de deportá-los.
Este “clima” onde se põe o foco nos imigrantes ou nas pessoas de fé muçulmana, buscava tapar as décadas de ajuste e precarização da vida, tanto durante o governo conservador, mas também dos trabalhistas.
Que respostas houve?
Os brutais ataques despertaram uma velha tradição inglesa, Augusto depois vai nos trazer uma lembrança musical: a união nas ruas contra os fascistas.
O governo trabalhista durante vários dias tentou parar os ataques, pondo mais polícia nas ruas, sem muitos resultados. Em várias cidades viram-se unidos jovens punk, grupos antirracistas, de esquerda, junto com organizações de imigrantes, para enfrentar a ultradireita.
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Um exemplo: em 7 de agosto a ultradireita tinha convocado 100 manifestações contra centros de imigrantes, mesquitas e centros culturais, para atacá-los. Como resposta, houve massivas manifestações em defesa desses lugares, sendo a mais importante em Londres.
Conclusão: os fascistas nem apareceram.
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Esta resposta contra a ultradireita teve muito a ver com os milhares que saíram às ruas antes como parte do massivo movimento contra o genocídio israelense na Faixa de Gaza. Ficou claro que só se para a extrema-direita de uma forma: saindo milhares às ruas.
Confira mais explicações de Diego Sacchi no programa de rádio O Círculo Vermelho, da Rádio Con Vos.