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Há 33 anos negociei libertação de um sequestro na Colômbia; hoje, saúdo a vitória de Petro

Em 1989, negociei com o ELN a soltura de três engenheiros da Braspetro. A vitória do Pacto Histórico fecha um ciclo de luta pela vida e pela paz para mim
Allen Habert
Diálogos do Sul
São Paulo (SP)

Tradução:

Minha ligação com a Colômbia é de 33 anos atrás, quando viajei, em maio de 1989, e negociei com a guerrilha colombiana a soltura dos três engenheiros da Petrobras (Braspetro) sequestrados há meses pelo ELN-Exército de Libertação Nacional. Fui na condição de presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (SEESP) e diretor da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE).

O país estava em estado de sítio. Cheguei numa terça-feira, às 6h em Bogotá e, às 9h, houve um atentado organizado pelo narcotraficante Pablo Escobar contra o coronel colombiano que lidava com o narcotráfico na cidade. Este escapou, mas muitos morreram pela explosão de um carro-bomba numa praça pequena rodeada de prédios.

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Foi uma semana intensa e incrível. Tive muita sorte. O time Nacional de Medellín venceu a Libertadores no dia seguinte. Mil lances, mas no sábado seguinte voei pela Varig com os três engenheiros e suas esposas de volta para o Brasil.

Desde então acompanho este país, que aprendi a gostar e torcer por ele.

Esta vitória do economista e grande líder político Gustavo Petro no segundo turno das eleições na Colômbia fecha um ciclo de 33 anos de luta pela vida e pela paz para mim.

Fiquei extremamente contente com a vitória. As ruas comemoraram com muita alegria.

Em 1989, negociei com o ELN a soltura de três engenheiros da Braspetro. A vitória do Pacto Histórico fecha um ciclo de luta pela vida e pela paz para mim

Facebook | Reprodução
"Fiquei extremamente contente com a vitória. As ruas comemoraram com muita alegria"




Uma virada histórica

O Pacto Histórico, após mais de 200 anos da independência, chega ao poder. É uma virada histórica com influência na América Latina. A Colômbia é o terceiro PIB, às vezes o segundo após o Brasil, na América do Sul.

Com muita unidade, diálogo e amadurecimento, boa parte da população entendeu que deveria dar o salto das reivindicações sociais para a luta do poder político.

Colômbia: Para juventude, Petro e Francia são esperança contra retrocesso

Francia Márquez a vice- presidenta eleita, afro-descendente, é premiada internacionalmente pelo seu compromisso com a luta pela terra, água e meio ambiente.

As condições desta emblemática vitória são muito duras em função das sete bases estadunidense instaladas no país, do narcotráfico que se enraizou, dos paramilitares ligados às Forças Armadas, da guerrilha mais antiga das Américas, iniciada nos anos 40 pelas mãos da direita, do assassinato de milhares de líderes populares, do pacto pela paz firmado em 2016 e não cumprido.

A Colômbia foi uma espécie de laboratório bem-sucedido da política estadunidense para a América Latina.

O Brasil, alguns apontam, que está se colombinizando.

A democracia e a unidade das forças democráticas venceram. Gustavo Petro tem um longo caminho para fazê-la avançar, pacificar a sociedade colombiana e implantar seu amplo programa sufragado.

Dia 7 de agosto é a posse.

Parabéns ao povo colombiano‼️

Allen Habert é colaborador da Diálogos do Sul.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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