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“Armados e prontos, sr. presidente”, disseram trumpistas antes de assalto ao Capitólio

Segundo investigações, ex-presidente sabia que comício que convocou em 6 de janeiro de 2021, que culminou no ataque, seria violento
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

O comitê legislativo encarregado da investigação sobre o assalto sem precedentes ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021 concluiu que Donald Trump foi o eixo de “um plano multipartes para reverter o resultado eleitoral de 2020” e aprovou emitir uma citação oficial para o ex-presidente comparecer ante esse comitê. 

Na última audiência pública do Comitê sobre o 6 de janeiro na câmara baixa antes das eleições intermediárias de novembro (e dependendo do resultado eleitoral, talvez sua última sessão), seu presidente, o deputado Bennie Thompson, resumiu que depois de um ano de investigação, que incluiu mais de mil entrevistas e dezenas de milhares de documentos, ficou claro que existiu um “plano multipartes encabeçado por Trump para reverter a eleição de 2020”. 

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Thompson sublinhou que nenhum presidente na história do país havia tentado “uma traição assombrosa ao seu juramento”, o que culminou com “um ataque sobre um dos pilares de nossa democracia”. Portanto, segundo ele, “Trump tem que prestar contas”. 

Os nove integrantes – entre eles dois republicanos – do comitê especial ofereceram um resumo dos fatos que arrecadaram, sobretudo – enfatizaram – de republicanos, incluindo assessores e integrantes da equipe de Trump na Casa Branca, seus familiares, funcionários eleitorais estaduais e participantes do assalto ao Capitólio. Grande parte deles já se apresentaram nas nove audiências anteriores.

Também foram apresentadas novas evidências incluindo dramáticos vídeos, nunca vistos pelo público, da liderança do poder legislativo sendo levada para “lugares seguros” pela polícia, de onde solicitavam ao secretário da Defesa, ao procurador geral em funções, e a governadores de Virgínia e Maryland para enviarem tropas ou forças de segurança para resgatar o Capitólio dos fanáticos violentos – e muitos armados – de Trump. 

Segundo investigações, ex-presidente sabia que comício que convocou em 6 de janeiro de 2021, que culminou no ataque, seria violento

Gage Skidmore – Flickr
Se republicanos ganharem controle da Câmara dos Deputados nas eleições legislativas de novembro, comitê provavelmente deixará de existir




Foco na reabertura da sessão

Um vídeo mostra a presidenta da câmara baixa, Nancy Pelosi, e o líder da maioria democrata do Senado, Chuck Schumer, focados em como conseguir reabrir a sessão bicameral para certificar o resultado da eleição presidencial – o último passo do processo eleitoral presidencial – interrompido com o assalto. Se comunicaram por telefone com o vice-presidente Mike Pence – que presidia a sessão bicameral – o qual também foi levado a um lugar seguro dentro do Capitólio pelo Serviço Secreto, e cuja vida estava em risco depois que seu chefe, Trump, emitiu um tuite declarando que ele não havia cumprido com o desejo do presidente de anular o resultado. Diante disso, os fanáticos gritavam em coro “enforquem Mike Pence” e que Pence era “um traidor”. 

A deputada Liz Cheney, co-presidenta do comitê, filha do ex-vice presidente Dick Cheney, uma das duas integrantes republicanas do Comitê e que sacrificou sua reeleição por isso, declarou que “Donald Trump, um só homem, causou tudo isto”.  

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Ela e seus colegas concluíram que a tentativa para reverter a eleição foi “um plano premeditado”, assinalando que Trump desde antes da eleição já havia decidido proclamar que o processo foi fraudulento – embora tenha fracassado em convencer aos juízes de suas acusações de irregularidades em 61 de suas 62 demandas ante tribunais. Depois pressionou pessoalmente a funcionários eleitorais para que mudassem resultados locais, tentou “corromper” o Departamento de Justiça, buscou intervir no processo do colégio eleitoral e finalmente instou seus seguidores a atacar o Capitólio para interromper a certificação dos resultados. 

“O que acontece quando um presidente não respeita o império da lei? Isso quebra a república”, declarou Cheney, advertindo que se os responsáveis disso, sobretudo Trump, não prestarem contas pelo que fizeram, “isto se normaliza e, portanto, se repetirá”. 

Trump, disseram, estava inteirado de que o comício que convocou em 6 de janeiro, o qual culminou com o assalto ao Capitólio, seria violento, e que centenas de seus seguidores chegaram armados. “Armados e prontos, senhor presidente”, foi uma mensagem que circulou entre seus fanáticos. Informaram que o Serviço Secreto e outras agências de segurança pública estavam inteiradas de que vários grupos ultradireitistas armados, como os Proud Boys e os Oath Keepers, estavam organizando suas filas. Muitos deles agora estão enfrentando acusações criminais por “conspiração de sedição”. 

“A democracia estadunidense pertence a todo o povo, não a um só homem”, concluiu o deputado democrata Jamie Raskin ao término da sessão. 

Ninguém espera que Trump vá acatar a ordem de apresentar-se ante este comitê e se supõe que detonará uma longa disputa legal. 

Se os republicanos ganharem o controle da Câmara dos Deputados nas eleições legislativas nacionais de novembro, o comitê provavelmente deixará de existir. No entanto, segundo os legisladores, o Departamento de Justiça ainda poderia usar as provas reunidas por esta investigação para pressionar por um processo contra o ex-presidente.

David Brooks, correspondente do La Jornada em Nova York.
Tradução: Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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