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No Fórum de São Petersburgo, Putin anuncia: "Sistema neocolonial deixou de existir"; confira

O presidente russo também fez declarações sobre o fracasso da contraofensiva ucraniana, relações globais e consolidação do mundo multipolar
Redação Resumen LatinoAmericano
Resumen LatinoAmericano
Moscou

Tradução:

O presidente russo, Vladimir Putin, pronunciou-se nesta sexta-feira (16), durante sua intervenção no XXVI Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, sobre a contraofensiva ucraniana, ressaltando que Kiev não é capaz de “conseguir seus objetivos em nenhum dos setores” da frente.

“O que acontece com a chamada contraofensiva? Em algum lugar, as unidades ucranianas conseguem chegar à primeira linha, em outro, não”, comentou o mandatário. “Esta não é a questão. A questão é que utilizam as chamadas reservas estratégicas, que contam com vários componentes. O primeiro está projetado para romper a defesa, o segundo, para usar as tropas para avançar pelo território”, explicou.

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De acordo com suas palavras, as Forças Armadas da Ucrânia sofrem perdas “muito grandes” em comparação com o Exército russo. Além disso, diariamente aumenta a destruição de seu equipamento militar: 186 tanques e 418 veículos blindados de diferentes tipos já foram liquidados pelos soldados russos. “Repito: o importante é que não há êxito em nenhuma das direções“, reiterou Putin.

Putin afirmou que os países ocidentais estão fazendo todo o possível para garantir que a Rússia sofra uma derrota estratégica no campo de batalha, fornecendo à Ucrânia abundância de armamento. No entanto, Kiev não poderá lutar muito tempo dependendo de armas que provêm do estrangeiro; aliás, estão se esgotando também seus próprios equipamentos.

Moscou, em troca, está aumentando a produção armamentista nacional, explicou. “Multiplicamos a produção por 2,7 e por 10 nas áreas mais requisitadas”, disse, precisando que as fábricas funcionam em dois ou três turnos e algumas trabalham “tanto de dia como de noite”.

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O mandatário russo acrescentou que agora as forças ucranianas estão tentando avançar em várias direções, entre elas a de Zaporíjia, com ajuda de equipamento pesado. Mas “penso que as Forças Armadas da Ucrânia não terão possibilidades” de êxito, afirmou.

No dia (13), o presidente russo disse que as perdas militares das Forças Armadas da Ucrânia durante sua contraofensiva “são quase catastróficas”. Ele indicou ainda que enquanto a porcentagem de perdas irreparáveis durante as hostilidades costuma ser de 25-30%, os ucranianos tiveram 50%.

O presidente russo também fez declarações sobre o fracasso da contraofensiva ucraniana, relações globais e consolidação do mundo multipolar

Ramil Sitdikov / Sputnik
O fórum, ocorrido entre os dias 14 e 17 de junho, contou com a participação das delegações de mais de 100 países de todo o mundo




“O mau sistema internacional neocolonial deixou de existir”

O sistema neocolonial “deixou de existir”, afirmou o líder russo. “As leis do mercado funcionam com mais força do que a situação política atual, o que significa que o intrinsecamente mau sistema neocolonial deixou de existir, enquanto o mundo multipolar, pelo contrário, está se consolidando”, declarou.

“Grande ofensiva” da Ucrânia contra Rússia fracassa e país sofre perdas catastróficas

O mandatário russo referiu-se às recentes mudanças políticas e como seu país se adequou a elas. “A Rússia não só tem sócios e amigos, como também detratores nos mercados mundiais. Estes não querem competidores, de modo que tentam ‘anulá-los'”, afirmou.

No entanto, destacou que a Rússia participou e continuará participando da economia mundial. “Apesar de todas as dificuldades do ano passado, não optamos pelo auto isolamento. Pelo contrário, ampliamos nossos contatos com sócios confiáveis e responsáveis nos países e regiões que agora são os motores e propulsores da economia mundial”, lembrou.

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E ainda, o volume do comércio mútuo entre a Rússia e outros países aumentou consideravelmente, especialmente com os Estados “cujos dirigentes resistem com frequência à torpe pressão exterior e não se guiam por estranhos, e sim por seus próprios interesses nacionais”, destacou Putin.


“A Rússia começou há muito tempo a reorientar-se para os mercados da Ásia, América Latina e África”

O presidente da Rússia também mencionou a reorientação do país para os mercados da Ásia, América Latina e África, “muito antes” do conflito na Ucrânia. Isto se deve a que “as tendências da economia mundial estão mudando”, assim como também os “novos líderes”, explicou.

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“A taxa de crescimento do volume de negócios comerciais entre a China e os países da eurozona é maior que a taxa de crescimento de nossas relações comerciais com a China”, observou Putin. “Quando ouço: ‘vão depender da China’… E vocês, não? Já faz muito tempo que se tornaram [dependentes da China]”, continuou.

