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Foto: Gabriel Nicolás / Flickr

Justiça do Chile condena 5 ex-agentes de Pinochet por assassinato de militantes em 1989

Agentes repressores, que alteraram a cena do crime para forjar um suposto confronto com as vítimas, receberam condenações de 10 a 15 anos de prisão
Aldo Anfossi
La Jornada
Santiago del Chile

Tradução:

Beatriz Cannabrava

25 anos após os crimes, a Suprema Corte de Justiça do Chile declarou, na última sexta-feira (4), cinco ex-agentes da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) culpados pelo assassinato de dois militantes do Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR) em 1989. A Segunda Sala do tribunal máximo chileno proferiu sentenças após considerá-los responsáveis pelo crime de homicídio qualificado: Hugo César Acevedo, Raúl Farías, Víctor Rolando Caro e Jorge Enrique Rivas deverão cumprir 15 anos e um dia de prisão, enquanto Luis Arturo Sanhueza ficará encarcerado por 10 anos e um dia.

Em 18 de abril de 1989, agentes da Central Nacional de Informações (CNI) assassinaram os militantes miristas Iván Gustavo Palacios e Éric Enrique Rodríguez, em uma rua de Santiago, no município de Quinta Normal. O tribunal considerou comprovado que, após o assassinato, os agentes da CNI alteraram o local dos fatos para simular um confronto com as vítimas, que foram acusadas de estarem se preparando para colocar artefatos explosivos.

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A CNI operou entre 1977 e 1990 como um órgão de perseguição, sequestro, assassinato e desaparecimento de opositores políticos, sendo sucessora da Direção de Inteligência Nacional (DINA), a polícia secreta de Pinochet, comandada pelo general Manuel “El Mamo” Contreras, um tenente de confiança do ditador, a quem reportava diretamente desde o golpe de 1973 até sua dissolução.

Desde o fim da ditadura, centenas de agentes do Estado que atuaram na CNI e na DINA e que vieram do exército, da marinha, da aviação e das polícias de Carabineiros e de Investigações foram levados a julgamento e condenados por sua participação em crimes que deixaram mais de 3.200 mortos e desaparecidos, além de dezenas de milhares de torturados. Atualmente, o paradeiro de mais de 1.100 pessoas ainda é desconhecido.

Lista atualizada

No final de 2023, o escritório jurídico Caucoto Advogados, especializado em direitos humanos, atualizou uma lista de oito ex-militares foragidos da justiça, condenados por diversos crimes contra a humanidade, alguns envolvidos no assassinato do cantor Víctor Jara e do advogado Litré Quiroga; na execução de 38 camponeses no Caso Paine, no assassinato do diplomata espanhol Carmelo Soria, na Operação Condor, na Caravana da Morte e no Caso Queimados, entre outras investigações.

Ex-militares, carabineiros e civis membros da DINA e da CNI foram acusados como autores e coautores de sequestro qualificado, homicídio qualificado, associação ilícita e aplicação de tortura, entre outros crimes.

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Em meados da década de 1970, as ditaduras militares do Cone Sul se uniram para perseguir e eliminar dissidentes de esquerda além das fronteiras nacionais, como parte de um plano secreto conhecido como Operação Condor.

Centenas de pessoas foram assassinadas sob esse programa de terror estatal, apoiado pelos Estados Unidos, no qual participaram Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Aldo Anfossi

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