Conteúdo da página
ToggleProva da validade dessa avaliação simples deve ser buscada na resposta a uma questão contextual mais ampla: Como acontece de alguém crer que realize seu sonho de viajar no tempo, flutuando entre passado, presente e futuro, e que com isso poderia mudar à vontade os eventos, e de tal modo que a soma total de todos os resultados ‘provaria’ a ‘verdade’ da ilusão de que alguém teria, e para sempre, status de “superpotência”?
Em outras palavras, como alguém consegue manter por tanto tempo um tão empedernido complexo de deus? Na realidade, ninguém pode e ninguém consegue.
No entanto, num mundo de ficção, no universo distópico dessa Utopia ‘Ocidente’, “lateralmente, em relação ao tempo”, há gente criando realidades alternativas, histórias alternativas e personalidades alternativas em escala industrial, que são distribuídos em memes e filmes bem elaborados repetidos 24 horas por dia, 7 dias por semana, por canais virtuais, ao mesmo tempo em que vão impondo total bloqueio a notícias de fatos em solo. Funciona? Não, não funciona.
O que estamos testemunhando é uma operação cesárea, para que nasça nova Europa
As bolhas estouram assim que são criadas, e o custo de manter tamanha quantidade de rodadas de conversas de ‘especialistas’ tornou-se enorme.
Por que então os mesmos de sempre continuam a fazer sempre o mesmo? Por duas razões:
1) porque podem;
2) porque não conhecem alternativas reais, tangíveis e eficazes.
Agarrar-se a pequenos galhos enquanto se é sugado por um redemoinho não é eficaz, mas a esperança é a última que morre.
Muitos artigos fornecem bons detalhes e relatórios em tempo real sobre o que realmente está acontecendo na Ucrânia e nas operações russas.
Nesse artigo, espero informar os leitores desse blog sobre como as pessoas no Irã estão em geral vendo a crise ucraniana; e que tipo de postura pode emergir dessa perspectiva específica, do que diz respeito campo da Resistência.
Operação cesárea para fazer nascer uma Nova Europa
Mudanças geopolíticas regionais tangíveis e mensuráveis apoiadas em fatos em campo estão agora levando todas as nações, à direita, à esquerda e ao centro, a ter de escolher uma das três opções:
1) Pôr ou manter as duas pernas no barco ocidental;
2) Pôr ou manter as duas pernas no barco oriental; ou
3) Pôr ou manter as duas pernas em seu próprio barco independente.
Deixar-se conduzir pelo medo ou pela ganância e pôr ou manter uma perna em um barco e outra em outro, especialmente quando os barcos movem-se em direções diferentes, é perigoso para a saúde nacional. Epa! Nem essa possibilidade existe hoje!
Em julho de 2006, durante bombardeio maciço contra o Líbano, em ataque do regime israelense que ocupa a Palestina, muitas comunidades libanesas foram totalmente destruídas, e milhares de civis foram mortos com apoio militar e financeiro direto dos regimes que governam os EUA, a Europa Ocidental e a Arábia Saudita. Tentavam deliberadamente prolongar aquele ataque monstro contra o Líbano, na esperança de conseguir “extinguir” o Hizbullah. Foi quando a então Secretária de Estado dos EUA Condoleezza Rice disse:
“Não tenho interesse em diplomacia para devolver o Líbano e Israel ao status quo ante. Penso que seria erro. O que estamos vendo aqui, em certo sentido, é o crescimento – as dores do parto de um novo Oriente Médio. – E façamos o que fizermos, temos de ter certeza de que avançamos para o novo Oriente Médio, sem voltar para o antigo”.
Amém. Sim, nasceu ali de fato um novo ‘oriente médio’, que dali em diante seria conhecido como Ásia Ocidental, e se posicionaria a favor da Resistência – das margens do Golfo Pérsico e Mar Vermelho até as costas do Mediterrâneo. A Sra. Rice serviu de parteira, sim, mas das dores do parto de uma “Natimorta Nova Política Exterior dos EUA”, como escreveu Robert Scheer.
Assista na TV Diálogos do Sul
Seja como for, Rice distribuiu algumas pepitas verbais, que se aplicam à Ucrânia hoje. É certo, por exemplo, que a Ucrânia não pode voltar ao status quo ante.
