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Guaranis puseram bandeirantes para correr em batalha épica que mudou rumo da América

Uma terra sem males, o cerrado brasileiro, o pampa, ou a região amazônica não têm a menor importância para quem tem um sangue nazifascista
Amaro Augusto Dornelles
Diálogos do Sul Global
Santo Ângelo (RS)

Tradução:

Se Manuel de Borba Gato (1649/1718) vivesse no século 21, seria o protótipo do “cara focado” — cobiçado por empresários por entregar resultados, sem fazer grandes questionamentos sobre os métodos empregados ou a jornada excessiva de trabalho. Ele cumpria as ordens impostas ao melhor estilo “bovino com antolhos”, destruindo tudo o que atrapalhasse sua missão, sem ver mais nada. 

A 24 de julho passado, um ativista ateou fogo na estátua do bandeirante em São Paulo. Coisa de terrorista, segundo a mídia. Historiadores e jornalistas relativizaram o “legado do Gato”: 600 mil indígenas mortos direta ou indiretamente. O bandeirante teria atuado mais em Minas Gerais, em busca de ouro e minérios — impossível ter matado tanta gente, diziam. Ora, Borba Gato é um ícone da dominação que persiste até hoje. 

Foi escolhido pela população de São Paulo para representar a escravização, colonização e exploração das riquezas do Brasil. Suas práticas estimulam até hoje tortura, matança e destruição como forma de enriquecimento. O tamanho e o mau gosto de sua estátua dão a medida exata do exemplo que ficou.

Mas para entender esta história é preciso ir à raiz dos fatos: ser radical, na acepção da palavra — não na versão distorcida imposta pela ditadura militar de 1964, disseminada pela direita até hoje. É importante conhecer aquele mundo nativo do Brasil e da América Latina, onde já viviam pessoas nessas regiões que hoje chamamos de São Paulo, Rio Grande do Sul, Amazônia. 

Estamos falando de 10 mil anos atrás. José Roberto de Oliveira, autor de “Pedido de perdão ao triunfo da humanidade — A importância dos 160 anos das Missões Jesuítico-Guarani (Martins Livreiro, 2009), entre outros livros, observa que tais habitantes viviam no Período Paleolítico, da Pedra Lascada. 

História Sonegada

Na Etiópia, acharam a ossada de uma mulher, Lucy, de 20 mil anos.  Já Luzia, é o fóssil humano mais antigo da América do Sul, com cerca de 12,5 mil anos e foi encontrado na região de Belo Horizonte. 

“Há 2.500 anos, os guaranis entraram na região das Missões, no Rio Grande do Sul. Na Amazônia, eles chegaram há oito mil anos, vindos possivelmente da Ásia, da Mongólia, através da Polinésia e das ilhas da Micronésia, pelas águas quentes do Pacífico”, informa o autor, especialista nos 160 anos das Missões na região do Mercosul e que também é engenheiro, mestrando em desenvolvimento, pesquisador, ex-vice-prefeito de São Miguel das Missões e secretário de turismo da cidade

Pelo rio Madeira, foram descendo, também pelo litoral, à procura da “Terra Sem Males” — Yvy Mara Ey, em guarani. Há 2,5 mil anos, teriam chegado na macrorregião das divisas de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. 

Data desta época o surgimento de peabirus — caminhos no meio da mata — que uniam diversos povos nativos. Incas e nações andinas os utilizavam. Do litoral paulista saiam caminhos calçados que se encontravam com outras trilhas que saíam de Florianópolis e que subiam rumo ao Paraguai, atravessavam os Andes e chegavam até a costa do Pacífico. Outras estradas se espalhavam por toda a América. Estes caminhos existem até hoje, mas a ciência ainda não consegue explicar.

O misterioso Peabiru | Reprodução

Mas a história contada nos livros não é essa, é a versão do bandeirantismo e mostra a visão europeia, segundo a qual aquela gente não importava, ressalta Oliveira, ao lembrar que os então 40 milhões de nativos que aqui viviam nas ocupações — “não aceito a palavra descobrimento, para o que ocorreu em 1492 e 1.500”, diz. 

