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Justiça dos EUA nega liberdade sob fiança a general mexicano acusado de narcotráfico

Ex-secretário de Defesa Nacional do México continua à espera de um eventual traslado para enfrentar seu julgamento por acusações relacionadas ao narcotráfico
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

Foi negada a liberdade sob fiança ao ex-secretário de Defesa Nacional, Salvador Cienfuegos Zepeda, que está à espera de um eventual traslado a Nova York para enfrentar seu julgamento por quatro acusações relacionadas com facilitação para o narcotráfico. 

Em uma breve segunda audiência depois de ser preso na quinta-feira passado em Los Angeles, o Juiz federal Alexander MacKinnon recusou a petição de liberdade sob fiança do general Cienfuegos e ordenou que permanecesse sob custódia do Serviço de Xerifes dos Estados Unidos à espera do seu julgamento. 

O juiz indicou que na sexta-feira assinará a ordem para o traslado do general Cienfuegos a Nova York onde se formularão as acusações contra ele. O Tribunal Federal do Distrito de Leste de Nova York, no Brooklyn, será sede de seu processo judicial que culminaria em um julgamento se antes não aceitar sua culpabilidade como parte de algum tipo de acordo.  

O promotor federal em Los Angeles indicou que um traslado desse tipo poderia tardar dias e até uma ou duas semanas. 

Ex-secretário de Defesa Nacional do México continua à espera de um eventual traslado para enfrentar seu julgamento por acusações relacionadas ao narcotráfico

Infobae
O ex-secretário de Defesa Nacional do México, Salvador Cienfuegos Zepeda

Cienfuegos decidiu não estar presente nesta audiência na qual foi representado por seu advogado, Duane Lyons, que apresentou a proposta uma fiança de 750 mil dólares para a liberdade de seu cliente, indicando que essa soma representava as economias de toda a vida do acusado.  

Lyons argumentou ante o juiz – em uma audiência realizada por videoconferência por causa da pandemia – que Cienfuegos não tem nenhuma intenção de fugir já que deseja se “defender vigorosamente” das acusações e “limpar seu nome” pois “serviu a seu país de maneira honrada”.

Mas o juiz, ao justificar sua negativa,  argumentou que as acusações são graves e que poderiam ampliar uma condenação de até prisão perpétua, e portanto “têm incentivos para fugir” pois conta com contatos e relações poderosas no México.

O advogado indicou ao juiz também que por causa da Covid-19 há razões para libertar seu cliente enquanto espera o julgamento já “que tem mais 70 anos de idade e alguns problemas de saúde”, que não precisou.

Mas no final, o juiz se inclinou pelos argumentos dos promotores federais de que não há suficiente garantia de que Cienfuegos se apresente no seu julgamento já que enfrenta uma condenação que efetivamente poderia colocá-lo na prisão pelo resto da vida, e que goza de amplas relações com gente influente no México dados seus altos postos e seu histórico de “poder político y privilégios”. Portanto, concluiu que não existem condições suficientes para assegurar que se apresentará” para o seu julgamento. 

O general Cienfuegos Zepeda está formalmente acusado de quatro crimes pelo governo dos Estados Unidos: três por conspiração de manufatura, distribuição e importação aos Estados Unidos de drogas ilícitas e uma por lavagem de dinheiro, segundo a acusação federal datada de 14 de agosto de 2019 – mesma data em que foram emitidas as ordens de prisão contra ele – e levada ao público na sexta-feira passada após ele ser detido na quinta-feira no aeroporto de Los Angeles, quando viajava com sua família. 

Os promotores encarregados do caso acusam que entre dezembro de 2015 e fevereiro de 2017 o general Cienfuegos Zepeda, também conhecido como El Padrino, abusou de seu posto para ajudar o cartel H-2 a traficar milhares de quilos de diferentes narcóticos aos Estados Unidos e em troca de subornos permitiu que esse cartel atuasse com impunidade no México. 

Os promotores estadunidenses calculam que a pena mínima para cada uma das primeiras três acusações é de 10 anos de prisão e, em conjunto, poderiam resultar em uma condenação máxima de até prisão perpétua.

David Brooks, correspondente de La Jornada em Nova York

La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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