O que estamos testemunhando é uma operação cesárea, para que nasça nova Europa. E, façam o que façam os países envolvidos, têm de ter certeza de que estão a caminho de uma nova Europa, porque não conseguiram voltar à antiga. Assim, nascerão melhores países europeus, que não sejam seguidores servis dos EUA em pleno território europeu ou em qualquer outro lugar ao redor do globo.
A causa raiz da crise ucraniana é o regime mafioso dos EUA
Um dos fatores mais significativos dentre os que levaram à atual crise na Ucrânia é que os que detêm o poder do “ocidente” não são consistente e habitualmente confiáveis, porque consistente e habitualmente rompem acordos e quebram promessas. As crises atuais na Ucrânia são apenas sintoma daquela doença crônica.
Aiatolá Khamenei discursou por ocasião da Missão Profética, ou Bi’that do Profeta Muhammad ( Sallallahu Alaihi wa Aalihi wa Sallam ), dia 1/3/2022. Naquele discurso, o líder da República Islâmica do Irã não poderia ter sido mais franco ao caracterizar a atual crise na Ucrânia. Como sempre, foi direto ao ponto:
“Basicamente, o regime dos EUA é regime que cria crises e alimenta-se dessas crises. Os EUA, sim, se alimentam das diversas crises que criam em todo o mundo. Os EUA vivem sob regime mafioso, e a Ucrânia também é vítima dessa política de criação de crise. Os EUA levaram a Ucrânia ao ponto em que está hoje, quando se infiltraram nos assuntos internos daquele país, incitando revoltas contra governos locais. Os EUA serviram-se de ‘movimentos de veludo’ ou ‘revoluções coloridas’, com participação de senadores norte-americanos nas reuniões de grupos de oposição ao governo local, e ao derrubarem governo legítimo, para substituí-lo pelo atual. É claro que empurraram o país para o caos em que está hoje.
Nós, é claro, somos contra guerras e destruição em qualquer lugar. Essa é a nossa política fixa.
Em relação aos eventos na Ucrânia, [também] somos a favor de interromper a guerra. Mas a solução para todas as crises só é possível se as causas profundas forem expostas e forem conhecidas.
A causa raiz da crise na Ucrânia são as políticas dos EUA e do ‘ocidente’. É preciso expor e conhecer [a causa raiz da crise], para avaliar e julgar os eventos atuais.”[3]
Sexta-feira passada, Hujjatul-Islam Khatami, líder das orações das sextas-feiras em Teerã, ecoou opiniões semelhantes para grande multidão de presentes; e apontou os EUA e alguns países europeus como principais culpados da crise na Ucrânia. Disse ele:
“A posição do sistema [iraniano] sobre a Ucrânia foi expressa pelas autoridades do Estado. Mas nossa política geral em relação a questões semelhantes é que convidamos todos os países envolvidos a se abster de escalar, e que entrem em diálogo. Nossa principal preocupação é com salvar vidas.
No caso da Ucrânia, a provocação da OTAN, com os EUA como eixo principal, complicou muito a situação na região.
O que temos hoje lá é resultado direto da intromissão dos EUA, na Ucrânia como em todo o mundo. EUA consideram-se, sem qualquer fundamento, única superpotência, o que não são.
Por seu lado, nessa narrativa, os países europeus estão constantemente batendo os tambores da guerra, como se o pão que comem dependesse de haver guerra.”[4]
Em seu discurso mais recente, Sayyed Hassan Nasrullah ecoou exatamente o mesmo sentimento:
“Os países ocidentais fizeram de tudo, exceto enfrentar diretamente a Rússia.
Cerco, sanções, fechamento de céus e portos, envio de armas para a Ucrânia, violentaram todas as fronteiras, para empurrar mais ‘forças rebeldes’ para dentro da Ucrânia (…). Contudo, quando os EUA atacaram o Afeganistão, vocês sabem muito bem como se comportaram [os críticos, a mídia, os ‘especialistas’ de TV no ‘ocidente’]. Quando os EUA atacaram o Iraque, como eles trataram os EUA?
Francamente, como [os críticos, a mídia, os ‘especialistas’ de TV no ‘ocidente’] consideraram todas as guerras que os EUA criaram?
