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"Na Sala da Corrupção": dossiê expõe crimes e horrores de Fujimori e Montesinos no Peru

Documento detalha ainda ações do alto comando militar peruano, que defendia uma soberania nacional baseada em uma rede de corrupção
Héctor Vargas Haya
Prensa Latina
Lima

Tradução:

No sexto volume do dossiê de 801 páginas denominado “Na Sala da Corrupção“, são relatadas as horríveis histórias de roubos e crimes perpetrados pela sinistra dupla Alberto FujimoriVladimiro Montesinos, durante a década de 1990-2000.

A ata de 13 de março de 1990 revela a humilhante atuação do “alto comando” das Forças Armadas e de 400 chefes e oficiais, que em repugnante cena presidida por Vladimiro Montesinos, arquivaram disciplinadamente, sem dúvidas ou mexericos, a assinatura da ata de adesão e submissão à autocracia da década 1990-2000.

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No pódio estão Montesinos e os generais e almirantes Carlos Tubino, Julio Salazar Monroe, José Villanueva Ruesta, César Saucedo Sánchez, Elisbán Bello Vásquez, Humberto Rosas Benzelli, Fernando Dianderas Ottone.

Em seguida, aparece a longa fila de soldados, chefiada por generais e almirantes, incluindo os chefes J. Venero, Victor Malca Villanueva, Hermosa Ríos, Jorge Camet, Luis Guiampietri, José Huerta, Wilmer Calle Rendón, Carlos Tafur Ganoza, Pablo Carbone Ormeño, Armando Santisteban de la Flor, Elmer Calle, Carlos Tubino e outros, membros do alto comando militar, em cujas mãos estava a “defesa da soberania nacional”, mas, naquela época, era a “soberania” da mais sinistra rede de corrupção e crime.

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É difícil acreditar no que é referido e fielmente retratado nas páginas daquele volume histórico, a prática das mais inimagináveis ações criminosas de uma dupla que teve a capacidade de anestesiar os mais altos comandos das instituições armadas, cujos integrantes, com alguma exceção, como a do galante general Jaime Salinas Sedó, que, em atitude patriótica de decência, em 13 de novembro de 1992, liderou um contragolpe contra a autocracia de Fujimori para retornar à vida democrática civilizada, mas acabou perseguido e preso, junto com alguns outros patriotas.

Documento detalha ainda ações do alto comando militar peruano, que defendia uma soberania nacional baseada em uma rede de corrupção

Infobae
Montesinos (à esquerda), sujeito de grande inteligência e habilidade, mas para pior, tinha um poder incrível dentro das Forças Armadas




Quem sempre vence

Como sempre, nesta República sofrida, venceram os imorais e ladrões, aqueles que, demonstrando vocação submissa e capacidade de rebanhos, e, em sinal de submissão, permitiam o chamado “pentagonito”, assim batizada a sede da FF.AA., foi convertido em sede das operações de Montesinos; nela despachava e mantinha reuniões com militares subornados, parlamentares, juízes, empresários, donos da mídia. Cerca de dez cofres guardavam grandes volumes de notas de dólar com as quais ele pagava suas vítimas voluntárias.

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A questão do rigor é, sem dúvida, qual foi a origem dos milhões que ele distribuiu? Não se deve esquecer que Fujimori, manu militari, procedera, fria e pectore, à alienação do patrimônio nacional, ou seja, à venda subvalorizada de 238 empresas estatais, das quais nove bilhões de dólares só entraram no Tesouro seis bilhões, sem que ninguém pensasse em pedir uma conta e descobrir o destino dos três bilhões restantes, que sem dúvida foram a fonte dos múltiplos roubos da sinistra dupla.

Montesinos, sujeito de grande inteligência e habilidade, mas para pior, tinha um poder incrível dentro das Forças Armadas, que, aliás, ele conhecia perfeitamente bem, pois fôra militar do Exército, chegou ao posto de capitão e renunciou, como ele alegou, desapontado. Conhecia então, perfeitamente, o comportamento daqueles a quem passou a dominar com grande facilidade.

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Uma obra bibliográfica sensacional, meticulosamente escrita e best-seller de escritoras britânicas: Sally Bowen e Jane Holligan. Título da obra: “The Imperfect Spy”, narra em grande detalhe a sinistra história que ficou inédita e para cuja publicação bem-sucedida receberam a colaboração do Fund for Investigative Journalism, de Washington D.C.

Este é o relato mais completo e detalhado de uma teia tão sinistra tecida por uma máfia da qual, incrivelmente, por via de herança fatal, resultou uma organização dita “política criminosa”, que alicia seguidores aparentemente incondicionais, fenômeno que não ocorre em nenhum lugar do Universo.

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Algo que merece ser examinado é a atitude calculada de Montesinos, é sua cuidadosa vocação para registrar, meticulosamente, em gravações, fotografias e telas de televisão, subornos e imagens, nomes e sobrenomes de impostores venais, de todas as categorias: políticos, juízes, radialistas, empresários, chefes militares, generais e marinheiros, membros da fauna criminosa que embolsavam maços de notas de dólar, acreditando alegremente que estavam procedendo, como de costume, no conhecido segredo de Estado.

Não contavam com a astúcia do corruptor capo, que, a tempo de simular amizade, adotava meticulosas precauções deixando depoimentos sobre os desertores da moral, respingos com pergaminhos, diplomas, graus e alcunhas.

Héctor Vargas Haya | Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava


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