“Com arrogância, acreditavam que nem alma tinham aquelas criaturas”, destaca. Não eram gente, só bichos parecidos com gente.

Tudo tem sua explicação. A Europa da península ibérica fora ocupada pelos mouros, de 1711 a 1792, na chegada de Colombo. Foi com a expulsão dos muçulmanos — especialmente da região espanhola — que a rainha d’Espanha concordou em financiar a viagem dele. 

Uma terra sem males, o cerrado brasileiro, o pampa, ou a região amazônica não têm a menor importância para quem tem um sangue nazifascista

Montagem Diálogos do Sul
Borba Gato representa escravização, colonização e exploração das riquezas do Brasil

Bandeirantes “focados”

Colombo chegou ao novo mundo com uma ideia: quem não era cristão poderia ser morto. Eis a essência da escravização e do genocídio na região. “Nós cristãos não podemos esquecer que o massacre indígena na América se deu porque nós cristãos matamos 70 milhões de pessoas de 1492 até 1900 — sempre com a ideia de que toda aquela gente tinha de se tornar cristã e mais do que isso: entregar as terras aos europeus, além de virar escravo” diz o pesquisador. 

Não importava que inúmeras nações falavam cerca de duas mil línguas nas ocupações no continente. Cada qual com sua cultura, espiritualidade, seus pajés, médiuns, que viviam nas aldeias.

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Cada nação tinha suas crenças em relação à espiritualidade. Mas todas elas estão relacionadas a um deus presente na natureza, nos animais, na floresta; um deus presente no ar, nos ventos, nos raios. Em cada uma destas duas mil nações, com pequenas diferenças de visões. Os guaranis eram muito próximos do “mundo do evangelho”, sublinha Oliveira. Acreditavam, por exemplo, que no passado ocorrera uma grande enchente, na qual homens e animais se salvaram em grandes troncos de árvores. Como na história bíblica da Arca de Noé. 

Acreditavam em um deus único, o grande Tupã. Por isso, os jesuítas teriam tido mais facilidade para entrar no coração deles, garante o estudioso. Há 2.500 anos, eles viviam naquele mundo quase encantado: “Uma terra de coração, alma e espírito para se sentir bem”, resume. Mas também era terra de plantio, onde havia animais para caçar, na água não faltava peixe, nem comida farta nos matos. Até hoje o ser humano busca isso”.

Bom negócio da escravatura

Em 1494, temos o tratado de Tordesilhas, que dividiu a América do Sul. E o Brasil também: 370 léguas de Cabo Verde. 

A linha virtual passava em Laguna, Santa Catarina, e na ilha do Marajó (Pará).

Estátua do bandeirante Borba Gato em chamas durante protesto | Foto: Mídia NinjaCuritiba, por exemplo, ficava 890 quilômetros dentro da terra espanhola; o Rio Grande do Sul era todo espanhol, de Santa Catarina só uma nesga era portuguesa; no Paraná, um quarto era luso; mais da metade de São Paulo era espanhol e assim por diante.

É vital ter isso em conta para entender o bandeirantismo. Mas o que é bandeirantismo? “É sair de São Paulo e entrar em território espanhol em busca de escravos indígenas para as lavouras”, responde o especialista. Para situar a questão, é preciso voltar à Guerra dos 30 Anos, na Europa Central (1618-1648). 

Ela começou por diferenças religiosas, mas envolveu interesses de expansão territorial, economia e hegemonia na região. Por ter pauperizado os Estados em luta, acabou tornando economicamente proibitivo trazer pessoas de África para serem escravizadas no Brasil. A começar pelos holandeses, já instalados no Nordeste, que passaram a saquear navios negreiros. 

Tal situação fez com que os bandeirantes abrissem mercado, em busca de pessoas escravizadas para lavouras paulistas. Fizeram andanças, capturaram os primeiros escravizados e se deram conta de que era um bom negócio. Vendiam indígenas a bom preço em São Vicente e em São Paulo. E assim começou o processo de aceleração da busca de escravos.  

