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Na América Latina, destruição ambiental é movida a corrupção e assassinatos

Decisões consideram conveniência e enriquecimento pessoal, enquanto líderes comunitários são mortos e pareceres técnicos são completamente ignorados
Carolina Vásquez Araya
Diálogos do Sul Global
Cidade da Guatemala

Tradução:

“Faça o que queira com as águas dos meus rios, com a paisagem da minha terra, com o ar que respiro, com a saúde de meus compatriotas, com a honra da minha pátria”. 

Esta mensagem vai implícita na cerimônia da firma das concessões para projeto extrativistas e de exploração de recursos nos países do quinto mundo – às quais pertencemos neste castigado continente – ao estabelecer o suborno e impedir, com apenas uma ordem presidencial, a opinião dos especialistas em impacto ambiental, os protestos da comunidade e as reclamações da sociedade civil. É o momento preciso em que se rompem os limites da soberania e o sentido humanitário.

A ruína dos países subdesenvolvidos – porque falar de países em desenvolvimento é outra grande mentira – é a corrupção. A tomada de decisões a partir da conveniência pessoal, o cálculo de comissões, o enriquecimento próprio dos funcionários e das empresas envolvidas, levam uma nação a esgotar seus recursos de maneira irracional, sem nenhuma consideração de caráter social e muito menos com um planejamento de desenvolvimento de longo prazo. É o aqui e o agora, mas sobretudo é o “para mim”.

Não importa a quantidade de documentos reveladores de contaminação, destruição do entorno ou regalias ridículas obtidas das grandes corporações que se apoderam dos rios, dos minerais ou dos megaprojetos agroindustriais que assassinam fauna e flora, mas também oportunidades de desenvolvimento. 

Decisões consideram conveniência e enriquecimento pessoal, enquanto líderes comunitários são mortos e pareceres técnicos são completamente ignorados

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A integridade do território é essencial em uma verdadeira democracia

No cinismo dos governantes ao tentar justificar o ecocídio, observa-se até que ponto as autoridades cedem diante das pressões das companhias respaldadas por governos de primeiro mundo para finalmente entregar tudo em troca de nada.

Ao serem destapados os escândalos dessas negociações, os entes envolvidos pretendem tapar seus delitos com a promessa de revisar contratos e aumentar regalias, mas jamais se abre a porta à participação da sociedade civil na tomada de decisões, como se o país fosse terra de ninguém. 

Pelo contrário: se persegue, sequestra e assassina líderes comunitários pelo simples fato de defender seu entorno e seus meios de subsistência. A consulta popular, que deveria ser uma norma inquebrantável da política local, é tipificada como delito.

A exploração mineira é um vertente atraente para o investimento estrangeiro. Mas resulta muito mais onerosa que rentável pelos gravíssimos danos em perda de integridades social e ambiental ocasionados aos territórios onde se realiza a exploração. 

Não se trata apenas de contaminação do ambiente, mas também da degradação provocada pelas estratégias divisionistas das companhias, ao armar um escudo protetor introduzindo elementos de discórdia entre a população afetada e blindar-se por verdadeiros exércitos independentes com o propósito de afastar de suas instalações os visitantes, inclusive com investidura oficial. 

As operações deste tipo são executadas em territórios liberados. A soberania é transferida a uma companhia estrangeira poder fazer o que deseja, isenta de fiscalização da população e protegida pelo Estado. O tema, controvertido como tudo o que é relacionado com o dinheiro, é de uma grande importância para o futuro de nossas nações. Já está na hora de escolher melhor aqueles que nos representam. 

A integridade do território é essencial em uma verdadeira democracia. 

*Colaboradora de Diálogos do Sul da Cidade da Guatemala

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Carolina Vásquez Araya Jornalista e editora com mais de 30 anos de experiência. Tem como temas centrais de suas reflexões cultura e educação, direitos humanos, justiça, meio ambiente, mulheres e infância

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