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Inspirada em Bolívar, Martí e Fidel, Casa de Las Américas celebra 61º aniversário de fundação

Comemorações ocorrem num cenário de emergência sanitária global, causada por dois vírus letais que afetam os mais pobres: o coronavírus e o neoliberalismo
Casa de Las Américas
Casa de Las Américas
Havana

Tradução:

Menos de quatro meses depois do 1º de janeiro de 1959, em um dia como hoje, 28 de abril, foi criada a Casa de las Américas. 

Em meio a campanhas midiáticas difamatórias, ameaças do presidente Eisenhower, sequestros de aviões e atentados terroristas, a Revolução Cubana se defendia e dava os primeiros passos em seu projeto emancipador. Convertia em cidade escola a fortaleza de Columbia, entregava a propriedade de suas terras a mais de trezentos camponeses, fundava o ICAIC e a Imprensa Nacional.  

Logo os Estados Unidos usariam seu poder na região para isolar Cuba e seu “mau exemplo” de soberania e justiça social. Conseguiram excluí-la de certos fóruns e romper vínculos diplomáticos, acordos, papéis; mas não lhes foi possível quebrar outros laços associados ao instinto e às raízes dos povos, sua memória, seus sonhos. 

A Casa de Las Américas, guiada por uma personalidade tão luminosa como Haydée Santamaría, junto a uma equipe comprometida e leal, contribuiu de maneira decisiva para que Cuba não fosse espiritualmente desgalhada da Nossa América.  

Inspirada em Bolívar, Martí e Fidel, nutrida de modo cotidiano pelo pensamento anticolonial de Roberto Fernández Retamar e a visão de vanguarda de Mariano Rodríguez, a instituição encontrou aliados nos melhores criadores da região. Martínez Estrada, Galich, Benedetti e muitos outros intelectuais e artistas relevantes habitaram a Casa, a fizeram sua e enriqueceram seus conceitos e estratégias. 

Com o passar dos anos, foi ampliando sua mirada. Ao exame e à promoção das letras, da música, do teatro, das artes visuais e da cultura caribenha, foram acrescentados estudos sobre a mulher, os povos originários, os latinos nos Estados Unidos e a presença da África na América

Celebramos este aniversário em uma situação de emergência para a região e para todo o planeta. Uma dupla pandemia afeta os mais pobres: o coronavírus e o neoliberalismo.    

Negros e latinos sobressaem nas estatísticas de contagiados e falecidos nos Estados Unidos. Os indígenas do Norte e do Sul das Américas, tradicionalmente despojados de seus direitos, são extremamente vulneráveis. Trabalhadores informais, indigentes sem teto, habitantes de moradias precárias nos subúrbios das cidades, imigrantes sem documentos nem destino e um longo etecetera parecem predestinados a uma morte segura, embora não apareçam nas cifras oficiais. 

Muitos artistas, vítimas da desmontagem das políticas culturais e das próprias circunstâncias, estão hoje totalmente desamparados.   

As personalidades mais sensíveis e ajuizadas do mundo vêm reclamando um enfrentamento à crise baseado na colaboração, no esforço coordenado, na solidariedade.   

A Casa, no aniversário de seu nascimento, quer insistir nessa palavra: solidariedade. Martí disse: “Pátria é humanidade” – e Fidel converteu esta definição em patrimônio de todos os cubanos e em guia e sentido da projeção internacional da Ilha. 

Os médicos cubanos batalham hoje contra a pandemia em mais de vinte países. Arriscam suas vidas, como fizeram em tantas ocasiões, para salvar outras, e deixam um exemplo moral intolerável para políticos e ideólogos neoliberais. Por isso é que utilizam sem trégua sua poderosa maquinaria de produzir e circular mentiras para atacar a generosidade da Revolução Cubana e dos seus filhos. 

A Casa de las Américas respalda a carta aberta “Simplesmente, ¡ya basta!” da Rede de Intelectuais, Artistas e Movimentos Sociais em Defesa da Humanidade, que, entre outros temas cruciais, denuncia o cinismo daqueles que fomentam a campanha contra a vocação solidária e internacionalista de Cuba e não dizem uma palavra sobre o bloqueio que impede, inclusive, adquirir qualquer tipo de insumos para frear a pandemia. 

E é que o coronavírus também aguçou a barbárie; a cultura do ódio, violenta, fascista, xenófoba, racista. Diante dessas tendências escuras, a Casa, da mesma forma que os representantes dignos dos povos latino-americanos e caribenhos, aposta na cultura da paz, da irmandade entre os seres humanos. Uma cultura, ademais, que conviva respeitosamente com a Mãe Terra. 

Um valioso aporte a estes debates é constituído pelo número 298 da revista Casa, que inclui o dossiê “Encrucijadas de América Latina” e desde hoje estará à disposição dos leitores em www.casadelasamericas.org. Estamos empregando a Web e as redes sociais para difundir publicações, obras de arte e textos de pesquisa, como parte da razão de ser da instituição desde o 28 de abril de 1959. 

Como naqueles tempos difíceis de sua fundação, a Casa trabalha dia a dia para manter seus vínculos com os que defendem, em meio à crise atual, a autêntica cultura da emancipação na América Latina, no Caribe e dentro dos próprios Estados Unidos.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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