O sucesso da empreitada fez com que os bandeirantes fossem tomando conta do território espanhol de forma sutil, pelas beiras. Perto de Curitiba, havia 13 missões do Primeiro Ciclo Missioneiro do Paraná, justamente as primeiras a serem atacadas pelos “bravos” bandeirantes.

“Pandemia” no Século 17

Os guaranis eram indígenas já pré cristianizados, então, além de plantadores de mandioca, batata-doce, amendoim, milho — eram agricultores, mesmo que seminômades. E ainda eram cristãos, o que facilitava o convívio com famílias portuguesas. Passaram a atacar as reduções  — como também são conhecidas as missões — sem deixar de destruir aldeias não cristianizadas para capturar escravos. 

Vitral de bandeirantes explorando indígenas | Foto: Pixabay

O Sul brasileiro, paraguaio, além de um pedaço da Bolívia, do Rio grande do Sul, da Argentina — onde hoje são Missiones e Corrientes — estava repleto de guaranis. Mesmo aqueles que não eram aldeados, reduzidos, eram escravizados do mesmo jeito. Naquele período estima-se que levaram 300 mil para lavouras de SP. 

“Nos ataques, foram mortos mais de 300 mil. Então, de 1.625 até 1.641 os bandeirantes mataram 600 mil guaranis. Este número pode ser comparado com as mortes pela pandemia. Só que este barbarismo aconteceu em um Brasil subpovoado, de muito pouca gente. Para aquela época era um horror de gente. Foi um contingente muito grande de nativos que desapareceu das florestas”.

A vida nas reduções

Sobre a vida nas reduções, José Roberto de Oliveira conta:

Sino fundido em 1770, evidenciando o nível de conhecimento e avanço t´écnico das missões | Foto: Amaro Augusto Dornelles É vital pensar o que ocorreu com as reduções. Naquele primeiro período de ataques, eles buscam os indígenas que estavam lá, depois atacaram no Rio Grande do Sul. Na verdade, as hordas de bandeirantes perseguiam indígenas, prendiam uns; outros fugiam para o mato, para as Sete Quedas — muitos morreram ali, cenário do filme A Missão (The Mission) — para o Sul. 

Os que sobreviveram foram para Missiones, na Argentina, abaixo das cataratas do Iguaçu. Estamos falando de vários anos seguidos. Hoje são 15 reduções que restaram ali. Eles vão atacando, uns são presos, outros fogem. Tem uma redução que chama Caçapaguaçu, que fica bem perto de onde estamos.

Os bandeirantes chegavam pelo litoral, entravam no Rio Grande do Sul e atacavam, levando os nativos como escravos. Eram assaltos frequentes. As reduções mais próximas do Rio Jacuí, perto de Porto Alegre, eram logo agredidas. Aquelas 18 reduções tiveram seus habitantes afugentados do Rio Grande do Sul. Passaram a fugir para onde hoje é a Argentina, entre 1636 e 67, pelos registros. 

Em Caçapaguaçu — entre Ijuí e Eugênio de Castro — ocorreu um fato importante: pela primeira vez, já cansado de ver ataques às reduções, o provincial dos jesuítas pediu socorro às forças de Buenos Aires — a terra era dominada pela Espanha. Diogo de Alfaro, o provincial jesuíta coordenador da criação das reduções, pediu socorro e recebeu 15 militares de Buenos Aires armados

Ruínas de onde outrora estiveram parte das Missões | Foto: Amaro Augusto Dornelles

Preparando M’Bororé

Os argentinos prenderam um grupo de bandeirantes que, pela primeira vez foram vencidos e levados para Buenos Aires. Este foi o grande motivo de os paulistas organizarem uma grande bandeira para soltar seus encarcerados e capturar muitos escravos, aponta Oliveira: 

Eles eram presos pelo pescoço, uma coisa horrível, tratados como animais. Organizaram a grande bandeira em 1.640, pois em 38 tinham perdido a batalha. Foram 6.800 pessoas armadas até os dentes.  

