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Foto: seven resist / Flickr

Homem do Milênio, Karl Marx vive na memória de milhões em todo mundo

Em 1848, Karl Marx afirmou: "Um fantasma assombra a Europa: o fantasma do comunismo". E até hoje esse fantasma assombra os tolos e exploradores...
Gustavo Espinoza M.
Diálogos do Sul Global
Lima

Tradução:

Beatriz Cannabrava

De acordo com a Mitologia Grega, os Titãs foram originalmente criados pelos deuses e possuíam dons especiais. Eles tinham uma enorme capacidade operativa e uma força descomunal, que os tornava imbatíveis. Sua missão era atender a seus criadores no cumprimento das tarefas que lhes fossem atribuídas. Nem sempre eles se sentiam satisfeitos. Prometeu, em vingança, roubou o fogo e o entregou aos homens.

Embora Prometeu tenha sido punido por sua ação e preso a uma montanha no Cáucaso, ele foi finalmente libertado por Héracles, de modo que sua ação foi perdoada. Desde então, os Titãs – e Prometeu em particular – são o símbolo de uma fortaleza excepcional destinada a ajudar o homem e atender a humanidade como um todo. Não é por acaso, então, que Karl Marx seja considerado o Titã de Tréveris ou o Prometeu do Palatinado.

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Karl Marx nasceu há mais de dois séculos, em 5 de maio de 1818, nessa pequena cidade renana, fundada 16 anos antes de Nossa Era, e situada na margem direita do rio Mosella. Hoje a casa onde ele nasceu é preservada porque simboliza o homem que trouxe uma nova luz à humanidade.

Em 1848, Karl Marx afirmou: Um fantasma assombra a Europa: o fantasma do comunismo. E esse fantasma assombra hoje não só a Europa, mas o mundo inteiro, para horror dos exploradores e tolos.

Comunismo e a classe dominante

Objetivamente, o comunismo – essa sociedade do futuro que reivindica a dignidade e implanta a justiça – não é apenas o sonho de milhões no velho continente, mas também a ilusão dos povos da Ásia, África e América Latina. Por isso, a Classe Dominante joga até com armas nucleares empenhada em impedir que ele avance, como desejam os pobres e impõe a realidade do nosso tempo.

Quatro anos depois, em 5 de março de 1852, em sua famosa carta a Joseph Weydemeyer, Marx disse: “Por minha parte, não me cabe o mérito de ter descoberto a existência das classes ou a luta entre elas. O que eu trouxe de novo foi demonstrar: 1) que a existência das classes está ligada apenas a determinadas fases históricas do desenvolvimento da produção; 2) que a luta de classes conduz necessariamente à ditadura do proletariado; 3) que essa mesma ditadura não é, por si só, mais do que a transição para a abolição de todas as classes e para uma sociedade sem classes.” – Em outras palavras, a luta de classes é o motor da história.

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Esta formulação irrita os filisteus de todos os tipos. Para eles, a luta de classes é um invento diabólico de mentes desviadas que fomentam o ódio e a animosidade. Eles dizem isso com a ideia de “transmitir a paz”, semear “a ordem” e cimentar “o diálogo” para “atenuar” os conflitos sociais.

Vã esperança, certamente, quando enfrentam uma Classe consciente, que conhece seus deveres e responsabilidades e que luta convencida de estar enfrentando uma tarefa histórica. No entanto, eles sonham em seduzir uma certa aristocracia operária que pensa apenas em seu próprio salário e não percebe seus deveres de classe. É para ela que eles se dirigem com empenho.

A insistência da classe dominante

A Classe Dominante e seus meios de comunicação insistem em afirmar que o investimento de capital gera riqueza, assegurando que quando não há investimento, a pobreza aparece. E isso é falso. Não é o dinheiro que produz riqueza, mas sim “a natureza, que é a fonte dos valores de uso, nada mais do que o trabalho, que não é mais do que a manifestação de uma força natural”. Aí está a origem da riqueza. A natureza e o homem são a base da riqueza.

Quando os criadores de riqueza alcançarem seus objetivos históricos, eles estabelecerão uma nova sociedade, regida por verdadeiros preceitos democráticos. Eles permitirão que se olhe para a vida com outros olhos, recuperando a dignidade, o império dos valores e a causa da justiça será a consequência do surgimento do Homem Novo, aquele que baseia seu esforço na tarefa solidária.

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Em maio de 1875, Marx delineou a sociedade do futuro: “Entre a Sociedade Capitalista e a Sociedade Comunista, existe o período de transformação revolucionária da primeira para a segunda. A este período corresponde também um período político de transição, cujo Estado não pode ser outro senão a ditadura revolucionária do proletariado.

Quando os apologistas do capitalismo leem esta citação, reviram os olhos. Eles temem apenas a possibilidade de ver os trabalhadores ditando leis e impondo a vontade de seu povo. Seria “O fim da Democracia!” clamam. Da Democracia Burguesa, claro, que não é outra coisa senão a ditadura de classe da burguesia, que se impõe pela violência e pela morte. Mas também seria o surgimento de uma Democracia Popular mais ampla, aquela que encarna a vontade de milhões e se concretiza em leis e fatos tangíveis.

No início do ano 2000, a BBC de Londres realizou uma pesquisa global para que seus ouvintes escolhessem o Homem do Milênio. Para surpresa dos organizadores, a vontade dos participantes foi clara: O Homem do Milênio é Karl Marx.

O Titã de Tréveris vive na memória de milhões.

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Foto extra: thierry ehrmann / Flickr


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Gustavo Espinoza M. Jornalista e colaborador da Diálogos de Sul em Lima, Peru, é diretor da edição peruana da Resumen Latinoamericano e professor universitário de língua e literatura. Em sua trajetória de lutas, foi líder da Federação de Estudantes do Peru e da Confederação Geral do Trabalho do Peru. Escreveu “Mariátegui y nuestro tiempo” e “Memorias de un comunista peruano”, entre outras obras. Acompanhou e militou contra o golpe de Estado no Chile e a ditadura de Pinochet.

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