Como [os críticos, a mídia, os ‘especialistas’ de TV no ‘ocidente’] vêm abordando as agressões do regime sionista contra Gaza? E a guerra de agressão e sanções contra o Iêmen há anos, e todas essas destruições e assassinatos que criaram?
O que se vê numa comparação entre a posição atual do ‘ocidente’ e o que se viu em outras das guerras criadas pelos EUA, é um padrão duplo de julgamento”.[5]
Lições difíceis e avisos para outros que confiem no apoio dos EUA/‘ocidente’
Cabe a várias nações que optaram por colocar as duas pernas no barco pilotado pelo regime mafioso dos EUA prestar atenção muito estrita ao que está acontecendo na Ucrânia. Isso vale para pessoas ocidentoxicadas também dentro daquelas nações.
O Aiatolá Khamenei fez dois duros avisos especiais:
1) atenção máxima a o quanto os EUA já demonstraram que não são confiáveis;
2) atenção máxima ao grau em que o povo de cada nação realmente apoia os próprios líderes. Disse ele:
“Há dois itens na questão da Ucrânia que devem receber atenção máxima.
Primeiro, que o apoio que as potências ‘ocidentais’ oferecem às nações que as mesmas ‘potências’ manobram como marionetes é miragem. Não é real. Aí está algo que todos os governos devem saber.
Governos que hoje se sintam tranquilos com o ‘apoio’ de EUA e Europa, que olhem para a Ucrânia e para o Afeganistão.
Tanto o presidente da Ucrânia quanto o presidente desertor do Afeganistão discursaram que confiavam nos EUA e nas ‘potências’ ocidentais. E foram abandonados, entregues à própria sorte.
É claro que não se pode confiar nessas pessoas. Essa é a primeira dura lição e advertência que faço.
A segunda advertência e dura lição que deixo é que o próprio povo é o apoio de mais peso com que os governos podem contar.
Se o povo da Ucrânia tivesse entrado em cena, a condição do governo e do povo da Ucrânia não seria a que hoje se vê. O povo não saiu em defesa do próprio país, porque não aceitava o governo que via.
É exatamente o que se viu quando os EUA atacaram o Iraque durante o governo de Saddam. O povo não se defendeu e afastou-se, e começou a voltar depois de Saddam. Depois de Saddam, naquele mesmo Iraque, quando o ISIS atacou o país, as pessoas entraram em cena e, sim, foram capazes de repelir o ISIS.”[6]
Semana passada, Vadym Prystaiko, embaixador ucraniano na Inglaterra, falou numa entrevista por vídeo (aqui), da qual transcrevo um trecho:
“Tínhamos duas vezes mais energia nuclear do que França, Grã-Bretanha e China juntas. Trocamos aquela energia pela promessa de que viriam ajudar. E não é só que essa ajuda não veio: a Rússia, agora está nos ameaçando! Mais uma grande lição para nós, mas também uma grande lição para nações que também são limítrofes da Rússia, como Coréia do Norte e Irã, que tentam defender-se construindo escudo nuclear próprio. E europeus e ocidentais apresentam-se para os salvar: ‘Não façam isso! Desnuclearizem-se e, em troca, nós defenderemos vocês. Assinem qualquer acordo.’
Por que a Rússia faz isso? Por que nos ataca?”
Quem compreenda essa explicação… talvez compreenda também o impressionante ato de desafio contra ameaçadora força russa agressora, do bravo presidente ucraniano: Volodymyr Zelensky cortou vários líderes mundiais de sua conta no Twitter. Pronto! Agora, sim, o mundo aprendeu uma lição!*******
** Tradução: Vila Mandinga (tradução automática ing.-port. por Google Translate, corrigida e revisada, para o português. Não oficial. Para finalidades acadêmicas, sem valor comercial).
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
Assista na TV Diálogos do Sul
Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.
A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.
Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:
-
PIX CNPJ: 58.726.829/0001-56
- Cartão de crédito no Catarse: acesse aqui
- Boleto: acesse aqui
- Assinatura pelo Paypal: acesse aqui
- Transferência bancária
Nova Sociedade
Banco Itaú
Agência – 0713
Conta Corrente – 24192-5
CNPJ: 58726829/0001-56
Por favor, enviar o comprovante para o e-mail: assinaturas@websul.org.br