Em São Paulo tinham muita gente de diversas origens: portugueses, holandeses, mamelucos, muitos tupis e demais aliados nas empreitadas. A bandeira desceu para o Sul. O padre missioneiro Ruiz de Montoja tinha ido à Europa pedir ao rei licença para usar armas de fogo a fim de defender as reduções. Pois, ele conseguiu. E pôde comprar 300 fuzis e um canhão. Trouxeram ainda cinco ex-militares que viraram jesuítas para as Missões. Eles treinaram ao todo 4.200 indígenas para a guerra, segundo os registros.

Batalha de M’Bororé / Reprodução Portal das Missões

Batalha de M’Bororé / Reprodução Portal das Missões

A cooperação jesuítico-guarani se preparou durante um ano, dando tiro e ensinando o que fazer na guerra. Depois da batalha de Catapaguaçu, em 1638, os missioneiros rebelados levaram as reduções para outro lado do Rio Uruguai, em busca de segurança. Lá eles preparam a batalha M’Bororé-fronteira Brasil/Argentina, no rio Uruguai — na qual 11 mil pessoas se bateram no rio Uruguai. Já eram um exército com comandante, sub comandante, além de diretores gerais de guerra. Esta a batalha os bandeirantes perderam. Mas o Brasil desconhece até hoje

Limpeza Étnica e Territorial

Ela ocorre em 1641, no rio Uruguai, um pouco abaixo de onde hoje existe Porto Mauá. Com as cheias, os barcos dos invasores se soltaram no rio, alertando os nativos de que tinha gente chegando. 

Para M’Bororé, os indígenas se prepararam para a guerra, montaram até canhões com taquaruçu (taquaras mais largas, com cerca de 15cm de diâmetros). Borba Gato é uma espécie de comandante do conjunto das ações nas reduções jesuíticas. Eles atacaram primeiro a redução Acaraguá. Mas os nativos já sabiam da escaramuça: ao chegar, já não tinha mais ninguém, bens, alimentos, tudo já havia sido levado. 

Batalha de M’Bororé / ReproduçãoOs invasores ficaram sem comida e desceram até a região chamada M’Bororé. Os bandeirantes resolveram fazer o maior ataque, começando uma grande batalha. Grandes líderes estiveram por lá, mas só se fala do maior deles. 

Eles estavam preparados, como eu conto no livro que estou lançando agora (). Foi um trabalho demorado, todo desenhado. O desenhista terminou seu trabalho no dia em puseram fogo na estátua do Borba Gato — a simbologia paulista do herói: aquele que fez a riqueza, trouxe escravos, que liderou — porque o bandeirantismo não é coisa de poucos, é de muitos.

O cristianismo aceita tais métodos, são até louvados. São Paulo é o exemplo, com seus grandes matadores do povo brasileiro. Quem é este povo nativo, milenar, que mora aqui, o dono da terra?  São os indígenas. Todos nós que temos a pele um pouco mais branca, de ascendência europeia, de alemães, italianos, poloneses… mais de 30 etnias. Chegamos ao Brasil para ocupar o território sacado pelos bandeirantes. 

Eles fizeram o serviço de matar o povo nativo para, inicialmente, ficar com sua mão-de-obra. Mas veja que a limpeza étnica é, acima de tudo, a limpeza territorial, a partir disso, eles passaram a entrar para o interior do Brasil e fazer a ocupação do território.

Significado da vitória guarani

“O fato é que na Batalha de M’Bororé, ocorrida entre 11 e 15 de março de 1641, a derrota dos bandeirantes foi fragorosa “O Brasil absolutamente desconhece esta derrota” repete o pesquisador. 

Alguns bandeirantes fugiram da luta e informam São Paulo da derrocada. Foi enviada a segunda missão, que chegou em dezembro de 1641. Só que os nativos estavam atentos. Quando os agressores chegaram nas cabeceiras do rio Uruguai, foram atacados e derrotados de novo. 

