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Foto: Governo da Espanha

Ineficácia de sistema contra inundações pode ter agravado enchentes na Espanha

Até o momento, número de mortes ultrapassa 200; governo da Espanha anunciou a mobilização de mais de 1.020 soldados para localizar desaparecidos e auxiliar desabrigados
Armando G. Tejeda
La Jornada
Madri

Tradução:

Ana Corbisier

Nesta quinta-feira (31), os serviços de emergência continuaram as buscas pelos desaparecidos na Espanha, enquanto muitos se perguntavam o que causou as devastadoras inundações repentinas que tiraram a vida de pelo menos 205 pessoas, segundo os dados divulgados até o momento da publicação desta notícia.

Acredita-se que o sistema meteorológico destrutivo esteja piorando devido às mudanças climáticas, culminando na inundação repentina desta semana, a pior que a região viu em três décadas. Também foi questionada a eficácia das defesas contra inundações nas áreas afetadas.

O exército espanhol mobiliza, a partir desta sexta-feira, mais de 1.020 soldados para localizar as dezenas de desaparecidos e auxiliar os centenas de milhares de desabrigados.

O presidente do governo espanhol, o socialista Pedro Sánchez, visitou a zona e anunciou a mobilização de todos os recursos possíveis. Também declarará a região como “zona de catástrofe” para resolver quanto antes a falta de eletricidade, que continua afetando cerca de 80 mil pessoas, e reconstruir as vias de comunicação.

A agência meteorológica estatal Aemet afirmou que Valência experimentou “a gota fria mais adversa do século”. “Não é possível que as temperaturas do ar e do mar aumentem e que tudo o mais permaneça igual”, indicou um porta-voz da agência.

Os primeiros a chegar

Este fenômeno, também conhecido como Depressão Atmosférica Isolada em Níveis Altos (DANA), já ocorreu em outros anos na costa mediterrânea da Espanha, mas os cientistas acreditam que a mudança climática está piorando cada vez mais o fenômeno.

Os primeiros a chegar com comida, água e equipamentos médicos a vilarejos como Alfafar, Paiporta e Chiva foram os próprios moradores das localidades vizinhas ou da cidade de Valência.

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A situação foi tão dramática que o maior centro penitenciário, Picassent, abriu suas portas aos moradores para que se refugiassem dentro de seus muros. Os serviços de resgate encontraram várias vítimas fatais dentro de seus veículos.

O prefeito da cidade de Alfafar, Juan Ramón Adsuara, afirmou: “não vemos um caminhão de bombeiros há dias, nem a Unidade Militar de Emergências, nem a Guarda Civil, e há pessoas que estão convivendo com cadáveres em casa”.

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Também foram registrados saques e roubos em lojas, casas e edifícios. A promotoria prendeu 39 pessoas e ordenou prisão preventiva para todos os que cometeram esse delito.

O serviço de proteção civil da região alertou os residentes para não saírem de suas casas até as 20h de terça-feira, tarde demais para os que já estavam presos nas estradas.

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Na região da Catalunha, foi emitido um alerta para a cidade de Tarragona, onde meteorologistas advertiram que cairiam chuvas torrenciais, enquanto no município de Jerez, 300 famílias foram desalojadas devido à subida do rio Guadalete, segundo confirmaram autoridades de Cádiz.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Armando G. Tejeda Mestre em Jornalismo pela Jornalismo na Universidade Autónoma de Madrid, foi colaborador do jornal El País, na seção Economia e Sociedade. Atualmente é correspondente do La Jornada na Espanha e membro do conselho editorial da revista Babab.

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