“Temos boas relações, não só de boa vizinhança, com a China, Índia e outros países” que estão se “desenvolvendo em um ritmo rápido”, como a Indonésia, um país com um “grande mercado”, afirmou Putin.

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Quanto à América Latina, afirmou que “agora está se desenvolvendo e continuará se desenvolvendo”, ao mesmo tempo que afirmou que “há grandes oportunidades na África”.

“Todas as tentativas de limitar artificialmente [o desenvolvimento dos países] levam a que aqueles que introduzem estas restrições comecem a sofrer delas em maior medida”, acrescentou. “Isto não pode nos agradar, mas não leva nem levará a que ocorram circunstâncias que obstaculizem nosso desenvolvimento”, enfatizou o mandatário russo.


“Mantivemos a estabilidade de nossa economia”

Durante o discurso na sessão plenário em São Petersburgo, Putin também falou da evolução da situação econômica no país eurasiático, em meio à crescente pressão do Ocidente. Lembrou que o segundo trimestre do ano passado foi “o mais difícil para a economia” russa, mas depois a estratégia escolhida pelas autoridades e empresas russas funcionou muito bem.

Assim, segundo o líder russo, as tendências macroeconômicas estão ganhando impulso. Informou que o PIB do país cresceu 3,3%, enquanto o desemprego situa-se em 3,3%, “a taxa mais baixa da história do país”, e a inflação é inferior à de muitas nações ocidentais e se aproxima de seu mínimo, de 2,9%.

Indicou que no ano passado prognosticaram no estrangeiro que “a economia russa se tornaria uma economia fechada”, mas as autoridades do país optaram por “expandir o espírito empresarial e, como a prática demonstrou, fizeram absolutamente o que era correto”. “Graças aos esforços conjuntos de empresários, grandes, médias e pequenas empresas, com a participação ativa das autoridades, mantivemos a estabilidade de nossa economia“, afirmou.

O mandatário acrescentou que a economia russa “sai da espiral do petróleo e do gás”. Revelou que houve um crescimento de 9,1% da renda não procedente do petróleo e do gás, entre janeiro e maio de 2023.

De acordo com Putin, “o impulso do negócio russo é substituir as multinacionais” que não puderam resistir à forte pressão política do Ocidente. Destacou que cada vez mais há informação de que algumas empresas buscam voltar à Rússia.

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“Se os produtores estrangeiros querem voltar ao nosso mercado, e cada vez ouvimos falar disso com mais frequência, não fechamos nossas portas para ninguém. Ninguém teme concorrência. Sabe-se que é o motor do progresso e do comércio. Criaremos as condições necessárias para funcionarem na Rússia. Mas, sem dúvida, levaremos em conta o comportamento particular de alguns destes sócios para o futuro“, disse, mas indicando que as autoridades russas, por seu lado, “sempre porão em primeiro plano os interesses das empresas nacionais”.


Pressão ocidental

Ao falar da pressão ocidental, o mandatário russo afirmou que algumas nações “simplesmente não querem que outros países do mundo tenham uma alternativa para seus aviões, navios, medicamentos, sistemas bancários, tecnologia e outros bens e serviços”. Ressaltou que estes atores do mercado “não precisam de concorrentes” e, por isso, “tentam suprimir os novos centros de desenvolvimento, tratando de anulá-los”. E acrescentou: “No entanto, tais tentativas fazem com que os países ocidentais cancelem sua própria reputação empresarial”.

Também comentou o congelamento dos fundos de cidadãos russos por parte dos países ocidentais, enfatizando que se trata de uma “violação de todas as normas de sua própria legislação e do direito internacional”. Afirmou que já disse repetidas vezes que “a situação em que se obtêm recursos na Rússia, que depois são depositados em contas estrangeiras, implica em riscos inaceitáveis evidentes”.

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Enquanto isso, assegurou que a Rússia, por sua vez, “participou e participará da economia mundial”, e que apesar do comportamento politizado dos países ocidentais, os dirigentes de alguns Estados não sucumbem a esta pressão, razão pela qual o comércio mútuo com eles aumenta e se fortalece.

Ramil Sitdikov / Sputnik 

O fórum, ocorrido entre os dias 14 e 17 de junho, contou com a participação das delegações de mais de 100 países de todo o mundo. Este ano, o tema principal do evento foi “Desenvolvimento soberano, a base de um mundo justo. Unamos esforços pelo bem das gerações futuras”.

Os participantes do SPIEF destacaram que os países veem o fórum como uma excelente plataforma para estimular seu desenvolvimento com o apoio da Rússia. Assim, o evento — que acolheu delegações de mais de 20 países do Caribe e da América Central e do Sul, entre eles Argentina, Brasil, Venezuela, Cuba e México — adquire uma especial importância para os países latino americanos.

Resumen Latinoamericano e Russia Today
Tradução: Ana Corbisier


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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