De todo o contingente, somando os que restavam da batalha inicial, voltam a São Paulo apenas 250 homens. O que os indígenas não mataram, tigres e onças deram cabo — além de outras tribos, que igualmente não gostavam dos invasores por conhecer suas práticas bárbaras”. 

Bolsonarismo e Bandeirantismo

Aí começa a mudança da política expansionista bandeirante no Brasil: deixaram de buscar indígenas como escravos e fazer dinheiro disso. E passam a buscar ouro e pedras preciosas em Minas Gerais. Este é o Brasil que se conhece hoje. 

Sepé Tiarajú é herói guarani e  considerado santo na região das missões | Foto: Amaro Augusto DornellesPor isso M’Bororé é fundamental de ser contado e estudado. Entra em cena, então, o Brasil de Tiradentes e tudo o mais que se conhece. No bolsonarismo de hoje está o gene do bandeirantismo. 

Cá estamos nós, a pensar que pobre não importa; criatura que não vive do modo europeu é pária da sociedade. Este é um tema fundamental da brasilidade: não respeitar o modo de ser das pessoas originárias daqui. 

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Nesta visão, a ideia de um mundo nativo, terra sem males, o cerrado brasileiro, o pampa, ou uma região amazônica plena, não tem a menor importância para quem tem um sangue nazifascista.

Na visão do pesquisador, quando você contrapõe o Brasil de hoje com a época de Dilma Rousseff (2011/16) — sexta economia do mundo, com parte dos impostos do Pré Sal destinados à Educação — os poderosos preferem tudo como está. Afinal, o grande manda-chuva continua sendo ianque, inglês, Italiano ou alemão. Tudo continua sendo a mesma coisa.

Política de apoio ao indígena

O mundo atual do papa Francisco visualiza a pobreza brasileira, ressalta José Roberto, ao lembrar que a territorialidade pode ser positiva para os humildes, para os descendentes da raça brasileira, para os pobres.

O Brasil precisaria de políticas públicas que chegassem aos descendentes, não só nos indígenas, que são irrisórias. 

Em sua avaliação os negros cresceram muito — mas longe do suficiente — mesmo tendo obtido posições, acesso à universidade: “Já os descendentes de indígenas não têm nenhuma política de apoio no país”. 

M’Bororé também foi importante por viabilizar a existência de Argentina e Paraguai. Se não houvesse a derrota bandeirante, explica, os bandeirantes teriam descido e dominado tudo até Buenos Aires. Teriam ido a Assunção. O próprio rei de Espanha reconheceu tal fato. Iriam tomar todo o território, caso vencessem, todas as reduções seriam deles.

Anti monumento a Borba Gato

Em 2007, o paulista João Loureiro foi o primeiro brasileiro a questionar o mito bandeirante através da cultura.  O jovem escultor, artista plástico, ganhou a concorrência nacional em São Miguel das Missões e construiu um “anti monumento a Borba Gato”. 

O artista enterrou Borba Gato  no solo das missões. Em frente ao cemitério municipal está lá o ícone, enterrado. Há uma escadaria para se descer e ver de perto a obra. Atrás da figura tem uma pedra para simbolizar as reduções, que viraram quase nada. E o Borba Gato bem grande.  

JAZ – instalação de João Loureiro para criticar a visão narrada pelos paulistas sobre os bandeirantes | Foto: Foto: Edouard Fraipont/ Reprodução 

O lado positivo do fogo na estátua de Borba Gato em São Paulo — segundo Oliveira — é a oportunidade de recontar essa história, que repercute no mundo, junto a outras manifestações de repúdio à barbárie. A onda começou nos EUA — em janeiro de 2020 — quando derrubaram a estátua de Edward Colston, negociante de escravos do século 17, e a jogaram em um lago. 

Depois, na Suécia, no movimento pela recontagem da história. “Os vencidos estão assumindo seu lugar na história. Passam a contar do seu jeito os fatos. É um momento muito importante da história. No Brasil bolsonarista é hora de contar a verdade”, define Oliveira.   

As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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