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Ondas de calor extremo e inundações são novo normal, diz Organização Meteorológica Mundial

A OMM faz um balanço dos últimos sete anos, inclusive o atual, no qual se assevera que se vive a época mais quente da história e com maior concentração de gases de efeito estufa
Armando G. Tejeda
La Jornada
Glasgow

Tradução:

A concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, a emissão sem trégua de dióxido de carbono e o aumento da temperatura no planeta está provocando uma mudança muito profunda na clima, assinala a Organização Meteorológica Mundial (OMM) em um informe que conclui: a “nova normalidade” agora são as ondas de calor extremo em todo o mundo, as inundações e os desastres naturais, cada vez mais graves. 

A OMM faz um balanço dos últimos sete anos, inclusive o atual, no qual se assevera que se vive a época mais quente da história e com maior concentração de gases de efeito estufa. Uma mistura que tem convertido a terra em um “território inexplorado” e que se deve à tendência continuada de aumento das temperaturas.

Além disso, a OMM adverte que o aumento no nível do mar tem se acelerado desde o ano de 2013, o que faz supor que na atualidade o fenômeno do aquecimento do oceanos e sua acidificação continue sendo produzido. 

O informe está elaborado através de múltiplas agências das Nações Unidas (ONU), assim como das associações de meteorologia e hidrologia e de numerosos cientistas especialistas na matéria. 

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Outra das conclusões que mais chama a atenção no informe, que foi apresentado este domingo em Genebra para fazê-lo coincidir com o início da Cúpula Climática de Glasgow (COP26), é que os impactos destas alterações no clima provocam uma insegurança alimentar grave e latente e o deslocamento de muitas pessoas, devido sobretudo às catástrofes naturais – incêndios, ondas de calor, inundações.  

A OMM faz um balanço dos últimos sete anos, inclusive o atual, no qual se assevera que se vive a época mais quente da história e com maior concentração de gases de efeito estufa

Juntos Pela Água
A OMM faz um balanço dos últimos sete anos, inclusive o atual, no qual se assevera que se vive a época mais quente da história e com maior c

António Guterres, secretário geral da ONU explicou em um vídeo publicado na apresentação do informe, que ele “revela as evidências dos cientistas e mostra como o planeta está mudando diante dos nossos olhos”. Desde os oceanos mais remotos até as montanhas mais altas, desde os glaciares mais imponentes até os ecossistemas e comunidades mais variadas ao redor do mundo. O mundo está sendo devastado. A COP26 deve supor um ponto de inflexão para as pessoas e para o planeta”, explicou. 

Entre os exemplos citados pelo informe está o que destaca que por primeira vez choveu em lugar de nevar nos picos da Groenlândia; ou que uma onda de calor no Canadá e no norte dos Estados Unidos alcançou cerca dos 50 graus Celsius, segundo foi registrado em uma vila da Colúmbia britânica. Ou que o Vale da Morte, na Califórnia, registrou temperaturas de até 54,4 graus Celsius e que algo parecido ocorreu em algumas paragens dos países do Mediterrâneo. “E o calor excepcional veio acompanhado de incêndios devastadores”, alerta o informe. 

A OMM adverte que cerca de 90 por cento do calor acumulado na Terra é armazenado no oceano, mas acima de 2 mil metros de profundidade o oceano continuou esquentando em 2019 e chegou a um novo recorde que de novo foi superado em 2020. O oceano absorve aproximadamente 23 por cento das emissões antropogênicas de CO2 à atmosfera e está se acidificando. Ainda mais, o pH da superfície do oceano reduziu-se nos últimos 40 anos até alcançar seu nível mais baixo nos últimos 26 mil anos. Se o pH do oceano decrescer, também o fará a sua capacidade de absorver CO2 da atmosfera, assevera a OMM. 

Outros casos: chuvas devastadoras e inéditas na China e na Europa, que provocaram perdas e danos por bilhões de dólares, ou que a redução do caudal dos rios na zona tropical do sul da América causou um dano profundo na agricultura, no transporte e na produção de energia. 

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O nível do mar, que aumentou 2,1, milímetros anuais entre 1993 e 2002, subiu 4,4 milímetros anuais no período 2013-2021, ou seja com o dobro da rapidez e isto contribui para que a perda de massas de gelo e de glaciares se acelere, agrega a OMM. 

O secretário geral da OMM, Petteri Taalas, responsável pelo informe, o resumiu em uma conclusão: “Os eventos climáticos mais extremos são a nova normalidade”. E que há muitos cientistas que constataram a evidência que esses atos descontrolados da natureza são fruto da mudança climática induzida pela pegada do homem. 

O informe expõe de que forma nos últimos dez anos, os conflitos, os fenômenos meteorológicos extremos e as crises econômicas incrementaram tanto sua frequência como sua intensidade e alerta de que todos estes efeitos combinados se exacerbaram com a pandemia da Covid-19, incrementando a fome e a insegurança alimentar, em particular em países como a Etiópia, o Sudão do Sul, Yemen e Madagascar.

Armando G. Tejeda, Enviado de La Jornada, Glasgow

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Armando G. Tejeda Mestre em Jornalismo pela Jornalismo na Universidade Autónoma de Madrid, foi colaborador do jornal El País, na seção Economia e Sociedade. Atualmente é correspondente do La Jornada na Espanha e membro do conselho editorial da revista Babab.

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