Mas foi Lenin quem pela primeira vez chamou a atenção para a ameaça que a nova fase do imperialismo significava para a humanidade, o que exigia uma estratégia revolucionária.
O seu livro – O Imperialismo fase superior do capitalismo – foi publicado em l917, meses antes da Revolução de Fevereiro, que derrubou a monarquia autocrática russa. A Associação Cultural Diário Liberdade lançou agora uma edição em galego dessa obra hoje um clássico do marxismo.
Acrescenta alias que “as guerras imperialistas são absolutamente inevitáveis enquanto subsistir a propriedade privada dos meios de produção”. Um terceiro prefácio, da responsabilidade da Editora Diário Liberdade, confere à iniciativa uma grande atualidade.
Os leitores apercebem-se de que, transcorrido quase um século, a reflexão de Lenin sobre a natureza do imperialismo no inicio do século XX os ajuda muito a compreenderem a complexidade de grandes problemas contemporâneos não obstante as prodigiosas mudanças ocorridas no mundo desde então.
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O prefácio da edição galega lembra que Lenin antecipou a importância que iriam assumir revoluções democráticas e nacionais em países atrasados (casos da persa,da turca e da chinesa) e as lutas contra o colonialismo e o imperialismo.
Considerações sobre o Lenin Filósofo de Anton Pannekoek e seus difusores peruanos
“As lutas nacionais-escrevem os editores- serão cada vez mais ingredientes, progressistas e revolucionários frente ao domínio dos monopólios, o que exige a sua integração na estratégia do movimento comunista internacional”.
Os cinco pontos referidos por Lenin para definir o capitalismo monopolista da sua época mantêm atualidade na caracterização do imperialismo deste início do terceiro milénio. A concentração da produção e do capital, mediante a hegemonia dos monopólios, tem avançado inexoravelmente durante o ultimo século-sublinham os editores-; a fusão entre capital bancário e industrial, que hoje já converteu o capital financeiro em dominante sobre o industrial e comercial; a exportação de capitais que liga diretamente com a teoria marxista da dependência desenvolvida principalmente por autores marxistas latino-americanos, como Florestan Fernandes e Rui Mauro Marini, entre outros, a partir das decidas de 60 e 70,de especial interesse na dialética colonial centro-periferia, soberania-dependência e do papel que, no caso da Galiza o nosso país ocupa na divisão internacional do trabalho, a repartição do mundo entre as grandes potencias, cuja culminação não só não impede que continuem os conflitos, com os estende às regiões do globo de interesse extrativo, energético e geoestratégico.
Considero útil transcrever dois parágrafos do livro de Lenin. Facilitam a compreensão da crise estrutural que o capitalismo enfrenta: «Por outras palavras o velho capitalismo, o capitalismo da livre concorrência, com o seu regulador absolutamente indispensável, a Bolsa, passa à história.
Em seu lugar apareceu o novo capitalismo, que tem os traços evidentes de um fenómeno de transição que representa uma mistura da livre concorrência com o monopólio». «O velho capitalismo caducou. O novo constitui uma etapa de transição para algo diferente.
Encontrar ‘princípios firmes e fins concretos’ para a ‘conciliação’ do monopólio com a livre concorrência é naturalmente uma tarefa votada ao fracasso». Lenin, ao escrever o seu livro em vésperas de uma revolução que abalaria o planeta, tinha plena consciência de que o capitalismo monopolista na sua fase de transição não era estático. Estava em permanente transformação
O futuro imediato era imprevisível. A vitória da Revolução de Outubro foi um dos acontecimentos mais maravilhosos da Historia da Humanidade. Mas o socialismo não se implantou na Europa Ocidental e, hoje a Rússia, destruída a URSS, é um país capitalista. Nem por isso – repito- o livro de Lenin perdeu atualidade. Merece ser lido e relido.
A Editora Diário Liberdade prestou um serviço ao povo da Galiza ao publicá-lo na sua língua. O combate dos patriotas galegos pela independência contra a dominação do Estado Espanhol é muito difícil. Não obstante, os revolucionários leninistas da Galiza irmã não baixam os braços.
É sua convicção inabalável que o comunismo (com passagem pelo socialismo) é a única alternativa possível à barbárie capitalista que ameaça destruir a humanidade.
Matéria publicada originalmente em 14 de maio de 2016 e atualizada em 21 de janeiro de 2022, em razão dos 98 anos da morte de Lenin.
Miguel Urbano Rodrigues, ex-colaborador da Diálogos do Sul em Serpa, Portugal. Em memória.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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