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Lima e mais regiões do Peru ardem em protesto contra Boluarte, que ordena mais repressão

Pelo menos 53 pessoas já morreram durante as manifestações iniciadas após a destituição de Pedro Castillo, em 7 de dezembro
Redação AbrilAbril

Tradução:

No âmbito da paralisação nacional iniciada em 4 de janeiro, os “provincianos” que têm andado a denunciar o golpe, a exigir a demissão de Dina Boluarte, o encerramento do Congresso, eleições antecipadas e uma Assembleia Constituinte, vieram de regiões como Apurímac, Cusco, Huancavelica, Arequipa, Puno, Ayacucho, entre outras.

Os convocantes convocaram a “Marcha de los Cuatro Suyos” até Lima, num contexto em que também a Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru (CGTP) e a Assembleia Nacional dos Povos (ANP) convocaram para esta quinta-feira (19) uma jornada de greve e mobilização nacional.

Diversos grupos de manifestantes vindos de fora e os residentes na capital desfilaram de forma pacífica com bandeiras nacionais e indígenas, bem como com cartazes e faixas a patentear as suas exigências.

A certa altura, refere a TeleSur, elementos da polícia, que apareceram na manifestação em carros blindados, começaram a lançar bombas de gás lacrimogêneo, sem que se registrasse violência ou distúrbios.

Outro fato apontado pela fonte é que o enorme dispositivo policial formava barreiras para impedir a passagem dos manifestantes, dividindo-os.

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Com a passagem do dia, alguns grupos conseguiram se juntar, formando uma enorme multidão a qual também se uniu a marcha do movimento sindical, convocada pela CGTP e as organizações que integram a ANP – que classificaram como “contundente” a adesão à paralisação nacional desta quinta.

Entretanto, encurralados pelas barreiras policiais e pelo gás lacrimogêneo, alguns grupos atiraram pedras à polícia, e o centro de Lima tornou-se o cenário de uma “batalha campal”, segundo a Prensa Latina.

Pelo menos 53 pessoas já morreram durante as manifestações iniciadas após a destituição de Pedro Castillo, em 7 de dezembro

CGTP | Reprodução – Facebook
Dina Boluarte voltou a catalogar as manifestações como ações de vandalismo e de delinquência

No resto do país, ontem também multiplicaram-se as mobilizações de protesto e as greves, e o número de bloqueios nas estradas chegou a 127, em 44 províncias.

Entretanto, os responsáveis da Saúde do governo regional de Arequipa confirmaram que, nesta quinta-feira, uma pessoa foi morta a tiro, quando um grupo de manifestantes tentava tomar de assalto o aeroporto local.

O número de pessoas mortas pelas forças de segurança desde o início dos protestos no Peru, em 7 de dezembro de 2022, sobe para 44, de acordo com os dados da Provedoria de Justiça.

A estes, juntam-se outros nove em ações ou incidentes ligados aos protestos, pelo que se registram pelo menos 53 mortes durante as manifestações contra o Congresso e a presidente da República, Dina Boluarte, que assumiu o cargo quando o Parlamento destituiu Pedro Castillo.


Boluarte volta a acusar os manifestantes

Respondendo na TV à grande mobilização, que quebrou pela força, a presidente em exercício do Peru reafirmou que não se vai demitir, disse que o seu governo está unido e voltou a catalogar as manifestações como ações de vandalismo e delinquência, responsáveis pela agitação social no país sul-americano.

Embaixadora norte-americana no Peru, Lisa Kenna, e ministro da Energia e Minas, em Lima, a 18 de Janeiro de 2023 (@MinemPeru)

Disse ainda que é preciso diálogo e, em simultâneo, ameaçou os manifestantes com “todo o peso da Lei” em todo o país.


Os apoios e os interesses norte-americanos

Do que Boluarte não falou foi do forte apoio que a embaixadora norte-americana no país, a ex-CIA Lisa Kenna, deu ao golpe e ao governo golpista.

O jornalista Ben Norton, no portal geopoliticaleconomy.com, lembra que o Peru tem largas reservas de cobre, ouro, zinco, prata, chumbo, ferro e gás natural, e que Kenna tem se reunido regularmente com figuras de proa do governo peruano.

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No passado dia 18, ela teve uma reunião com o ministro da Energia e Minas, tendo discutido oportunidades de “investimento” e planos para “desenvolver” e “expandir” as indústrias extrativistas.

Além dos EUA, recorda o jornalista norte-americano, a Europa também tem muito interesse nos recursos peruanos, estando a importar, nomeadamente, gás natural liquefeito para substituir o gás russo, no contexto do boicote imposto pela UE à importação de energia russa em razão da guerra entre a Otan e a Rússia na Ucrânia.

Redação | AbrilAbril


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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